Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Francisco César Pinheiro
Rodrigues
Para não citar eu mesmo, ilustre
desconhecido, cito uma das melhores cabeças que praticam o bom jornalismo no
Brasil, Eliane Cantanhêde, sempre lúcida. Ela sintetizou, em poucas linhas o
que se deve fazer para salvar o Brasil da anarquia total — política, jurídica e
econômica — que nos aguarda, caso Temer fique impedido de continuar seu
trabalho de saneamento das finanças.
Eliane Cantanhêde encerrou seu artigo
de ontem (07/07-2017) no “Estadão” dizendo o seguinte: “O que ninguém está
percebendo, porém, é que a troca de Temer por Maia não assegura tranquilidade,
nem aprovação de reformas, nem recuperação da economia. E quem lucrará com o
esfarelamento do governo? Lula, o PT e Bolsonaro. Basta olhar a curva das
pesquisas. Se Temer cair, ele vai, mas a crise fica”.
Se a Câmara dos Deputados tiver um
mínimo de juízo, coragem, previsão e patriotismo inteligente — porque existe
também o patriotismo burro — ela, Câmara, deve negar, ao STF, a autorização
para receber a denúncia apresentada pelo atual Procurador Geral da República.
Este combativo cidadão não esconde seu rancor — profissional e pessoal — contra
o Presidente em exercício. Já prometeu, em discurso metafórico, flechá-lo
ou envenená-lo com dardos, enquanto tiver fôlego e caneta na mão.
Ninguém pode negar que o Dr. Rodrigo
Janot é um profissional capaz e combativo. É especialista do Direito Penal e do
Processual Penal, mas um excesso de especialidade pode — às vezes —, ter seus
efeitos negativos. É o caso do Dr. Janot, no item “derrubar agora, o Michel
Temer”. Ele sabe que se a Câmara negar, hoje, a autorização ao STF, nem por
isso eventuais crimes comuns de Temer ficarão impunes.
Quando Temer terminar seu
mandato provisório, em janeiro de 2019, ele poderá ser processado por causa da
conversa com Joesley. Seus “crimes” não estarão prescritos com essa diminuta
espera — saneadora, por isso virtuosa —, se o Congresso tiver juízo. Temer está
se esforçando, com competente assessoria econômica, para achar o melhor
caminho, com medidas de curto e longo alcance. Curto, porque brasileiros mais
pobres não têm reservas para esperar o saneamento de longo percurso, conforme
os planos racionais de Meirelles. Por isso, Temer transige com algumas medidas
que desafogam o atual aperto oriundo do desemprego.
Assim, se Temer poderá ser
futuramente processado, por que essa ânsia de Janot em derrubá-lo agora,
impedindo-o de prosseguir com reformas extremamente necessárias, como é o caso
da trabalhista, previdenciária e muitas outras, em doloroso andamento?
Alguém já definiu que “ especialista
é aquele que sabe cada vez mais de cada vez menos”. Por causa de sua
especialização, o especialista vê o mundo só pelo ângulo de sua especialidade.
Um ambientalista fanático é capaz de tudo para, por exemplo, travar, por anos,
com medidas judiciais, a construção de uma estrada de ferro porque sua realização
implicaria em aterrar uma lagoa, ou charco, onde existem determinadas rãs, ou
sapos, em perigo, de extinção. Outras vezes a necessidade de cortar uma grande
e bonita árvore trava uma obra que traria enormes benefícios. Rãs ou uma árvore
não valem mais que gente.
A política pode ser praticada com
visão curta, média ou longa. Assemelha-se ao jogo de xadrez. Só que cem vezes
mais complicada, porque nesse jogo são poucas as peças cujos movimentos
precisam ser pensados. No “xadrez” da política há uma infinidade de “peças” em
movimento: velhas práticas, legislação defasada, tribunais, mídia,
investimentos, luta encarniçada, pelo poder, mentiras e verdades misturadas no
liquidificador eleitoral, etc.
Não obstante a enorme diferença
quantitativa entre o xadrez e a política em ambos os jogos é necessário, para
vencer, usar a inteligência estratégica de sacrificar uma “peça” menos
importante visando salvar outra mais valiosa. Sacrificar até a própria rainha
para conseguir, mais adiante, o “xeque-mate”.
É esta a situação no Brasil de hoje.
Derrubar Temer com base nas acusações dos açougueiros bilionários — que se
enriqueceram com favores de Lula e Dilma, abrindo os cofres do BNDES —, é o “
xeque” que pode se transformar em “xeque-mate” contra o país.
Temer não tem “carisma” — essa
besteira superficial, embora simpática —, mas tem se dedicado, sinceramente,
para salvar a economia nacional, cercando-se, na área econômica, de pessoas que
entendem do que fazem. Teve a coragem de mexer em dois vespeiros: a reforma da legislação
trabalhista — que afugenta qualquer investidor inteligente — e a reforma
previdenciária, que permitiu, legalmente, aposentadorias precoces, inclusive a
minha.
Se eventualmente Temer pedia dinheiro
aos dois irmãos Batista, para campanhas eleitorais de seu partido, ou
coligados, ele fazia o que quase todos os políticos (eleitos) também faziam,
porque no Brasil pessoas físicas nunca tiveram por hábito dar dinheiro aos
políticos, para fins eleitorais. Essa era a realidade em um país em que sua
população pouco lê e depende da televisão e do rádio para sua informação —
quase sempre tendenciosa, convenhamos.
Janot valorizou demais o fato de
Temer ter recebido, à noite, sigilosamente, um dos ex-açougueiros que
financiavam partidos. Conversas sigilosas sempre existiram na política. São
próprias dos políticos, como se vê diuturnamente na televisão, políticos
conversando com a mão escondendo a boca, porque inimigos e repórteres podem
conhecer a leitura labial e o fuxico incrementa a venda de jornais e revistas.
A luta pelo poder raramente é elegante. Não só no Brasil.
Lendo recente resenha de um livro
escrito por Alzira Vagas sobre seu pai, Getúlio Vargas, ela nos informa que
quando seu irmão caçula estava para morrer — vítima de paralisia infantil não
tratada — ela informou ao pai que seu filho “Getulinho” — por quem Getúlio
tenha verdadeira adoração — estava morrendo, precisando de sua presença,
Getúlio chorou mas informou à Alzira que não poderia ir ao leito de morte
porque tinha marcado uma reunião sigilosa com o presidente americano Franklin
Delano Roosevelt, que estava no Brasil para isso. Provavelmente para tratar de
um assunto importantíssimo: a adesão do Brasil na luta contra Hitler. Getúlio,
apesar de pai amoroso, era pessoa responsável, sabia que não poderia faltar a
essa reunião secreta.
Há na vida de todos nós, vez
por outra, há momentos em que precisamos conversar a sós. Não acredito que
jamais o Dr. Janot disse, em conversa particular, alguma frase que poderia
prejudicá-lo caso sua conversa estivesse sendo gravada. Não seria próprio de um
ser humano — principalmente em sua delicada função —, manter tão rígida
vigilância na escolha de palavras. É por isso que o “estado policial”, ou
“governo do fuxico” é visto com antipatia. Quem fala tudo o que
pensa, sem escolher audiência, logo terá que se arrepender.
Temer sabia quanto os irmãos da JBS
haviam ajudado, com doações eleitorais, os deputados de todos os partidos,
inclusive Eduardo Cunha. Sabia o quanto esse ex-presidente da Câmara era
perigoso e imprevisível. Contrariado, provisoriamente sem dinheiro para manter
a família no padrão de vida habitual, preso, julgando-se traído, Cunha poderia,
por vingança, dizer ou escrever um monte de verdades e/ou mentiras a respeito
de todo mundo, inclusive contra Temer, pondo contra ele inúmeros deputados,
beneficiados pelas vastas doações dos irmãos Batista. Por isso, seria de toda
conveniência, manter Cunha sossegado, sem anseios vingativos, embora preso mas
com sua família amparada. Temer precisava do máximo de votos possíveis para
suas reformas. Não se deve cutucar onça (Cunha) com vara curta. Digo isso caso
seja total verdade o que consta na gravação da conversa sigilosa gravada por
Joesley Batista. Resumindo: se Temer eventualmente recomendou a Joesley que não
fizesse nada capaz de, naquele momento, provocar Cunha, ele agiu pensando em
algo mais alto, mais importante: sanear as finanças do país.
Alguém dirá que Janot, como
Procurador Geral, ouvindo as gravações traiçoeiras feitas por Joesley, não
poderia simplesmente ignorá-las. Teria que pedir as investigações contra Temer,
sob pena de incorrer em um crime funcional por omissão. Certo, esse raciocínio.
Ele cumpriu sua função. Acusou formalmente o presidente. Mas não precisava,
depois, ficar fazendo de tudo para derrubar o presidente, como se ele fosse seu
inimigo pessoal.
Cabe, porém, à Câmara dos Deputados,
numa visão mais abrangente, decidir não apenas com a visão jurídica, mas também
com o critério político de oportunidade, considerando que o afastamento de
Temer, agora, só prolongaria, sem resolver, a agonia do povo brasileiro, fuga
dos investidores estrangeiros e nacionais, anarquia e paralisia administrativa,
jogando para o lixo tudo o que está sendo encaminhado pela equipe econômica.
Como já disse alguém, o Brasil não é
para principiantes. Mas Temer faz o que pode para desentortar o Brasil. Quem
quiser apenas “pegar” o Temer, porque não simpatiza com ele, que espere os
meses que faltam para a eleição do próximo presidente, que não será ele. Lembro
também que Temer, como vice-presidente, nada decidia quando no cargo,
marginalizado por Dilma, como todos sabem. Não foi um traidor. Apenas cumpriu
sua função normal de substituir a presidente, afastada pelo impeachment.
Desculpem a extensão, que mesmo assim,
não disse tudo que poderia ser dito.
Francisco César Pinheiro Rodrigues é Desembargador aposentado do
Tribunal de Justiça de São Paulo.
3 comentários:
NÃO TENHO ADJETIVOS PARA DESCREVER QUE HIBRIDO ANOMALIACO É O QUE ESCREVEU ESSA PORRA, MAS TENHO CERTEZA QUE LEVOU ALGUM, THEMER QUANDO SECRETARIO DE SEGURANÇA PUBLICA DO ESTADO DE SP AS POLICIAS ERAM QUEM ABASTECIA OS TRAFICANTES, POR ISTO É TÃO ESTIMADO PELA MAFIA DO JUDICIARIO E MAÇONARIA... DESEMBARGADORES ANDAVAM DE BRAÇOS DADOS COM OS BICHEIROS E NUNCA FORAM DENUNCIADOS...
Há que enterrar o Temer e demais suspeitos de corrupção com uma Intervenção Cívica Constitucional! E o Mais rápido possível!
A verdade
é que existe muito medo de tirar esse inútil,
e acabar colocando (de volta, por voto indireto) uma desgraça como o ladrão lula comunista,
ou outro comunista genérico qualquer...
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