Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Claudia Wild
Bom, aos que acharam que o depoimento do ex-presidente Lula da
Silva foi um sucesso (para sua defesa), aqui vai a opinião de quem trabalhou
por mais de uma década com o Direito Penal e deve ter feito muitas audiências
de interrogatório de centenas de acusados.
Lula estava nervoso, muito nervoso. Tentava aparentar uma calma
que não tinha. Foi contraditório em várias partes do depoimento (quando por
exemplo disse que resolveu conversar com Renato Duque e perguntar-lhe se tinha
contas no exterior, quando anteriormente declarou que ele -presidente e petista
- não tinha qualquer responsabilidade nos atos criminosos de seus indicados à
Petrobrás: Duque era indicação do PT).
Se não tinha responsabilidade, qual a razão de ir atrás do
indicado?
Lula foi acintoso para com o Juízo e Ministério Público. Foi
debochado, cínico, arrogante, tentou armar seu palanque diante do ato
processual, repetindo a tese tosca de que estava sendo perseguido por ter feito
um governo excepcional, voltado para o povo do Brasil, fato que se falso ou
verdadeiro, é absolutamente irrelevante
para a análise do mérito, pois na verdade existem centenas de provas mostrando
a ligação entre as propinas e a aquisição fraudulenta de dois imóveis de uso e
desfrute de Lula e sua família.
Ele não soube explicar por exemplo, o que os documentos do
apartamento do Guarujá estavam fazendo em sua residência em São Bernardo do
Campo.
Não soube explicar também, as notas fiscais sobre as reformas,
as visitas de familiares e etc.
Se não havia a menor intenção na aquisição do imóvel (como
declarou), as tais provas não existiriam - elementar!
A defesa de Lula mostrou-se pueril por sustentar a tese de que a
falecida D. Marisa, se fez alguma transação comercial com Leo Pinheiro e a OAS sobre o triplex, o
fez por conta própria e sem a aquiescência do marido.
Ora! Que idiotice! Afinal, nota-se claramente que é uma
estratégia inescrupulosa da defesa para
jogar a culpa numa finada e inexpressiva pessoa, a falecida esposa do acusado.
O desmonte desta infantilidade se daria, por exemplo, pelo fato
de que a falecida senhora não dispunha de recursos financeiros para adquirir um
bem de elevado valor (ainda que tivesse uma conta recheada de pixuleco, ninguém
saca R$ 2 milhões de sua conta corrente, sem que isso não seja
notado).
Dona Marisa não era de família endinheirada, não exercia uma profissão rentável e, salvo
engano, recebia uma aposentadoria de um sindicato cumpañero, de mais ou menos
R$ 20 mil.
Caso ela quisesse (ainda que para proporcionar uma surpresa ao
amado marido) comprar o apartamento
teria que necessariamente recorrer ao cônjuge para pagamento e desdobramentos
burocráticos.
Uma simples checada no imposto de renda da citada pessoa e do
acusado (que deve ser conjunta) já aniquila esta infantilidade de advogado
nefelibata, que pensa ser a justiça pouco inteligente ou que desconsidera as
provas materiais da denúncia.
Vejam que a tese é tão estapafúrdia e mostra-se tão artificial que é usada como “álibi“ de Lula
para se eximir do recebimento da propina ou
da compra do imóvel.
Exatamente o contrário do que fez a advogada Adriana Ancelmo
(também usando de artifícios) que se passou por uma servil Amélia, dizendo nada saber sobre os
ganhos do marido e que não questionava os gastos astronômicos da família, pois
sua relação com o ex-governador Sérgio Cabral era de confiança, apenas
matrimonial e jamais patrimonial.
A advogada bem sucedida, conhecida no meio jurídico por
transações milionárias e por chefiar um grande escritório de advocacia era uma
reles e submissa Amélia.
Já Dona Marisa, a
analfabeta dona de casa, era uma resoluta
mulher de negócios, que comprava imóveis no valor de R$ 2 milhões no
famoso litoral de São Paulo como
investimento, conforme declarou seu marido, pois "inclusive não gostava de
praia“ (sic).
Sinceramente, no tempo em que militava nos tribunais, os
advogados eram bem mais inteligentes e apresentavam outra postura no trato com
a defesa de seus clientes.
O advogado deveria pelo menos ter tentado desconstituir as
provas materiais da denúncia (se é que isto seria possível), mas não, ele
preferiu afrontar a inteligência de uma equipe seleta de promotores de justiça
e de um juiz que já condenou 90 pessoas por todo tipo de corrupção.
O método usado pela defesa foi inadequado. Ainda que exista o
glorioso e aparelhado STF para colocar na rua e absolver o camarada Lula,
certamente na primeira instância, o ensaboado bravateiro será carimbado como
réu.
Já não se fabricam mais advogados como antigamente, nem na
civilidade, postura ética, ou na formação técnica. Paulo Freire aplaudiu a
audiência na República de Curitiba! Neste caso excepcional, o Brasil agradece.
Claudia Wild é Advogada. Texto viraliza pelas redes sociais.
Um comentário:
Um otimo artigo o seu, Serrao, muito claro e de facil assimilacao sem deixar de mencionar as artimanhas e ousadias por parte do infeliz Luiz Inacio Silva, que procura insultar o juiz Moro, se fazendo de inocente quando sabemos que ele e o maior ladrao, corrupto em todo o mundo. Foi simplesmente hilario quando ele disse que as Delacoes Premiadas estavam obedecendo a um so requisito, a palavra chave "LULA". Se o delator nao tivesse nada a falar de LULA, nao era aceito. Nao e nada prepotente, nao?
Postar um comentário