Por Marcos Coimbra
Ao retornar de férias, voltamos a presenciar a predominância na
sociedade mundial de comportamentos, ações e atitudes esquizofrênicas. A
esquizofrenia caracteriza-se quando comportamentos abertamente desviantes se
manifestam em um sistema. O que é válido para qualquer conjunto, seja ele um
indivíduo, um país ou o mundo.
Na área internacional, persistem episódios dantescos, abrindo sérios
precedentes, capazes de ameaçar todos os países. Virou moda o ataque dos
modernos corsários a países detentores de matérias primas, em especial petróleo
ou outros recursos naturais escassos nas nações agressoras e até mesmo daqueles
passíveis de abrigar portos ou dutos de interesse estratégico. Primeiro o
Iraque, sob o pretexto de possuir armas de destruição em massa, até agora não
encontrados. Depois, a Líbia. Simultaneamente, Afeganistão e Paquistão.
Continua a agressão à Siria, realizada por hordas de mercenários
estrangeiros, a soldo dos interesses de diferentes países, sob o pretexto de
derrubada de um feroz ditador, Bashar Al-Assad, com o apoio de grupos locais de
etnias diferentes daquelas que estão no poder. Ora, todos sabem que ele de fato
não é o único ditador da região. De onde surgiram as “forças rebeldes”, com
armamento e munição farta, em um regime dito tirânico? Recursos da Líbia, então
país soberano, aplicados nas nações mais ricas, foram confiscados e sua
utilização transferida para os “rebeldes”. E as graves consequências da queda
do ditador Kadhafi estão provocando calafrios na comunidade internacional, com
o fortalecimento da Al-Qaeda. Amanhã poderá ser qualquer outro país,
inclusive o Brasil.
No campo econômico persiste o impensável. Os resultados das eleições na
Itália levam ao caos o país, bem como afetam toda a União Européia. Um
candidato de protesto obtém a terceira maior votação. É a previsível reação
irada da massa da população atingida por duras medidas de contenção, as quais
afetam diretamente o Estado de bem-estar Social tão duramente alcançado ao
longo do tempo.
A indignação se alastra por toda a Europa, pois direitos adquiridos
estão sendo atingidos. Até aposentadorias e pensões, além, é óbvio, da
eliminação de oportunidades de trabalho. As taxas de desemprego atingem valores
absurdos principalmente nos mais jovens. Enquanto isto os “donos do mundo” e
seus agentes permanecem acumulando riquezas imorais. Bilhões de euros e dólares
são “doados” aos grandes e verdadeiros responsáveis pela crise mundial. Será
que os detentores do poder político ainda não tiveram a sensibilidade de
perceber que estão criando as condições para uma revolta sem precedentes em
seus respectivos países? Até quando o combalido dólar persistirá como
moeda-padrão no mundo? Que venha o bancor de Keynes!
Uma contundente denúncia sobre o insidioso papel desestabilizador do
Conselho Mundial de Igrejas (CMI), cujos recursos para fundação da entidade, em
1948, provieram da Fundação John D. Rockefeller, partiu do cardeal Joseph
Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano
(hoje papa Bento XVI). Em uma entrevista à Folha de S. Paulo de 10 de
junho de 1997, ele afirmou: "Grande parte dos bispos católicos da América
Latina se lamentam comigo do fato de que o Conselho Ecumênico de Igrejas [como
o CMI também é conhecido] tem dado grande ajuda a movimentos de subversão,
ajuda que talvez tivesse boas intenções, mas que acabou sendo bastante danosa
para o Evangelho."
No Brasil, essa campanha de subversão permanente transcende a frente dos
direitos humanos. De fato, o CMI tem financiado e promovido diversas
iniciativas contra o desenvolvimento e a soberania do País, com ênfase nas
questões agrárias, ambientais e indigenistas, além de ser um dos principais
promotores das campanhas de desarmamento civil. Entre as organizações
não-governamentais (ONGs) que recebem o seu apoio direto, destacam-se o
Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Via Campesina, Movimento
dos Atingidos por Barragens (MAB), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e
Instituto Socioambiental (ISA). Praticamente cada grande projeto de
infraestrutura e logística implementado no País, nas últimas décadas, tem se
defrontado direta ou indiretamente com uma ação do CMI.
Em nosso país, não existem recursos para aplicação na infra-estrutura
econômico-social (saúde, educação, segurança, energia, transportes,
comunicações, ciência e tecnologia), mas eles aparecem milagrosamente para
obras ou empreendimentos faraônicos como Olimpíadas, Copa do Mundo, “trem-bala”
(no mínimo, 60 bilhões de reais) etc. Parece que as necessidades coletivas e
básicas do povo brasileiro já foram atendidas e agora é hora do circo. A
corrupção alcança patamares de pandemia. É difícil achar um órgão, nas três
esferas de administração, capaz de passar incólume por uma devassa.
A União possui mais de 20.000 cargos de nomeação política para manter a
“coalizão presidencialista”, fora os demais atrativos, como os 38 ministérios.
Imaginem o número adicional de cargos de governadores, congressistas, prefeitos
e suas respectivas e inúmeras assessorias. Enquanto isto a presidente Dilma tem
a coragem de vetar o aumento real já acertado para os aposentados com valores acima
de um salário mínimo. É o paroxismo da crueldade e da prepotência. Até quando?
Marcos Coimbra, Professor, é Membro do Conselho Diretor do CEBRES,
Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e
Autor do livro Brasil Soberano. Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br - Página: www.brasilsoberano.com.br.
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