Por Pedro Melo
Estamos
chegando ao fim de um primeiro semestre no qual a economia nacional nos deu
alguns sustos. Notícias de PIB fraco, juros subindo, dólar instável, inflação
no topo da meta do governo, produtividade baixa e falta de profissionais
especializados fizeram acender um sinal de alerta para o empresariado, as
instituições governamentais e a sociedade em geral.
Nesse cenário, a
questão crucial refere-se à indagação quanto ao comportamento do País no
segundo semestre. O que podemos esperar? Sem dúvida, a inflação será um
importante elemento balizador do apetite por negócios nos seis meses finais
deste ano.
O Brasil
conquistou, nos últimos anos, uma estabilidade monetária reconhecida mundialmente
e que, somada ao processo de inclusão socioeconômica e ao sucesso no
enfrentamento, a partir de 2008, da maior crise histórica do capitalismo,
atraiu vultosos investimentos e empresas. Portanto, é fundamental manter a
inflação dentro das metas, mitigando o temor entre os agentes do mercado.
Nessa época de
certa instabilidade, que deverá ser superada pelos fundamentos econômicos ainda
consistentes, como a reserva cambial em torno de U$ 400 bilhões, desemprego
próximo a zero e consumo aquecido, é fundamental que as empresas mantenham-se
organizadas e competitivas, estando preparadas para enfrentar desafios e
complexidades e também para aproveitar as oportunidades. Nesse sentido, é
importante contar com uma gestão tributária adequada.
No campo da
administração, os gestores terão de ficar atentos a relevantes novidades que
devem consolidar-se no breve futuro, como a adoção das novas regras de Basileia
III para o setor financeiro; a efetivação da adoção das IPSAS (International
Public Sector Accounting Standards, ou Normas Internacionais de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público); e as mudanças sugeridas pelo projeto europeu
Solvência II (e que terão impactos no Brasil).
A convergência
das normas brasileiras de contabilidade às IFRS segue evoluindo e se adequando
às exigências e necessidades, tanto locais, quanto setoriais, não somente em
razão das mudanças apuradas no âmbito das próprias IFRS e das normas
tropicalizadas emitidas pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis)
brasileiro, mas, também, pela tendência de uma aplicação mais ampla do novo
padrão pelas empresas que buscam destacar suas práticas de transparência e de
governança.
Assim, além das
companhias de capital aberto e grandes corporações, que por lei já têm de
adotar o novo padrão contábil, organizações de menor porte têm adotado as
normas internacionais, com o propósito de serem mais transparentes e ter acesso
a recursos mais baratos nos mercados. Percebemos, dessa forma, que as empresas
e instituições brasileiras vêm se fortalecendo e valorizando padrões de gestão
comparáveis aos das economias mais maduras.
Por outro
lado, a taxa de desemprego ainda é bem baixa. Sabemos que o Brasil,
apesar da crise internacional, tem mantido a oferta de trabalho em níveis
recordes, vivendo praticamente um período de pleno emprego. Esse positivo
indicador é sinônimo de maior consumo, porém, os custos de produção e da
prestação de serviços acabam sendo inflacionados devido às pressões naturais emanadas
do aumento da massa salarial. Isso, sem contar os megaeventos esportivos que
estão batendo à nossa porta.
Ao final da Copa
das Confederações, encerrada em 30 de junho, teremos, em breve, um indicativo
inicial de como essas competições irão influenciar o mercado brasileiro,
principalmente nas áreas do turismo e varejo. Além destes, o setor
de infraestrutura continuará recebendo investimentos.
Em meio a tudo
isso, a tendência é a de que, apesar da turbulência atual, o mercado brasileiro
passe ser olhado com maior cuidado pelos investidores. Torna-se, enfim, cada
vez mais importante focar nos investimentos que visam aumentar a
eficiência dos profissionais e da infraestrutura do País.
Temos de tomar como
princípio para encerrar o ano de 2013 com um saldo positivo, a garantia de
estímulos na ampliação da formação de profissionais e da progressão do
aprendizado, mantendo-os atualizados e preparados para os desafios e
oportunidades.
Gestões
empresariais modernas e confiáveis aos olhos do mercado, dos órgãos reguladores
e da sociedade são essenciais para garantir o sucesso dos negócios.
Pedro Melo é
presidente da KPMG no Brasil.
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