Por Percival Puggina
'Agora tem o Brasil
das mulheres e o Brasil dos homens até nos discursos das autoridades, o Brasil
dos negros, o Brasil dos brancos e o Brasil dos pardos, o Brasil dos héteros e
o Brasil dos gays, o Brasil dos evangélicos e o Brasil dos católicos, Brasil
com bolsa família e Brasil sem bolsa família e nem sei mais quantas categorias,
tudo dividido direitinho e entremeado de animosidades, todo mundo agora dispõe
de várias categorias para odiar! A depender do caso, o sujeito está mais para
uma delas do que para essa conversa de Brasil, esquece esse negócio de Brasil,
não tem mais nada disso!' (João Ubaldo Ribeiro)
O fato é que Cabral não tocou direto para as Índias. Tivesse seguido o riscado,
o Brasil de hoje seria o paraíso tropical com que sonham alguns ambientalistas,
antropólogos e militantes de qualquer tese que possa gerar encrenca. Os
índios do mato continuariam disputando território a flechadas com os do litoral,
que índio também gosta de praia, e os portugueses, sem quaisquer remorsos,
comeriam seu bacalhau no Campo dos Cebolas. Mas os navegadores lusitanos (assim
como os espanhóis) eram abelhudos e iniciaram seu turismo pelos sete mares. Os
primeiros descobriram o Brasil e os segundos descobriram tudo ao redor do
Brasil.
Bem feito, quem
mandou? Agora temos que conviver com leituras da história que nos levaram
à situação descrita por João Ubaldo Ribeiro. Segundo elas, até o século
15, o zoneamento era perfeito - brancos na Europa, negros na África, índios na
América e amarelos na Ásia. Cada macaco no seu galho. No entanto, graças à
bisbilhotice ibérica, estamos nós, herdeiros de Caramuru, com contas imensas a
pagar porque os justiceiros da história adoram acertos e indenizações
promovidos com os bens alheios. Entre elas, a conta dos índios. Como é fácil
fazer justiça expropriando os outros!
O princípio segundo
o qual o Brasil era dos índios e deles foi tomado pelos portugueses ganhou
sensível impulso com os preceitos do artigo 231 da Constituição de 1988. Mas se
o princípio estivesse correto e se quaisquer direitos originais de posse
pudessem ser invocados, não sei se alguém, no mundo de hoje, ficaria onde está.
Não me refiro sequer aos primeiros fluxos migratórios através dos milênios.
Refiro-me às mais recentes e incontáveis invasões e guerras de conquista que
marcam a história dos povos. E note-se que as guerras de conquista não geravam
indenizações aos vencidos, mas espólios aos vencedores.
Faço estas
observações diante do que está em curso em nosso país com os processos de
demarcação de terras indígenas. É o próprio Estado brasileiro, através de suas
agências, reclamando por extensões mais do que latifundiárias e jogando nas
estradas e na miséria legiões de produtores e suas famílias. É o braço do
Estado gerando novas hostilidades no ambiente rural do país (como se já
não bastassem as estripulias do MST). Índios e não índios merecem ser tratados
com igual dignidade. Mas não se pode fazer justiça criando injustiça, nem se
pode cuidar do país entregando o país. Não existem outras 'nações' dentro da
nação brasileira. E é exatamente isso que está em curso, sob pressão de uma
difusa mas ativa conspiração internacional, conjugada com o CIMI e a FUNAI, que
quer o Brasil e os brasileiros longe da Amazônia, por exemplo.
Índio não é bicho
para ser preservado na idade da pedra lascada, como cobaia de antropólogos, num apartheidque
desrespeita o natural processo evolutivo. Ou armazenado, como garrafa de vinho,
numerado e rotulado, com designação de origem controlada.
Percival Puggina é
Jornalista. www.puggina.org e http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/14719-herdeiros-de-caramuru.html
3 comentários:
este cidadão Cabral ia para as Índias e se perdeu, aportando aqui em terras hoje brasileiras.Deveria ter sido o Cristovão Colombo. Que pena!
Tenho grande admiração pelos escritos do Percival Puggina. Mas neste ele só disse bobagem,repetindo outras de José Ubaldo. Como o Brasil não deu certo,o separatismo é uma saída. Mas o separatismo que começaram é muito estranho. Separam-se as "mulheres",os "homens",os"negros",os "brancos",os "pardos",os "héteros",os "gays",os "evangélicos",
os"católicos",os "com" e "sem"bolsa,etc.
Está errado dizer que não "existem nações dentro da nação brasileira".Existem,sim,e várias. O Brasil é um Estado PLURINACIONAL. O SUL é uma delas. Mas nunca aceitaram esse separatismo,que seria o único válido. Cada região,cada nação,como país,cuidaria de si mesma.
Como disse um motorista de TAXI: "vamos devolver o país aos índios e ainda pedir desculpas".
Pois para governar é necessário SER e ESTAR preparado para essa magnânima tarefa de servir a Pátria.
E quanto ao separatismo, constante do texto, é uma verdade em razão do que fizeram na calada da noite em Brasília, por anos e anos a fio. E todos, indistintamente ao longo de décadas, se omitiram escravizando uma nação.
Simples assim e nada complexo. Saudações patrióticas.
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