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Por Arnaldo Jabor
A mão de Marinho embolsa três mil
reais. Lula e Dilma sujam as mãos de petróleo (em todos os sentidos). A mão de
Marinho apontando para o mensalão. Jefferson cantando ópera. Jefferson e Dirceu
em duelo no Congresso: “Sai, Dirceu”. Lula dá entrevista em Paris sem saber de
nada.
Erenice Guerra ri com todos os dentes
na Casa Civil. Carlos Lupi, ex-faxinado, beija a mão de Dilma : “Eu te amo,
Dilma!”. O olho roxo de Jefferson. Mantega sorrindo: “Temos uma nova matriz
econômica”. Flash para a frente: 11 milhões de desempregados marcham pelas
caatingas e pampas. A refinaria de Pasadena, lata velha enferrujada com
dístico: O Petróleo é Nosso (i.e. do PT). A folha de papel que Dilma não leu —
preço: 1 bilhão e duzentos milhões de dólares. Outras refinarias: Abreu e Lima
(de oito para 20 bilhões), sócia do Chávez, que deu calote. Rosto do “cumpanheiro”
Chávez no imenso retrato que Maduro deu a Dilma. Passarinho canta no ouvido de
Maduro. Um Land Rover novinho com a estrela do PT. O jardim do Alvorada com
estrela do PT. O substantivo inventado para o povão entender: presidenta.
Joaquim Barbosa dá porradas na trêmula figura de Lewandowski. Delúbio fazendo o
V da vitória. Bolsonaro faz saudação fascista. André Vargas, Dirceu, Genoino
fazem a saudação comunista. Marco Aurélio Garcia bate as mãos fechadas para a
oposição, toc toc toc. A deputada Angela Guadagnin do PT dança rock na Câmara.
A cara de profunda seriedade de Delcídio do Amaral na CPI dos Correios. A cara
de Delcídio em desespero dentro do banheiro, arrependido, se esbofeteando no
espelho. Os cabelos brancos de Delcídio, os negros cabelos de Lobão organizando
o Eletrolão, que vem aí. O penteado da Dilma, crista de galo trêmula sobre seus
olhos luzindo de delirantes certezas absolutas. Dilma emagrecendo sem parar —
fome zero? Dilma andando de bicicleta com capacete de frango da Sadia na imensa
solidão de Brasília. Lula com chapéu de cangaceiro dançando xaxado, sem saber
de nada, nunca. Lula na alegria roceira das festas caipiras obrigatórias, com
ministros constrangidos de chapéu de palha. Duzentos mil dólares rolam de
dentro de uma cueca. “Essa cueca não é minha! Só uso zazá!” Rui Falcão e seu
triste rosto com saudades dos bons tempos soviéticos. Stédile berrando: “Façam
filhos; eles vão conhecer o socialismo!”. MST arrasa agroindústria — a alegria
de mulheres de rosto tapado destruindo laboratórios. Foto do passado: mão de
petista planta “vassoura-de-bruxa” em Ilhéus e acaba com a “reacionária
produção de direita” de cacau. Corpo caído de Celso Daniel que, conforme versão
oficial, suicidou-se. Oito testemunhas do suicídio de Daniel mortos um a um. Frase
de Trotsky: “Quem disse que a vida humana é sagrada?”. Coincidência. As
carantonhas de negaças: “Não, não fui eu, mentira indigna, minha honradez, meus
filhos, são aleivosias contra minha vida sem mácula, nunca, jamais”. Nunca
ninguém assumiu nada. Quando veremos um cara berrar: “Sim, eu sou um canalha!”.
Só o herói Jefferson o fez, salvando o Brasil. Brasília é um santuário,
deputados pendurados na catedral, junto aos anjinhos de Ceschiatti. O rosto de
Dirceu envelhecendo em slow motion — pena do Dirceu. Rosemary Noronha deita a
cabeça no ombro de Lula, que não viu nada — “quem será essa mulher com a cabeça
no meu ombro?”. Maluf abraçado em Lula passa a mão carinhosamente no rosto de
Haddad. Dilma se abraça com Collor. Um Lamborghini amarelo flutua sobre os
jardins da Casa da Dinda. A barriga imensa do Ricardo Pessoa da UTC rolando em
Brasília, a corrupção estampada na roupa e na barriga, conduzido pelo japa
bonzinho.
Os rostos pálidos dos denunciantes,
eles mesmos impressionados com a bacanal que promoveram no país. O olho de
Cerveró girando em busca de nosso futuro caolho. A progressiva evidência de que
não há inocentes; todos são cúmplices. Políticos de cuecas nas bacanais na casa
da mãe Joana, com a cafetina ameaçando: “se algo me acontecer, as agendas serão
abertas...”. Os sobrinhos de Lula, os amigos dos filhos de Lula, os pedalinhos
de Lula, as escrituras laranjas de Lula. E as pedaladas de bilhões? Grandes
propinas seguem a máxima famosa de Quércia: “dez por cento é pra garçom”. O
pobre Joaquim Levy, vagando como um padre triste tentando organizar o
orçamento. O ousado chiclete na boca de Monica Moura (Santana), sorrindo e
mascando com a certeza de que nunca iria em cana. Foi. A foto de Lula no
apartamento tríplex, discutindo a decoração com Leo Pinheiro, presidente também
da nova ala da empresa: “OAS — Casa e Decorações”. Pátios de indústrias
fechadas, balcões vazios. Temer à beira de um buraco de 170 bilhões de reais,
com o Cunha agarrado no seu pé. As sete vidas de Eduardo Cunha, mandando na Câmara
de longe, com sua extraordinária personalidade, que é caso para estudos
clínicos de psicopatia. Imensas latas de carne enlatada que Cunha vendeu na
Suíça, de porta em porta. Cunha e a importância para historiadores do futuro
por seu grande mérito: sintetizou, escrita no próprio corpo, a história da
trágica chanchada brasileira. Cunha chegará ao argumento final de defesa: “Eu
não sou eu!”. Panelas batendo. A bunda da miss Bumbum sambando no Ministério do
Turismo. Será que fazem de propósito para nos escandalizar? E a incrível
invasão dos pixulecos, a maior dor para o narcisista Lula, que sempre sonhou
com sua ex-imagem futura perfeita e que hoje pode ir em cana.
E os palavrões sonoros nas escutas? E
o papelzinho para nomear Lula para a Casa Civil? E a emocionante dedicação, a
ardorosa defesa que José E. Cardozo fez da presidenta em agonia? E Lula, no
discurso da saída de Dilma, ao fundo, imperceptível, quase tapando a cara para
não ser visto?
E tudo culmina na imagem de um imenso
bigode atrás do qual se pendura um ogro medieval, a patética figura de nossa
ignorância secular: o brasileiro real Waldir Maranhão.
Será que dá para salvar alguma coisa,
ou nosso destino é realmente o brejo? Que será que vai nos acontecer?
Provavelmente, nada. E minha vida vai passando... Ainda bem que vou morrer um
dia e não verei mais essa merda.
2 comentários:
Retratos de uma agonia....
Será que é surto coletivo, um efeito colateral do que somos e tudo isso pra chegar a conclusão que o melhor eramos ter ficado como índios há 500 anos, livres, leves e soltos...eramos felizes e não sabíamos
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