Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos
I. S. Azambuja
O texto abaixo é o resumo de um dos
capítulos do livro “A
NOMENKLATURA – Como Vivem as Classes Privilegiadas na União Soviética”, de autoria de MICHAEL S. VOSLENSKY, considerado no Ocidente um
dos mais eminentes especialistas em política soviética. Foi professor de
História na Universidade de Amizade dos Povos Patrice Lumumba, em Moscou, e
membro da Academia de Ciências Sociais junto ao Comitê Central do PCUS. O livro
foi editado no Brasil pela Editora Record.
NOMENKLATURA, uma palavra
praticamente desconhecida pela maioria dos brasileiros, exceto por alguns
especialistas, merece tornar-se tão célebre quanto o termo GULAG. Designa a
classe dos novos privilegiados, essa aristocracia vermelha que dispõe de um
poder sem precedentes na História, já que ela é o próprio Estado. Atribui, a si
mesma, imensos e inalienáveis privilégios – dachas e moradias luxuosas,
limusines, restaurantes, lojas, clínicas, centros de repouso especiais e quase
gratuitos -.
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No Manual Soviético de Economia
Política está escrito que o salário por tarefa, no regime capitalista, provoca um
aumento crescente nas cadências no trabalho. Ao mesmo tempo, facilita, para o
empresário, a vigilância sobre os trabalhadores. O rendimento do trabalho é
controlado pelo subterfúgio da quantidade e da qualidade dos produtos que o
trabalhador deve fornecer para obter os meios de vida necessários. Ele é
obrigado a produzir mais, a trabalhar mais intensivamente.
Assim que uma parcela, em número
variável, atinge um nível superior de produtividade, o capitalista baixa os
preços por unidade, e o trabalhador procura conservar seu salário trabalhando
mais, ou fazendo mais horas de serviço, ou produzido mais por hora. O resultado
é que quanto mais ele trabalha menos ganha (Karl Marx, Trabalho, Salário, Lucro). Eis aí a particularidade essencial do trabalho por tarefa no
capitalismo.
Em 1975, de acordo com as
estatísticas do Escritório Central da URSS, 56,2% dos trabalhadores da
indústria e da construção foram pagos por tarefa, e somente 43,8% por hora.
Atualmente, o trabalho por empreitada é apresentado como uma “forma
progressista de retribuição do trabalho”. A Nomenklatura resolveu essa
contradição com um dogma explicando tranqüilamente que. no sistema socialista,
os trabalhadores produzem para eles próprios.
Exigindo que a produtividade aumente
sem alta de salário, a Nomenklatura parte, visivelmente, da idéia de que
ninguém, na URSS, abre O
Capital. Se se traduzir a teses da Nomenklatura em termos
marxistas, vê-se que, no socialismo, o valor produzido pelos trabalhadores,
inclusive, pois, a mais-valia, deve aumentar comparativamente aos salários.
Ora, essa proporção entre mais-valia e salários, expressa em percentagem,
corresponde, segundo Marx, à “taxa de exploração” dos trabalhadores. E essa
taxa tende a aumentar.
Quais são as perspectivas de
normalização das relações salariais na URSS? O Plano Quinqüenal, promulgado
pelo XXV Congresso, prometeu elevar, em 1980, o salário-médio dos trabalhadores
e dos empregados para 170 rublos por mês (1.110 francos). Em 1980, o
trabalhador médio recebia, pois, três vezes menos do que o trabalhador francês
médio, e duas vezes menos do que o desempregado francês médio.
Tal é, no campo salarial, o resultado
de 60 anos de conquistas socialistas na URSS.
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
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