Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Mateus Azevedo
Talvez a pergunta esteja errada, pois historicamente, todas as
sociedades sempre foram pobres. Mas por que alguns países enriqueceram e o
Brasil, que tem enorme extensão de terra agriculturável, diversidade e volume
de recursos naturais, clima favorável, sem terremotos, tsunamis ou vulcões, não
enriqueceu?
Sempre que ouço uma teoria tentando responder essa pergunta me
surpreendo com a criatividade das pessoas. Já ouvi que, o fato do Brasil ter
sido colonizado por portugueses há mais de 500 anos e não holandeses ou
ingleses é o motivo da pobreza até hoje. É comum também a tese de que somos um
povo que sempre quer se dar bem, que só existem dois tipos de brasileiros - os
que roubam e os que não tiveram a chance de roubar – ou ainda o pouco
investimento do país em educação. Câmbio muito valorizado, infraestrutura ainda
insuficiente e corrupção. Embora todas essas questões influenciem muito a forma
como a nossa economia funciona, a resposta adequada para isso seria mais
simples: intervenção estatal.
Tudo no Brasil precisa ter aval do governo: regras para abrir
uma empresa, como as relações trabalhistas se dão, quantas e como empresas
devem ou não competir em um determinado setor, até o uso obrigatório do Real
como única moeda no País. Já pensaram que praticamente só os bancos podem
emprestar dinheiro e as regras para abrir e manter um banco é tão absurda que
existem apenas poucos players, tornando os juros absurdamente caros? Que
nenhuma outra empresa de telefonia pode entrar no Brasil, pois órgãos
regulamentares proíbem, tornando o serviço caro e de qualidade duvidosa?
Via de regra uma empresa precisa dar lucro para continuar
existindo. Se der lucro, significa que todo o custo que ela tem é repassado no
preço do produto. Ou seja, sempre que o governo cria uma nova regra para
“proteger” o consumidor, a empresa a adota e repassa esse custo na venda, fazendo
com que o consumidor pague a conta final.
Além disso, em função do alto custo para contratar pessoas
obedecendo as leis brasileiras, as empresas optam por importar produtos mais
baratos, já que a produção em solo nacional encarece a operação.
Para piorar, o governo ainda imprime dinheiro e injeta em
setores específicos da economia, o que estimula investimentos de longo prazo de
forma artificial e não sustentável.
A grande pergunta é: o que você pode fazer para não ter prejuízo
com tudo isso? Primeiramente, é fundamental entender como se dão os ciclos
econômicos e se adiantar a eles, não investindo em bolhas anunciadas. O
segundo, é usando a tecnologia para fugir do controle estatal.
Nesse ponto, nada melhor que o blockchain – sistema de
registros e contabilidade organizado em blocos e com formato descentralizado,
sem regulação governamental. O blockchain nasceu com a criação das
criptomoedas, que ganham cada vez mais espaço no mercado, devido à sua
constante valorização cambial. Entretanto, o conceito blockchain tem se
expandido para outros setores do mercado.
A primeira onda de revolução que vimos com o surgimento do Uber
e AirBNB, foi só o começo. Esses, apesar de conseguirem criar soluções para
fugir das regulamentações estatais, ainda estão parcialmente sujeitos a elas.
Vislumbro que a próxima onda de empresas descentralizadas baseadas em blockchain ou
em arranjos tecnológicos que ainda não conhecemos serão totalmente baseadas em
livre associação de indivíduos renegando qualquer regra puramente governamental.
De modo geral, assim como vem ocorrendo em outros segmentos, a
tecnologia deve impactar o mercado econômico, com a descentralização da moeda,
dos negócios e do mercado de trabalho. A tendência é que cada vez mais estas
atividades saiam das mãos do governo, à medida que o formato blockchain avance
e ganhe outros patamares, pois será impossível – ainda que se tente – manter a
estagnação burocrática e engessada em que vivemos.
Mateus Azevedo é Sócio da
BlueLab e responsável pela Diretoria de MKT e Vendas. Formado em Administração
pela ESPM (SP), com pós-graduação em Gestão de Negócios pela Fundação Dom
Cabral, Mateus é um dos sócios da BlueLab, responsável pela diretoria de
marketing e vendas da companhia. Nessa função, desenvolve a estratégia de
vendas, sempre com foco na evolução do modelo de negócios, na experiencia do
usuário e nas diversas plataformas tecnológicas. Além disso, faz questão de
participar da contratação de todos os novos profissionais da empresa. É grande
estudioso e amante da escola austríaca de economia e do livre mercado.
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