Por Reginaldo
Gonçalves
A situação
econômica brasileira, se não houver um direcionamento rápido, poderá iniciar um
processo de recessão em virtude dos problemas já iminentes de inflação
ocasionados pelo repasse do petróleo, aumento do salário mínimo e outros
insumos que certamente já estão sendo repassados ao consumidor final. A briga
com os bancos privados e o fortalecimento do caixa dos bancos públicos para
aquecer o mercado interno não demonstrou ter resultado positivo, a indústria
brasileira continua estagnada e dificilmente terá uma reversão desse processo
se não houver investimento em infraestrutura adequada e estímulos através da
redução dos tributos cobrados em todas as esferas.
O aumento do
endividamento público federal para R$ 2 trilhões demonstra que as ferramentas
utilizadas pelo governo, além dos sérios prejuízos causados à Petrobrás que
segurou os aumentos de preço de suas importações em favor da contenção da
inflação, demonstra fragilidade em suas opções que vieram tardiamente e sem
garantir a segurança no futuro de sua manutenção.
O pífio superávit
primário em 2012 não atingiu as metas do governo e foi um dos responsáveis pelo
aumento do endividamento público federal. Um dos mecanismos utilizados para
cobertura dos juros e manutenção da dívida trouxe insegurança em relação a
2013. O patamar de 7,25% da taxa Selic beneficiou o governo na redução de parte
da sua dívida com títulos vinculados a ela, mas não foi o suficiente para
sobrar gordura e amortizar os juros e manter o seu principal, muito menos para
investir de forma razoável em infraestrutura. Além disso, as parcerias
público-privadas para expandir áreas vitais ainda são muito tímidas.
Para reverter esse
posicionamento o Governo já vem decidindo o leilão dos portos para exploração
da iniciativa privada. Dessa forma, agilizará a melhoria e a modernização com o
objetivo de redução dos custos e benefícios para importadores e exportadores,
podendo de certa forma incentivar as indústrias existentes no país, uma vez que
já existem perspectivas de novos investimentos estrangeiros nas empresas
brasileiras existentes ou em outras que poderão surgir com a viabilidade da
logística.
O governo
comemorou o recorde de arrecadação de impostos em mais de R$ 1
trilhão e, infelizmente, o investimento em atividades prioritárias atingiu
somente 4% do que foi arrecadado. Isso significa que a diferença foi usada para
amortização de juros e gastos públicos, pouco sobrou para infraestrutura.
Muito se arrecadou mesmo em época de crise. As indústrias encolheram, as
exportações estão cada vez menores e a importação começou a tomar proporções
maiores.
Com o nível de
endividamento que temos hoje precisaria haver no mínimo dois anos de
arrecadação sem nenhum gasto governamental e sem investimento, o que
inviabiliza todo o processo administrativo no país. Se não houver uma mudança
de perfil certamente teremos problemas adiante e se houver o retorno da
inflação ficará mais difícil a gestão, gerando recessão, que prejudicará a
qualidade de vida da população. O governo afirma ter subtraído da pobreza
muitas pessoas através do Bolsa Família, mas não promove ações para diminuir o
investimento nesse sistema e promover a empregabilidade, o que é o que o país
precisa para crescer de fato.
Reginaldo Gonçalves
é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina –
FASM.
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