Por Reginaldo
Gonçalves
Guido Mantega
continua em meio ao fogo cruzado. Para não ficar pressionado pelo benefício
concedido às montadoras, pensa agora em manter reduzido o IPI de linha branca e
móveis. Tudo parece um passe de mágica, uma criatividade sem estratégia. Falta
inovação ao governo, que o leve a pensar adiante e dar sustentação à economia e
maior tranquilidade aos investidores locais e externos, assim como às trocas
comerciais internacionais.
Tivemos este ano
uma das maiores safras de grãos, com o fechamento de grandes contratos de
exportação, em especial com a China. E de novo nos deparamos com a barreira
logística e os entraves nos portos, que culmiram com cancelamento de negócios e
dúvidas quanto à seriedade de nossos produtores e da nossa capacidade de
cumprir importantes compromissos para manutenção da balança comercial. Esse
entrave, no mínimo, gerou prejuízos ao produtor e a quem dependia dos produtos
entregues nos prazos convencionados.
Quando não se tem
estratégia a saída é buscar mecanismos para ser, de certa forma, “criativo”.
Enquanto isso, o incêndio se alastra pela falta de investimentos em
infraestrutura e o encarecimento da máquina administrativa com a criação de
Ministérios, para citar apenas um exemplo.
O que vem
acontecendo no mundo, principalmente com a Eurozona, Estados Unidos e China,
ajuda a sacudir o mercado internacional e contribui para reforçar o quadro de
desconfiança geral. Justamente por isso, é o momento do Brasil sinalizar ao
mundo sua disposição de fincar boas raízes econômicas e dar segurança a quem
estiver disposto a empregar por aqui seu capital.
Entretanto, é
penoso ainda apontar as mesmas fragilidades. Pouco se fez para investir em
energia, prejudicando empresas geradoras de riqueza como a Petrobrás, em busca
da manutenção de uma inflação controlável nos 4,5% ao ano, com teto de 6,5%.
As propostas de
soluções mágicas continuam. Cogita-se aumentar a Selic como forma de conter o
estouro da inflação, mas isso certamente prejudicará o equilíbio das finanças.
Ações como a redução de impostos, seja IPI, desoneração da folha através do
INSS Patronal ou do PIS e COFINS sobre a cesta básica não aliviam o bolso do
consumidor. Estudos realizados com famílias que recebem entre 1 e 5 salários
mínimos demonstram que o patamar de inflação disparou, ultrapassando 10% ao ano.
É justamente a faixa populacional que o Governo tenta ajudar que está pagando o
preço pela “criatividade” da equipe econômica.
A possibilidade do
aumento do PIB em 3% este ano poderá causar outro impacto. Teremos energia
limpa disponível para o aumento da produção ou continuaremos a utilizar em sua
potência máxima a energia das termoelétricas, mais caras e prejudicais ao meio
ambiente?
O desespero chegou
a ponto de o Governo solicitar que o aumento dos combustíveis não fosse
repassado para as tarifas públicas, como de transportes. Este tipo de
represamento de gastos, entre outros adotados, explodirá em algum momento,
colaborando para o tão temido aumento da inflação. Veja que essas falácias de
cunho político são totalmente contrárias ao equilíbrio econômico. Tudo por
conta da mágica do presente e da criatividade que parece ser o esteio do
governo.
Para criar um
impacto significativo e que de fato melhore a situação geral da economia,
espera-se que haja geração de emprego de forma sustentável, melhoria na
educação, investimento em infraestrutura (mas com contenção de gastos
governamentais e redução siginificativa de tributos). Inovação é a palavra,
senão seremos uma nação de pobres e sem cultura, vivendo às custas de outros
países, como presenciamos muitas nações da Zona do Euro.
Reginaldo Gonçalves
é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa
Marcelina.
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