Porta-Aviões
Liaoning, completamente operacional e armado, literalmente, "até os
dentes"
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Milton Pires
A ausência, a falta de uma cobertura
adequada sobre o que está acontecendo na Venezuela tem levado as pessoas na
internet a publicar os mais impressionantes absurdos. Não fosse Graça Salgueiro
e o genial trabalho desenvolvido pela Rádio Vox, os brasileiros ficariam
restritos a uma ou outra chamada do Jornal
Nacional e demais veículos da “Imprensa do B” para saber o que está
ocorrendo naquele país.
Não cabe a mim, que jamais estive na
Venezuela e tampouco na Colômbia, escrever sobre o que está acontecendo lá.
Quem quiser saber em primeira mão o que ocorre naqueles países precisa seguir o
Nota Latina, blog da Graça, e escutar a Rádio Vox.
Minha intenção aqui é simplesmente fazer
algumas observações, sem ser especialista em geopolítica, sobre eventuais
respostas dos Estados Unidos e da República Popular (China) no que diz respeito
à essa crise toda.
Envolvida numa situação em que o crescimento econômico supera de muito longe
o consumo, a China hoje comporta-se de maneira inversa ao Brasil (consumo
superando esmagadoramente o crescimento) e tem como principais preocupações –
do ponto de vista internacional
– a eterna crise na Península Coreana e os constantes exercícios militares que
os EUA fazem naquela região com seus aliados do Sul.
Recentemente, a China estabeleceu
uma "zona dedefesa aérea" sobre ilhas que o país disputa com o
Japão - que Pequim chama de Diaoyu e Tóquio de Senkaku -, elevando a tensão na região do Mar da China Meridional.
O governo chinês passou a exigir o envio de
planos dos voos que passassem pela região, a abertura de canais de comunicação
de rádio e a clara identificação da nacionalidade de cada aeronave e conta
agora, naquela região, com o porta-aviões Liaoning, que entrou em serviço na
Marinha do Exército de Libertação em 25 de dezembro de 2012.
Originalmente Pertencente a Classe
Kuznetsov, ele foi construído pela União
Soviética para servir em sua marinha.
Era conhecido como Riga e foi lançado a 4 de Dezembro de 1988,
sendo renomeado para Varyag (Varangiano)
no final da década de 1990,segundo um famoso cruzador russo. Uma
companhia turística chinesa comprou o navio
com a desculpa que ele seria transformado em cassino flutuante... A foto acima mostra o
resultado final.
É absurda a informação que circula na
internet, e que eu mesmo apresentei no Blog Ataque Aberto, segundo a qual
soldados chineses estariam a caminho da Venezuela. Não há qualquer fundamento
para se acreditar num fato que, sendo verdadeiro seria, sem dúvida alguma,
noticiado pelos canais oficiais tanto da China quanto dos Estados Unidos.
Lembro porém, que acordos de cooperação
foram fechados entre os dois países. Maduro esteve na China em setembro de 2013
em viagem celebrada pelo próprio portal Vermelho.org (que se autodenomina o
“portal da esquerda” no Brasil) e não há dúvida de que a compra de material militar foi incluída nas
negociações. A presença de consultores, não soldados, chineses na Venezuela é
portanto algo, aí sim, perfeitamente plausível.
Em relação aos EUA, não há dúvida de que
Washington sabe perfeitamente o que está acontecendo mas, tenhamos certeza,
pouco lhe interessa um envolvimento no sentido de “defender por questões
humanitárias” o povo venezuelano. Os EUA só pensariam seriamente numa
intervenção no momento em que a disseminação da “Revolução Bolivariana” por
todo continente passe a significar uma ameaça inquestionável a sua segurança
nacional ou represente uma perda intolerável em termos econômicos nos seus
negócios com a região.
Por enquanto, nenhuma dessas duas situações
ainda se apresentou. Nesse contexto, tropas da República Popular na Venezuela
seriam, para os americanos, o equivalente à crise dos mísseis em Cuba e, aí
sim, eu não tenho dúvida de que haveria resposta americana em termos de
deslocamento militar.
Uma eventual retaliação militar americana
ao que está acontecendo na América do Sul seria protagonizada pela Quarta Frota
da Marinha dos Estados Unidos – Frota do Atlântico Sul – e até agora não existe
evidência alguma de que isso tenha acontecido ou esteja próximo de acontecer.
Enquanto esperamos,
ficamos todos mergulhados nesse mar de desinformação, nesse telefone sem fio em
que, em 2014, um país do tamanho do Brasil depende do twitter para saber o que
está ocorrendo bem ao seu lado.
Milton Simon Pires é Médico.
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