Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Percival Puggina
A tentativa de instituir o voto em
lista fechada é a manobra mais descarada desde o início das operações da Lava
Jato. Supera, em despudor, a missão do "Bessias" levando a Lula o ato
que o homiziaria no ministério de Dilma.
É mais desavergonhada do que a
"anistia do caixa 2". A democracia dos canalhas alcança seu apogeu
com algo tão indecente na motivação, tão contra a democracia na concepção e tão
escancaradamente desonesto que estará coberto de razão o cidadão que registrar,
na polícia, um boletim de ocorrência.
A ideia e a intenção estão em todos
os noticiários desta sexta-feira 17 de março. Seus promotores, grandes figurões
da política nacional, estão preocupados com os prejuízos eleitorais que lhes
advêm do conhecimento de seus crimes e de suas inclusões nas listas de Janot. O
que conceberam pode ser descrito como um gigantesco iceberg político sem nada
submerso.
Da ponta à base, o mastodonte está
inteiramente visível nas páginas dos jornais. Nosso país nunca adotou o voto em
lista fechada exatamente pelo motivo que, agora, a organização criminosa
atuante na política brasileira passou a vê-lo com bons olhos: ele esconde os
candidatos e o voto deixa de ser direto e pessoal.
Com efeito, nesse sistema:
1) cada partido elabora uma lista com
os nomes em disputa;
2) no dia da eleição, o eleitor
escolhe e vota na lista de sua preferência;
3) o percentual de votos dados a cada
lista, em relação ao total de sufrágios da eleição, define quantas cadeiras
cabem a cada partido;
4) são os partidos que estabelecem a
ordem dos nomes nas respectivas listas;
5) é dentro dessa ordem que as
cadeiras são preenchidas (se um partido tiver direito a dez cadeiras, por
exemplo, os dez primeiros nomes de sua lista serão titulares).
Com medo da reação da sociedade ante
os escândalos em que estão envolvidos, os piores elementos da vida pública
brasileira, candidatos preferenciais a serem varridos das urnas em 2018,
encontraram no voto em lista fechada um modo de se elegerem sem necessidade de
encarar individualmente os eleitores.
Pretendem, com essa manobra, caciques
que são, retomar suas cadeiras e preservar o foro privilegiado escondidos na
lista partidária, mais ou menos como se dá comprimido para cachorro, disfarçado
dentro de um naco de carne. É assim, escondidos e sem votos pessoais,
mascarados, que eles querem voltar aos negócios em 2018.
Antes, desfiguravam a representação
política comprando votos e abusando do poder econômico com dinheiro mal havido;
agora, querem continuar abastardando a democracia com o voto em lista fechada.
Percival Puggina (72), membro da
Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular
do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites
no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Um comentário:
Para os partidos políticos fazerem uma lista de candidatos concorrendo às eleições é a maneira mais fácil de colocar o joio no meio do trigo. O eleitor, besta como é, vai acabar votando em uma por causa de um "honesto" e leva uma duzia de bandidos juntos. Voto em branco. Se não tiver, pago a multa mas não voto.
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