Por
Reginaldo Gonçalves
A
busca por fontes de financiamentos para investir no sistema educacional parece
ser uma das grandes metas do governo, provocando discussões fervorosas entre os
governadores de vários estados produtores de petróleo, que perderão parte dos
royalties para as demais federações. A justificativa do Planalto é a
distribuição de renda, utilizando a educação para facilitar seus objetivos.
A
busca pelo ensino superior é significativa no País, mas a maior parte dos
estudantes acabam, por razões diversas, não tendo acesso ou, quando tem,
encontram dificuldades financeiras para se manter na universidade.
O
ProUni, assim como o Fies, estão vinculados ao Plano de Desenvolvimento da
Educação - PDE, onde os benefícios para bolsas parciais e integrais estão
vinculados a renda per capita família de até três salários mínimos. O sistema
conta ainda com outros mecanismos de financiamento para estimular o
estudante a completar o seu ciclo educacional, como o Bolsa
permanência.
Essas
medidas estão abrindo possibilidades para que instituições privadas de ensino
recebam alunos bolsistas, sem o risco da inadimplência ou de altos níveis de
evasão. O atual cenário do sistema de ensino superior no Brasil está chamando a
atenção de grandes investidores nacionais e estrangeiros, interessados na
aquisição de corporações educacionais no País.
Recentemente,
ocorreram algumas aquisições importantes e que mudaram o perfil educacional
brasileiro no momento que algumas delas tomaram a decisão de abrir seu capital
na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). São exemplos: Anhanguera, Estácio e
Kroton, além de empresas estrangeiras como a Laureate, Devry, Whitney, que
estão em solo brasileiro há algum tempo.
As
instituições investem por aluno, em média, R$ 7 mil, referente à carteira, sem
contar a aquisição de imóveis e descontados os riscos inerentes a passivos em
andamentos e contingenciais. Esse valor poderá variar de acordo com
a localidade, a mensalidade média cobrada, nível de evasão escolar, a reputação
da instituição, entre outros fatores.
Há
escolas de ensino superior que, interessadas em vender seu negócio, inflam o
número de alunos através de estratégias que envolvem convênios e desconto em
mensalidade, mesmo reduzindo o ticket médio do curso, e com o mínimo de
investimento possível.
O
grupo americano Apollo já vem namorando há algum tempo as instituições de
ensino brasileiras como opção de investimento. Uma das possibilidades é a FMU -
Faculdades Metropolitanas Unidas, que atualmente possui 73 mil alunos e tem
valor estimado de venda de aproximadamente R$ 1 bilhão, média de R$ 13,7 mil
por aluno, bem acima do que vem sendo praticado pelo mercado. Outra instituição
na mira da Apollo é a Unisa, que hoje conta com cerca de 28 mil alunos.
Existem
diversas instituição de ensino enfrentando dificuldades financeiras e com alto
grau de endividamento. Isso pode desestimular em parte os investimentos
estrangeiros, em decorrência de dívidas fiscais e trabalhistas. Em muitos casos
há ainda o passivo oculto, que inviabiliza totalmente o processo de aquisição.
Quem investe quer ter o retorno do recurso em curto espaço de tempo, aliado a
perspectiva futura de um bom negócio, com transparência e com endividamento
baixo e controlável.
Reginaldo
Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa
Marcelina – FASM.
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