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Por Carlos I. S. Azambuja
O que é o Leninismo, distinguindo-o
do simples Marxismo? É uma doutrina de força absoluta e violência, com o
objetivo de implantar uma ditadura de classe. Lenin, em 1920, definiuditadura da
seguinte forma: “No conceito científico, ditadura, significa, nem mais nem
menos, o Poder ilimitado, repousando inteiramente na violência sem limite e sem
ser restringido por qualquer lei ou regras absolutas. Nada mais que isso”. É
por isso que o chefe da Cheka (antecessora do KGB), Felix Dzerhinski, disse, em
seu primeiro discurso: “Não pensem que estou à espreita de formas de justiça
revolucionária. Não temos necessidade de justiça agora”.
A perseguição de Lenin aos revolucionários
sociais, que no final de contas estavam trabalhando para os mesmos fins, estava
baseada na idéia de Karl Marx da necessidade da ditadura e da violência, que
por sua vez se fundamentava na decepção pessoal de Marx pelo insucesso da
Revolução de 1848. Assim, pois, ele considerava a perseguição e a prisão sem
restrições dos social-democratas, como uma necessidade para a salvação da
revolução. Quando, nas eleições de novembro descobriu que os bolcheviques
estavam em minoria (bolcheviques, 9 milhões; revolucionários sociais, 20
milhões; num total de 36 milhões) e rejeitou o pedido dos ferroviários em prol
de um governo de coalizão, 5 membros do Comitê Central pediram demissão e 11
dos 15 Comissários do Povo predisseram o “estabelecimento de um regime
irresponsável”.
No Leninismo estavam presentes os
seguintes elementos:
- detenções desumanas e
aprisionamento dos socialistas não bolchevistas e dos líderes dos lavradores
(1918-1922);
- Repressão aos Sindicatos (“Todo
este inútil sindicalismo deve ser atirado na lata de lixo” - Lenin);
- Proibição de greves (1920, 1921,
1922 e Congresso do Partido);
- Direção central das fábricas (1921);
- Tiroteio contra trabalhadores
desarmados (10 de janeiro de 1918);
- Subjugada a rebelião de
trabalhadores e marinheiros (Kronstadt, 1921);
- O princípio de manter famílias como
reféns (Rebeldes de Kronstadt, 1921);
- Atribuir a greve dos trabalhadores
ao “trabalho dos intervencionistas coligados e dos espiões franceses”
(1921);
- Opressão da Oposição Trabalhista e
exigência de cessação de toda oposição dentro da liderança do Partido (1921);
- Exílio para a Sibéria e trabalhos
forçados àqueles que forem ”reconhecidos como perigosos para a estrutura
soviética”.
Desse modo Stalin teve muito com o
que se guiar quando quis basear-se no “marxismo-leninismo”. A real contribuição
do Stalinismo, distinguindo-se do marxismo-leninismo, consistiu em reforçar a
unidade do Partido e o assassinato de toda oposição, o que Lenin não cometeu.
Kruschev denunciou o Stalinismo, mas manteve os princípios do Leninismo.
Em suma, o Leninismo encarava o
terror como uma medida necessária durante o período da revolução, na
expectativa de uma sociedade sem classes, que logo surgiria. O Stalinismo
olhava o terror como uma medida permanente “depois que o socialismo fosse concluído”.
Há também aí uma diferença essencial: Lenin matou todos os seus inimigos;
Stalin todos os seus amigos.
Há também uma diferença entre
stalinismo e Alcaponismo: ambos assassinavam os cúmplices de seus crimes, mas
Stalin foi mais longe e assassinou seus colaboradores de confiança – Yagoda,
Yezhov – e amigos de toda a vida – Yenikdidze, Orjonikidze -, o que Al Capone
nunca fez.
O marxismo não admite o papel do
indivíduo. O Comitê Central negou formalmente que tivesse sido o trabalho de
uma só pessoa sua revolução de 30 de junho de 1956, depois da denúncia de
Kruschev: “Imaginar que uma só personalidade, mesmo tão proeminente como a
de Stalin pudesse mudar toda a nossa ordem política e social, significaria
entrar em profunda contradição com os fatos, com o marxismo e com a
verdade...”.
Se Marx se revolvesse em sua
sepultura pelo que Stalin fez ao trabalhador, seria também uma forma de
revolução silenciosa, porém não necessariamente mais macabra do que aquela que
se realizou sobre a terra.
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O texto acima é o resumo de um dos
capítulos do livro “O Nome Secreto”, da coleção “Espírito do Nosso Tempo”, de
autoria de Lin Yutang, editado pela Editora Itatiaia Ltda, em 1961.
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
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