Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja
O texto abaixo, altamente científico,
foi transcrito do livro “O Marxismo na América Latina – Uma Antologia de 1909
aos Dias Atuais”, escrito por Michael Lövy.
-----------------------------
O discurso de Fidel Castro, em 2 de dezembro de 1961, é um documento crucial da Revolução Cubana: foi a primeira vez que Fidel se vale explicitamente do marxismo e explica o seu itinerário ideológico do antiimperialismo radical a Marx e Lenin. Também esclarece por que e como a Revolução Cubana experimentou um processo de ‘”transcrescimento” rumo ao socialismo. Encontram-se nesse discurso algumas das principais características da interpretação castrista do marxismo: percepção do cargo político em termos da alternativa imperialismo ou socialismo. Eis um resumo desse discurso:
-----------------------------
O discurso de Fidel Castro, em 2 de dezembro de 1961, é um documento crucial da Revolução Cubana: foi a primeira vez que Fidel se vale explicitamente do marxismo e explica o seu itinerário ideológico do antiimperialismo radical a Marx e Lenin. Também esclarece por que e como a Revolução Cubana experimentou um processo de ‘”transcrescimento” rumo ao socialismo. Encontram-se nesse discurso algumas das principais características da interpretação castrista do marxismo: percepção do cargo político em termos da alternativa imperialismo ou socialismo. Eis um resumo desse discurso:
É claro que não estou falando aqui
para os revolucionários. É possível que, para os revolucionários, não seja mais
necessário falar isso. É preciso falar, inclusive, aos insensíveis, aos
indiferentes, aos confusos, aos que não entendem por que isso e por que aquilo.
E toda essa gente teria morrido para
que os latifundiários continuassem sendo donos de milhares de caballerias de terras? Não, qualquer um compreende que não. Qualquer um
compreende que os dirigentes da Revolução teriam sido traidores se tivessem
feito uma Revolução, se tivessem levado tanto jovens ao combate e à luta, se
tantas vidas tivessem sido sacrificadas para isso. Para tão pouca glória não
valeria a pena que nenhum cubano tivesse morrido. Para tão pouca glória não
teria valido a pena levantar uma arma! Esgrimir uma arma, combater, sofrer o
que sofreu nosso país, tinha que ser por algo, muito mais que tudo isso.
E alguns pretendiam que os homens
morressem precisamente para continuar esse sistema de exploração, para que mil
famílias continuassem vivendo como príncipes em nossas capitais e em nossas
cidades, para que continuasse existindo aquele regime de exploração, de fome,
de miséria, de discriminação, de abusos. Alguns pretendiam isso. E,
aparentemente, acreditaram que a Revolução poderia ser isso. Houve alguns que,
na última hora, até compraram alguns bônus e fizeram algumas coisas para isso.
Como estavam errados! Como estavam errados ao acreditar que certas conquistas
do nosso pais, que já foram tratadas inclusive desde a Guerra de 1895, ficariam
truncadas e as coisas continuariam como eram!
É claro que essa política honesta, essa
política revolucionária, essa política que caminha junto com a História, junto
com os sentimentos e interesses dos povos subdesenvolvidos e explorados de todo
o mundo, que caminha junto com os interesses e a honra nacional, não é uma
política fácil. Tinha de ser, necessariamente, uma política de sacrifícios.
Porque, se queríamos redimir nosso povo da incultura, do desemprego, da fome e
da miséria, desenvolver nossa economia, ter uma economia própria, uma economia
independente.
E, junto com uma economia
independente, uma política independente, que acabasse com o desemprego, com a
incultura, com a miséria, com o atraso, com a pobreza, com a ignorância, com a
doença e com a situação de infelicidade em que vivia a maior parte do nosso
povo, tínhamos de fazer uma política revolucionária coerente. Fazer isso,
implicava em enfrentar o imperialismo com todas as forças. E isso é o que
estamos fazendo.
Claro que os dirigentes da revolução
somos revolucionários. Se não fôssemos revolucionários não estaríamos,
simplesmente, fazendo uma Revolução. Quero dizer com isso que os
revolucionários e os povos, juntos com os revolucionários - isto é, a grande
massa explorada do povo -, estão dispostos a pagar o sacrifício que for
necessário, e o preço que for necessário por tudo isso.
Poderão dizer a um acomodado, a um
indiferente, a um insensível, a um corrupto, que o melhor é não arranjar
problemas, que o melhor e respeitar todos esses interesses, simplesmente.
Poderiam dizer isso a eles.
Tínhamos de optar entre permanecer
sob o domínio, a exploração e a insolência socialista, continuar suportando
aqui os embaixadores ianques dando ordens, continuar mantendo nosso país no
estado de miséria em que estava, ou fazer uma revolução antiimperialista, fazer
uma revolução socialista.
Nisso não havia alternativa. Nós
escolhemos o único caminho honrado, o único caminho leal que podíamos seguir
com nossa Pátria, e de acordo com a tradição dos nossos mambieses (insurretos de cuba que se rebelaram contra dominação
espanhola), de acordo com a tradição de todos os que lutaram pelo bem do nosso
país. Esse éo caminho que seguimos: o caminho da luta antiimperialista, o
caminho da revolução socialista. Porque, por outro lado, não cabia qualquer
outra posição. Qualquer outra posição seria uma posição falsa, uma posição
absurda. E nós nunca adotaremos essa posição, nós jamais vacilaremos. Jamais!
O imperialismo deve saber – para
sempre – que jamais terá nada a ver conosco, e o imperialismo tem de saber que,
por maiores que sejam nossas dificuldades, por dura que seja a nossa luta para
construir nosso país, para construir o futuro do nosso país, para fazer uma
história digna de nosso país, o imperialismo não deve ter a menor esperança a
nosso respeito.
Muitos que não compreendiam essas
coisas, hoje as compreendem. E as compreenderão cada vez mais. Para todos nós
essas coisas são cada vez mais claras, mais evidentes, mais indiscutíveis.
Esse era o caminho que a Revolução
tinha que seguir: o caminho da luta antiimperialista e o caminho do socialismo.
Ou seja, a nacionalização de todas as grandes indústrias, dos grandes
comércios. A nacionalização e a propriedade social dos meios fundamentais da
produção e o desenvolvimento planejado da nossa economia todo o ritmo que
permitirem os nossos recursos, e nos permitir a ajuda que estamos recebendo do
exterior. Isso foi outra coisa realmente favorável à nossa Revolução, o fato de
contarmos com a ajuda e solidariedade que nos permitem, sem os enormes
sacrifícios que outros povos tiveram de fazer, continuar com a nossa Revolução.
Era preciso fazer a Revolução
Antiimperialista e Socialista. A Revolução Antiimperialista e Socialista tinha
que ser só uma, uma verdadeira Revolução, porque existe apenas uma Revolução. Essa
é a grande verdade dialética da humanidade: o imperialismo, e diante do
imperialismo, o socialismo. Resultado disso: o triunfo do socialismo, a
superação da época do socialismo, superação da etapa do capitalismo e do
imperialismo, o estabelecimento da era do socialismo, e depois a era do
comunismo.
Que ninguém se assuste, não haverá
comunismo – se é que ainda há algum anticomunista por aí - até, pelo menos,
dentro de 30 anos.
Assim, até mesmo para que nossos
inimigos aprendam a compreender como é o marxismo, em duas palavras, e que,
simplesmente, não se pode saltar por cima de uma etapa histórica. Talvez a
etapa histórica que alguns países subdesenvolvidos possam saltar hoje, e a
edificação do capitalismo. Isso é, podem iniciar o desenvolvimentismo da
economia de um país pelo caminho do planejamento e pelo caminho do socialismo;
o que não pode ser saltado é o socialismo. E apropria União soviética, depois
de 40 anos, começa a edificação do comunismo e espera ter avançado
consideravelmente nesse terreno. Por isso, estamos na etapa da construção
do socialismo.
E o socialismo. Qual é o socialismo
que devemos aplicar? O socialismo utópico? Tínhamos, simplesmente, que aplicar
o socialismo científico. Por isso, comecei dizendo, com toda a franqueza, que
acreditávamos no marxismo, que acreditávamos que é a teoria mais correta, mais
científica, a única teoria verdadeira, a única teoria revolucionária
verdadeira. Digo
isso aqui com total satisfação e com total confiança: sou marxista-leninista e
serei marxista-leninista até o último dia da minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário