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Por Carlos I. S. Azambuja
Eric Arthur Blair (Motihari, Índia Britânica, 25 de junho de 1903 – Camden, Londres, Reino Unido, 21 de janeiro de 1950), mais conhecido pelo pseudônimo, George Orwell, foi um escritor, jornalista e ensaísta político inglês,
nascido na Índia Britânica.
Sua obra é marcada por uma inteligência perspicaz e bem-humorada, uma
consciência profunda das injustiças sociais, uma intensa oposição ao totalitarismo e
uma paixão pela clareza da escrita. Apontado como simpatizante da
proposta anarquista,
o escritor faz uma defesa da auto-gestão ou autonomismo.
O entusiasmo do autor pelo socialismo democrático não
foi abalado pela experiência do socialismo soviético, um
regime que Orwell denunciou em seu romance satírico "A
Revolução dos Bichos".
A influência de Orwell na cultura
contemporânea, tanto popular quanto
política, perdura até os dias de hoje. Vários neologismos criados
por ele, assim como o termo orwelliano -
palavra usada para definir qualquer prática social autoritária ou totalitária já fazem parte do vernáculo popular.
O texto abaixo é o samba do crioulo doido
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Novilíngua era a língua oficial de
Oceania e foi criada para satisfazer as necessidades ideológicas do Ingsoc, ou
Socialismo Inglês. No ano de 1984 ainda não havia ninguém que utilizasse
exclusivamente a Novilíngua como meio de comunicação, escrita ou falada. Os
editoriais doTimes eram escritos em Novilíngua, mas isso exigia um esforço
sobre-humano que somente um especialista seria capaz de empreender. Esperava-se
que a Novilíngua tivesse substituído definitivamente a Anticlíngua – ou inglês
comum, como deveríamos chamá-la – por volta de 2050. Entretanto, ela ia
ganhando terreno de maneira segura e todos os membros do Partido tendiam, cada
vez mais, a usar palavras e construções gramaticais da Novilíngua em sua
linguagem coloquial. A versão utilizada em 1984, incluída nas nona e décima
edições do Dicionário da Novilíngua, era temporária e continha muitas palavras
supérfluas e formações arcaicas que mais tarde seriam suprimidas. Aqui nos
referiremos à última versão, a mais aperfeiçoada, tal como aparece na Décima
Primeira Edição do Dicionário.
O objetivo da Novilíngua não era
apenas oferecer um meio de expressão para a cosmovisão e para os hábitos
mentais próprios dos devotos do Ingsoc, mas também disponibilizar outras formas
de pensamento.O que se pretendia era que, tão logo a Novilíngua fosse adotada
definitivamente, e a Anticlíngua esquecida, qualquer pensamento herético, isto
é, divergente dos princípios do Ingsoc, fosse literalmente impensável, ou pelo
menos até o limite em que o pensamento depende de palavras. Seu vocabulário
fora construído de modo a fornecer a expressão exata – e freqüentemente de um
modo muito sutil – a cada significado qe um membro do Partido quisesse
expressar, excluindo todos os outros significados, bem como a possibilidade de
chegar a eles por métodos indiretos.Isso era obtido, em parte, pela invenção de
novas palavras indesejáveis e pelo esvaziamento das palavras restantes,de
qualquer significado heterodoxo e, tanto quanto possível,de todos os significados
secundários, quaisquer que fossem eles. Por exemplo, a palavra livre ainda existia na Novilíngua, mas só podia ser utilizada em
sentenças como “este
cachorro está livre de pulgas”, ou “este jardim está livre de ervas
daninhas”. Não podia ser usada em seu antigo
sentido de “politicamente
livre”, uma vez que liberdades política ou intelectual já não
mais existiam como conceitos e, portanto, não tinham necessidade de ser
nomeadas.
Além da supressão de palavras
definitivamente heréticas, considerava-se a redução dos vocabulários por si só
como um objetivo desejável, e não era permitida a sobrevivência de palavras das
quais se pudesse prescindir. A finalidade da Novilíngua não era aumentar, mas
diminuir a extensão do pensamento, finalidade que poderia ser atingida pela
redução do número de palavras ao mínimo.
A Novilíngua teve como base a língua
inglesa tal como a conhecemos hoje, embora muitas frases da Novilíngua,
inclusive aquelas que não continham palavras recém-criadas, fossem quase
incompreensíveis para um falante de inglês da atualidade. As palavras da
Novilíngua dividiam-se em três classes distintas, conhecidas como Vocabulário
A, Vocabulário B (também chamado de Vocabulário de Palavras Compostas) e
Vocabulário C. O mais simples será discutir cada classe separadamente, mas as
peculiaridades gramaticais da língua podem ser encontradas na seção dedicada ao
Vocabulário A, uma vez que as mesmas regras se aplicam às três
categorias.
Vocabulário A
O Vocbulári A consistia em palavras
de uso cotidiano, como comer,
beber, trabalhar, vestir-se, subir e descer escadas, dirigir veículos, cuidar
do jardim, cozinhar, etc. Esse vocabulário era
composto quase que totalmente de palavras que já possuíamos, como bater, correr, cachorro,
árvore, açúcar, casa e campo, mas, em
comparação com o vocabulário do inglês atual, seu número era extremamente
pequeno, ao passo que os significados destas eram definidos de maneira muito
mais rigorosa. Todas as ambigüidades e significados implícitos haviam sido
eliminados. Na Novilíngua, até o limite do que fosse possível, uma palavra
dessa classe era simplesmente reduzida a um som pronunciado com destaque, que
expressava um conceito claramente entendido. Teria sido quase impossível
utilizar o Vocabulário A para fins literários ou para discussões políticas ou
filosóficas. Seu objetivo era somente expressar pensamentos simples e
objetivos, geralmente envolvendo objetos concretos ou ações físicas.
A gramática da Novilíngua apresentava
duas peculiaridades marcantes. A primeira era uma intercambialidade quase total
entre as distintas partes do discurso. Qualquer palavra da língua (no início
isso se aplicava inclusive a palavras muito abstratas, como se ou quando) podia ser utilizada como verbo, substantivo, adjetivo ou advérbio.
Não havia nenhuma variação se o verbo e o substantivo possuíssem a mesma raiz;
dessa maneira, essa regra, por si só, envolvia a destruição de muitas formas
arcaicas.
A palavra pensamento, por exemplo, não existia na Novilíngua. Em seu luar existia pensar, que tinha função de substantivo e de verbo. Aqui, nenhum
princípio etmológico era seguido: em alguns casos preservava-se o substantivo
original; em outros, o verbo. Mesmo quando um substantivo e um verbo de
significado parecido não tinham relação etmológica, um ou outro era
freqüentemente suprimido. Não existia, por exemplo, uma palavra como cortar, uma vê que seu significado já estava incluído no
substantivo-verbo faca. Os adjetivos eram formados adicionando-se o sufixo completo ao substantivo-verbo, e os advérbios pela inclusão de modo. Dessa maneira, por exemplo, rapidocompletosignificava
“rápido”, e rapidomodo significava “rapidamente”. Foram preservados alguns adjetivos
atuais, como bom,
forte, grande, negro, e macio, mas em número muito reduzido. De qualquer forma, havia pouca
necessidade deles, uma vez que era possível chegar a qualquer significado
relacionado ao adjetivo pela inclusão de completo a um
substantivo-verbo. Nenhum dos advérbios atualmente existentes foi mantido; a
palavra bem, por exemplo, foi substituída por bommodo.
Além disso, qualquer palavra – e isso
novamente se aplicava, em princípio, a todas as palavras da língua – poderia
adquirir um sentido de negação pela inclusão dos prefixos in ou im, ou poderia ser reforçada pelo sufixo plus, ou, para intensificar ainda mais a ênfase, dupliplus. Dessa maneira, por exemplo, infrio significava quente, enquanto que plusfrio ou dupliplusfrio significavam “muito frio” ou “frio na forma superlativa”, respectivamente. Também era possível, como no inglês atual,
modificar o significado de quase todas as palavras como prefixos como ante, pós, sobre, sub, etc.
Por meio desses métodos foi possível
diminuir bastante o Vocabulário. Tomando como exemplo palavra bom, não havia necessidade da palavra mau, uma vez que o
significado requerido tão bem ou até mesmo melhor pela palavra imbom. Bastava decidir qual palavra deveria ser suprimida, no caso em
que duas palavras formassem um par natural de significados contrários. A
palavra escuro, por exemplo, poderia ser substituída pela palavrainluz, ou luz por inescuro, de acordo com a
preferência.
A segunda característica marcante da
gramática da Novilíngua era sua regularidade. Além de algumas exceções
mencionadas adiante, todas as flexões eram regulares. Dessa maneira, em todos
os verbos o pretérito e o particípio passado eram iguais e terminavam em ado, edo ou ido. O pretérito de dizer era dizido, o pretérito de pensar,pensado, e assim por diante. Todas as outras fontes, como salvo,
aberto, feito, dito, pago, etc. foram abolidas. Todos s plurais eram formados
pela adição de s ou es conforme o caso (terminando em vogal
ou em consoante, respectivamente). Os plurais de homem, canção, anzol, eram homemes,
cançãos, anzoles. A comparação de adjetivos era
invariavelmente feita pela adição de mais oumelhor (bom,
maisbom ou mlhorbom).
As únicas classes de palavras com
flexão irregular ainda permitida eram os pronomes relativos, os demonstrativos
e os verbos auxiliares. Todos eles seguiam seu uso antigo, com exceção de quem, que havia sido suprimido por ser considerado desnecessário. O
pretérito imperfeito e o presente (dos modos indicativo e subjuntivo), caíram
em desuso, uma vez que esses tempos verbais haviam sido substituídos pelo
futuro do presente e futuro do pretérito (do modo indicativo) e pelo futuro (do
modo subjuntivo).Havia também determinadas irregularidades na formação de
palavras surgidas da necessidade de uma fala rápida e fácil.
Uma palavra cuja pronúncia fosse
difícil ou fosse entendida de maneira incorreta era considerada, ipso facto, uma palavra ruim; dessa maneira, ocasionalmente, para fins de
eufonia, eram acrescentadas letras a essa palavra ou mantida a sua formação
arcaica. Mas essa necessidade referia-se principalmente ao Vocabulário B.
2 comentários:
Sr. Azambuja:
Igualzinho à versão imbecilizada e apodrecida do português do Sr. luLLa (nova ortografia), feita para que os ignóbeis analfabetos possam se achar doutos.
Desconsidero quem adotou aquela péssima idéia (de acordo com a "velha" ortografia)!
Lula deveria ser obrigatoriamente considerado uma "DESPESSOA".
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