Por Paulo
Ricardo da Rocha Paiva
O Ministro
da Defesa parece não ter senso da medida quando, como um condestável de
primeira grandeza, avalia o ganho em operacionalidade das Forças Armadas. Para
ele, as tais “operações ÁGATA” desencadeadas anualmente, que se diga,
eminentemente policialescas, se inserem em contexto de realidade e não de mero
treino.
Para sua
excelência, o adestramento no combate a crimes fronteiriços (tráfico de:
drogas, pessoas, mercadorias ilegais; crimes ambientais) substitui plenamente o
preparo dos profissionais das armas para a defesa da Pátria. O ministro, como
que extasiado, chegou a dizer:- “Eu vejo a integração cada vez maior entre as
forças. Vejo a alegria mesmo dos componentes das forças em participar desse
esforço...”.
Ledo engano
excelência, soldados em cumprimento de missão estão sempre alegres, mesmo
naquelas que os desvirtuam do seu desígnio maior como guerreiros da Pátria.
Atenção! Oficiais-generais não apreciam fazer o mesmo papel de seus
correspondentes mexicanos, hoje totalmente absorvidos pelo combate ao crime
organizado na fronteira com os EUA, em completa observação das diretrizes preconizadas
por “Tio Sam” para o subemprego das forças militares latino-americanas no
combate ao tráfico ilegal e crime organizado de uma maneira geral.
Ah! Mas sem
o concurso dos militares não se obteriam resultados palpáveis. Cidadão, à Força
Nacional de Segurança (FSN), estruturada para inglês ver, um arremedo de tropa
federal com somente dois batalhões, um em Goiás e outro no Rio de Janeiro, é
que deveriam estar afetas estas operações tipo. Mas a FSN, mais do que
necessária, só vai pesar na balança quando dispuser de estrutura nos moldes da
Guarda Nacional dos EUA, justamente para reforçar as PM de forma eficiente,
eficaz e decisiva.
Ah! Mas isto
custa caro. Vai custar mais ainda se nossos soldados permanecerem enredados
durante o ano em mega operações do tipo polícia, desviados do planejamento e
preparo da estratégia da resistência, a única que nos foi permitida pela ONU
para o enfrentamento dos grandes predadores militares.
Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior.
Originalmente Publicado no “JORNAL DO COMÉRCIO DE PA/RS” em 18/04/2013.
Um comentário:
O que preocupa é a constatação de que cada vez mais miltares e ex-militares brasileiros falam como comunistas e esquerdistas vulgares, culpando os Estados Unidos e países europeus por todas as mazelas do Brasil. Acordem senhores, as causas de nossos problemas estão aqui dentro do Brasil mesmo!
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