Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Henrique Abrão
O Brasil agora, definitivamente, precisa ensinar à cada
cidadão o caminho fantástico de saber surfar, depois de dois títulos mundiais,
com nosso futebol em decadência, enlameado pela corrupção dos dirigentes, as
contraondas não favorecem tanto à sociedade civil.
De início como explicar que a incalculável arrecadação
produza um déficit público superior a 2,5 trilhões de reais, que nossos
governantes se deleitam em receitas, tributos, contribuições diretas ou
indiretas, e agora tentam acelerar o processo de cobrança da dívida ativa, pelo
caminho da execução fiscal, a qual deita raízes na ultrapassada Lei 6830/80.
Estamos surfando na contraonda e as chances de afogar e
afundar são bem maiores. Fácil explicar o raciocínio, o estado brasileiro é
perdulário, desonesto e somente mostra a sua cara às vésperas da eleição, mediante
propaganda obrigatória do horário gratuito. E tanta arrecadação o que produz? Ruas
esburacadas,verdadeiras crateras, faróis sem funcionar, a mínima chuva resulta
máximos problemas, algo de muito errático acontece na realidade brasileira.
A terra da impunidade em 2015 aprendeu que cadeia também
se presta ao colarinho branco, grandes empreiteiras, e políticos de peso. A
chacoalhada dada pelo exemplar e zeloso trabalho feito em Curitiba, portanto, migrou
sua qualidade e técnica para o próprio STF quando prendeu um senador e outro
banqueiro, soltando o último, por não haver mais provas que atrapalharia as
investigações.
Enquanto a recessão bate no fundo do poço, a cidadania
grita desesperada pela perda do poder aquisitivo, fechamento de mais de 150 mil
micro e pequenas empresas, e mais de uma centena de pedidos de recuperação
envolvendo grandes empresas, fato inédito desde a vigência da Lei 11101/05.
Na contramão da história, nossos governantes pretendem se
perpetuar no poder e ganhar mais fôlego em quaisquer momentos, ou em alianças, aluguel
de legendas e demais atividades que lhes favoreçam. O mundo conturbado e
turbulento do cenário nacional demonstrou em 2015 uma situação extremamente
complexa, de produto interno bruto negativo e perda sucessiva do grau de
investimento.
Nada de animador exceto a criação do sentimento da
cidadania e abertura para que novos partidos se estruturem em detrimento da má
qualidade dos políticos que não fazem a diferença. Em qualquer caminho que
procuramos desbravar a realidade é negativa e a mudança dependerá da força de
qualquer pessoa consciente dos problemas e de suas agruras.
Os jogos olímpicos serão realizados, as obras estão quase
findas, mas os serviços públicos no RJ são calamitosos, precários e colocam em risco
de morte a população. Qual a razão de serem gastos bilhões com obras públicas e
os serviços básicos essenciais carentes de recursos e
situação de penúria. A arrecadação é crescente e
progressiva e a recessão maior ainda, como sair dessa encruzilhada, exceto com
investimento na produção, redução dos impostos e atração de capital
estrangeiro?
O mundo assiste perplexo a violência e desmandos
generalizados, a Europa se fecha para os refugiados, as eleições nos EUA darão
o novo rumo da história, e fundos e mais fundos internacionais fazem o black
friday na bacia das almas. Em outras palavras com o dólar em alta e o euro mais
ainda, as empresas brasileiras perderam 150 bilhões de
reais no mercado de capitais, uma fuga incomum em todos os cantos da
globalização.
E o Brasil não pode se furtar à concorrência, competição, deve
seguir o mesmo caminho da Argentina e do Chile, abandonando as premissas
maquiavélicas da Venezuela e republiquetas que impingem migalhas em detrimento
de melhorias. Mediocridades e miserabilidade, em suma, tudo que se observa nos
últimos anos no País, e sem uma mudança dessa
matriz, continuaremos a ser dominados como uma Nação
subdesenvolvida a serviço de interesses escusos de políticos pouco habilidosos
e nada aptos ao sabor das transformações mundiais.
E devemos encarar de frente o ano de 2016 para cessarmos a
escalada de surfar na contraonda da história, pois os resultados além de
canhestros têm sido dolorosos e demonstram que é inadiável a ressuscitação da
economia, do crescimento e qualidade do desenvolvimento, já que a classe
política continua a teimar em querer a fazer do Brasil o quintal de uma
pseudodemocracia.
Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP com
Especialização em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.
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