Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Arthur Jorge da Costa
A imprensa, principalmente a internacional, está
cada dia mais crítica com relação ao desempenho da economia brasileira. A
grande questão é que não existe mais espaço para as audaciosas manobras
econômicas promovidas por Dilma Rousseff, ao utilizar a artimanha “criativa”
sem uma justificativa crível na condução equivocada da sua política
macroeconômica.
Está previsto para o final deste mês que a
economista e presidente do Brasil divulgue para os eleitores os rumos da sua
campanha, que já demonstra vitória
antecipada da sua reeleição, alardeada pelos militantes do seu partido e aliados oportunistas. Diante disso, mais uma
vez, estará elevando os gastos públicos que nortearam o seu primeiro Governo e,
consequentemente, ampliando as deteriorações das contas públicas.
Admiramos perplexos, no início deste ano, sua
magnífica estreia no Fórum Econômico de Davos, quando tentou desesperadamente
amenizar o pânico dos investidores estrangeiros relacionado aos fundamentos
econômicos do Brasil e os temores de que o Governo poderá continuar
estrategicamente interferindo no mercado nacional.
Infelizmente, a presidente não conseguiu animar os
presentes, pelo contrário, parecia mais uma vendedora de carro velho que
somente ressaltava as qualidades do veículo e, ao mesmo tempo, procurava
esconder os defeitos aparentes na chaparia.
Lamentavelmente, não apresentou nada que
sinalizasse ao mundo, de forma consistente, a contínua melhoria da
infraestrutura e a concepção de um novo modelo econômico. Dessa forma,
continuaremos cambaleando e convivendo com uma economia debilitada, suscetível
a crises que abatem países desenvolvidos e/ou emergentes.
Coincidentemente, enquanto Dilma discursava em
Davos, acontecia a primeira expressiva queda, em 2014, do principal índice da
bolsa de valores brasileira – Ibovespa – que apresentou expressivas perdas no
mercado de ações, impactando
substancialmente o valor das empresas que compõem a sua carteira teórica.
Diante da ocorrência, fortaleceu-se a volatilidade
habitual que, nesses últimos pregões, tem apresentado um comportamento bipolar,
alternando dias de queda brusca e alta vigorosa.
Simultaneamente a este episódio, a nossa moeda
também apresentava forte desvalorização entre outras nações emergentes, o que
nos levou a sentir, naquele momento, que o governo irá puxar as rédeas da
descontrolada economia brasileira e que estávamos vivendo, naquele instante,
uma “tempestade perfeita” de notória falta de confiabilidade. Segundo o Financial
Times, o Brasil sempre será lembrado como o grande perdedor deste famoso
fórum mundial.
A presença de Dilma foi a grande surpresa do
conclave. Já ocupando a presidência do Brasil, ignorou os três últimos
encontros, para os quais enviou, como seu representante, a dupla formada pelos
submissos escudeiros que lideram a sua equipe econômica.
O Brasil ficou carimbado como o país com as menores
menções na lista “quente” do evento, ressaltando-se a ausência de investimentos
estruturais e afirmando-se que a aceleração do seu crescimento, até determinado
ponto, se fez basicamente através do estímulo ao consumo por meio da incitação
ao crédito.
O atual governo é enfático em transferir a culpa
dos seus insucessos para o macro ambiente externo, sempre alegando os efeitos
da crise mundial que desfavorece a nossa economia, responsabilizando,
principalmente, o menor crescimento da economia chinesa e o redirecionamento da
política macroeconômica dos EUA em função da revitalização da sua economia.
Não resta dúvida de que esses dois pontos acima são
extremamente importantes, mas sob o ângulo de uma visão sistêmica, pois
envolvem as duas maiores economias do planeta que estão se deslocando lentamente
nos sentidos da mão e da contramão que regulam o crescimento mundial,
favorecendo o surgimento de um novo ciclo para a economia global, que,
provavelmente, trará consigo alguns riscos que precisam ser melhor
dimensionados.
Quando se trata do ambiente interno, este é menos
barulhento, pois foi o único responsável por executar conscientemente os
desacertos econômicos, com o objetivo de introduzir de forma ardilosa seu
projeto político iminentemente neofascista, procurando, dessa forma, se manter
no poder por muitos anos.
O país sofre de uma evidente ilusão a respeito das
causas do crescimento “espetaculoso” após o PT se acomodar no berço esplêndido
do Planalto.
Para os governistas, isso seria o resultado da
expansividade do consumo, fomentada pela adoção de políticas de distribuição de
renda e apoiada nos aumentos reais do salário mínimo e na execução das Bolsas -
Família e outras mais, todas elas de cunho eleitoreiro.
Essas políticas são plenamente justificáveis, pois
representam dois aspectos fundamentais que não estão correlacionados à
administração petista; um surge de fora, na época da ascensão da China, o que
proporcionou, durante um bom período, um saudável crescimento das exportações
brasileiras de commodities, tornando-se aquele país nosso principal
parceiro econômico.
O outro foi construído internamente através de
reformas estruturais realizadas pelos governos anteriores, a exemplo da
abertura da economia, do exitoso Plano Real, das privatizações retomadas com
muita paixão por Dilma e acompanhadas de inúmeras justificativas para não
vinculá-las ao governo tucano de FHC; da elaboração e promulgação da Lei de
Responsabilidade Fiscal e da adoção de mecanismos que visam fortalecer o tripé
da gestão macroeconômica que abrange, simultaneamente, inflação, gastos
públicos e câmbio. Uma notável herança benigna.
Como sou um curioso da administração ambiental,
arrisco uma analogia contextualizada entre a ecologia e a economia brasileira. “Os ventos que sopravam dentro do país
já se dissiparam. A brisa externa que atingia o Brasil diminuiu sua
intensidade. Portanto, o quanto antes, é indispensável reconstruir um novo meio
ambiente para o país”.
Já sabemos, mas é prudente sempre frisar, que a
nossa presidente vem desapontando desde o início da sua famigerada administração
no que diz respeito ao desempenho da nossa economia; sua gestão apresenta um
crescimento médio do PIB (Produto Interno Bruto) de apenas 1,8% a.a, uma
inflação que beira os 6,0%, déficit em conta corrente de 3,7% em relação ao
PIB, excessivo intervencionismo estatal, inconsequentes mudanças de regras,
hostilidade ao capital privado, um amontoado de linhas de crédito subsidiadas
oferecidas pelo BNDES e que alimentaram, em boa parte, a expansão da dívida
pública, agravando a transparência e a credibilidade da política fiscal;
deterioração das contas externas, desenfreados gastos públicos e a
inconsistente política econômica minam frontalmente a confiança governamental,
desanimando os investimentos.
Dilma promoveu uma multiplicidade de políticas que
contribuíram para dificultar mais ainda o cenário; dentre as mais importantes,
sinaliza-se coagir o Banco Central a golpear a taxa básica de juros e a criação
de diversos subsídios e estímulos para disfarçar os danos fiscais através de
mirabolantes mágicas contábeis.
O último
significativo acontecimento veio do firmamento. Nos últimos anos, o problema
era a abundância de chuvas; agora é a forte estiagem predominante em muitas
regiões do país, conflitando com a grande demanda por energia durante o nosso verão.
Se persistirem os riscos de apagão, a adoção de um racionamento será
inevitável.
Penso que ainda não existem dados consolidados
sobre o estrago que a falta de chuvas em harmonia com elevadas temperaturas têm
provocado no campo. Os produtores de grãos, verduras, café, laranja e os
pecuaristas vivem preocupados com relação às prováveis perdas que já reproduzem
alta nos seus preços, com a possibilidade dos alimentos turbinarem a inflação
no segundo trimestre deste ano.
Conforme as notícias divulgadas pela imprensa, o
governo brasileiro tenta minimizar a crise de energia já plenamente instalada,
o que prejudica parcialmente o crescimento econômico e pode trazer literalmente
grandes prejuízos à sua candidatura num ano iminentemente eleitoral, à véspera
da propalada Copa do Mundo que terá seu início em junho, período no qual também
costuma haver escassez de chuvas em algumas plagas, potencializando riscos.
Problemas no
setor elétrico são atualmente as grandes alucinações que infernizam as cabeças
coroadas do Planalto e também o comitê da pré-campanha de reeleição da atual
mandatária. Ela foi, durante a administração de Lula, sua ministra exemplar,
ocupando a pasta de Minas e Energia, onde se destacou pelo seu perfil técnico
e, quaisquer problemas nesta área estão intimamente vinculados à sua imagem.
Nos primeiros trinta e cinco dias de 2014
aconteceram treze cortes de energia em doze estados que envolvem quatro regiões
do país, deixando mais de cinco milhões de lares e estabelecimentos comerciais
às escuras, segundo a cúpula do gerenciamento do sistema elétrico nacional. Em
igual período, no ano passado, houve apenas três apagões, o que demonstra
nitidamente a grande crise que iremos continuar vivenciando.
Infelizmente, estamos colhendo, neste especial momento,
alguns frutos da má gestão de uma caótica administração federal, também
comprovada no setor de energia.
Sem dúvida, o atual governo menosprezou os
investimentos necessários a este indispensável segmento. Poderia, simplesmente,
ter retirado os impostos federais da conta de luz, buscando atingir o seu
objetivo da redução.
Penso que nós assistimos a um momento extremamente
delicado no que diz respeito à questão do sistema energético. É necessário
entender que a Eletrobras, uma estatal que em 2010 valia R$ 32 bilhões, hoje
vale em torno de R$ 8 bilhões. Seus técnicos avaliam que se não houver aumento
na oferta de energia, o governo vai ter que dispor de R$
15 bilhões do Orçamento, destinando-os às distribuidoras.
A meu ver, existem apagões muito piores - o da
incompetência que já dura mais de dez anos, deixando o País nas trevas da
corrupção desvairada, na escuridão da imoralidade no trato com a causa pública,
provocando a cegueira que impede os governantes de enxergar os avanços nas
reformas estruturais que são imprescindíveis para o crescimento sustentável do
Brasil.
Esses fatos reunidos descredenciam moral e
administrativamente a postulante a renovar o seu mandato, no comando dos
destinos da nossa sofrida e combalida nação.
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA
em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
Um comentário:
Não contamina não, meu caro. Não num país cuja população só pensa em ganhar algum troquinho do governo, sem trabalhar! Basta assegurar recursos do erário para a infinidade de "bolsas" (mesmo às custas de mais dívida pública), que essa inepta "presidenta" se reelegerá em primeiro turno! Até porque, para o povão, economia é coisa "di comê"!
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