Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Percival Puggina
Pretendia contar o número de empresas, institutos e fundações
estatais existentes no Brasil, considerando União, Estados e municípios.
Comecei com determinação, mas desisti. Levei um susto! Quem quiser sentir a
pujança do estatismo nacional vá à página da Wikipedia que tem a lista. Estamos falando de muitas centenas, senão de milhares
desses entes. O Brasil é um país socialista, que muitos, sacudindo bandeiras
vermelhas, se esforçam para tirar do armário. Armário cheio de esqueletos.
A União tem 148 empresas estatais! Trinta por cento, segundo
editorial de O Globo do dia 19 de agosto de 2016, criadas durante os governos
petistas. Anos de gritaria contra privatizações e discursos de que "Estão
vendendo tudo!" me levaram, ingenuamente, a crer que de fato estivessem.
Mas era berreiro na sala, para distrair, enquanto a cozinha produzia novas
iguarias para o cardápio político. A mesma matéria de O Globo conta que entre o
fatídico ano de 2003 e 2015, esses filhotes do amor petista pelo Estado pagaram
R$ 5,5 bi em salários e totalizaram um prejuízo de R$ 8 bi.
A mais engenhosa das novas estatais foi concebida no PAC 2. É a
Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que absorveria a tecnologia do
trem-bala e executaria o projeto da ligação de alta velocidade entre Rio e São
Paulo. A empresa, descarrilada desde sua criação em 2008, é totalmente
dependente do Tesouro.
O formidável e assustador conjunto das "nossas"
estatais é parte ponderável dos problemas do Brasil. No entanto, o Instituto
Paraná Pesquisas revelou, há três meses, que 61% dos brasileiros são contra
privatizações feitas pelo setor privado. Pelo jeito, preferem as
"privatizações" caseiras, as notórias apropriações, por partidos,
sindicatos e líderes políticos, de tudo que for estatal. Se é para ser abusado
que seja pelos de sempre. Trata-se de um vício do nosso presidencialismo. Quem
governa comanda a administração e chefia o Estado, estendendo as mãos sobre o
que puder alcançar em suas instituições.
É nos estofados desses grandes gabinetes, que a
"privatização" do Estado proporciona os melhores orgasmos do poder.
Em outras palavras: a experiência política e administrativa nos evidencia que
empresas estatais realmente devotadas ao interesse público são fenômeno
incomum. Como regra, resultam submetidas às conveniências privadas que descrevi
acima. São nichos de usufruto e poder que pouco têm a ver com o bem nacional.
Dentro desses domínios nascem as maiores reações a qualquer
transferência que conduza ao desabrigo do Tesouro e às aflições do livre
mercado. A ninguém entusiasma a ideia de remover o acento da poltrona e
alinhá-lo à reta da competitividade.
A doutrinação socialista cumpre seu papel, ensinando que estatal
é sinônimo de público, de social, e imune a interesses privados. Empresas
estatais seriam como santuários de desprendimento e abnegação. Sim, claro. O
Mensalão não existiu e a Lava Jato, você sabe, foi criada para impedir a alma
mais honesta do Brasil de retornar à presidência.
E quando um partido sai, vem o outro para fazer a mesma coisa? -
perguntará um leitor estrangeiro. Nem sempre, prezado visitante. Se o serviço
for bem feito, a privatização partidária de um ente estatal pode ser anterior e
se perpetuar além do governo desse partido. Quem duvida olhe para o Ministério
de Educação e para as universidades públicas. Ali se educa a nação para
amaldiçoar a iniciativa privada, amar o Estado, abrir o armário, e fornecer,
nos ambicionados concursos públicos, respostas de acordo com o que pensa a
banca.
Um comentário:
O articulista tem toda a razão. Meu pai,que foi deputado Estadual no RS pelo extinto Partido Libertador,e Prefeito de Montenegro/RS,por duas ocasiões,ao tempo em que a decência ainda era a regra nesse ambiente,"bolou" certa vez editar o "Guia das Repartições" (federais,estaduais e municipais).Era uma "calhamaço" para não se botar defeito. Facilitava a vida das pessoas porque naquela época não existia internet.Quando eu fazia alguma consulta naquele guia,sempre pensava:"Meu Deus,nesse país existem mais repartições públicas que gente". Pelo artigo do Dr.Puggina,tudo isso fica comprovado.Os brasileiros são escravos do Estado.
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