Artigo no
Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Antoninho Marmo
Trevisan
É
possível, desejável e pertinente, nos países democráticos e aderentes às normas
civilizadas do capitalismo, a direta intervenção da sociedade nos rumos da
economia, exercitando apenas e tão somente o poder do consumo sobre a
inexorável lei da oferta e da procura. É oportuno analisarmos essa questão
neste momento em que o Copom (Comitê de Política Monetária) acaba de
aumentar, para 7,5% ao ano, a taxa básica de juros, a Selic, na esteira
do anúncio do IBGE de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), medidor oficial da inflação brasileira, acumula alta de 6,59% em 12
meses, superando, portanto, o teto de 6,5% estipulado pelo Banco Central.
O
tomate vem sendo considerado o vilão da inflação, com majoração acumulada de
122,13% em 12 meses. Ora, paremos então de consumir o saboroso vegetal. Se
fizermos isso, seu preço não só deixará de subir, como certamente cairá.
Obviamente, o tomate não é o responsável sozinho pelas pressões inflacionárias
(e ainda há que se considerar ser essa uma das poucas vezes em que o sofrido
produtor tem preço que o remunera com dignidade).
Entretanto, o grupo
“alimentos” significou 60% do índice inflacionário de março. Num país como o
nosso, de imensa diversidade hortifrutigranjeira e agropecuária, é
perfeitamente possível substituir produtos sazonalmente mais caros por outros
mais baratos. Esse é apenas um exemplo de como é grande a capacidade de
influência econômica da população.
Do
mesmo modo, o poder de intervenção dos consumidores é decisivo nos resultados de
nossa balança comercial, que apresentou preocupante e inusitado déficit no
primeiro trimestre deste ano. Entre um produto importado com a mesma qualidade
e preço do nacional, deveríamos sempre dar preferência ao fabricado aqui.
O melhor é que,
ante a decisão de compra soberana do cidadão, não há punições da Organização
Mundial do Comércio (OMC), ameaças de retaliações e polêmicas com nossos
parceiros comerciais, como costuma acontecer quando o Brasil ou qualquer país
adota medidas consideradas protecionistas.
A
consciência da sociedade sobre seu imenso poder de influência, por meio da
simples decisão de consumo, é um dos principais instrumentos a serviço da
economia nas nações democráticas. Por isso, talvez fosse o caso de campanhas
institucionais do poder público e da indústria, tão afetada hoje pelos
importados, e ações espontâneas da mídia, lembrando aos brasileiros a força de
seus gastos como indutora da expansão do PIB e do desenvolvimento e balizadora
dos preços médios da economia.
Mesmo que, vez ou
outra, tenhamos de vencer a tentação de comer tomate ou vestir uma camiseta da
Rodeo Drive...
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