Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Dom Bertrand de Orleans e Bragança
Dirijo-me a Vossa
Santidade em meu duplo caráter de Príncipe da Casa Imperial do Brasil e ativo
participante da vida pública de meu País, para lhe externar uma grave
preocupação concernente à causa católica no Brasil e na América do Sul em
geral.
É bem conhecido dos
brasileiros o fato de que foi a instâncias do Papa Leão XIII, e apesar dos
previsíveis inconvenientes políticos que daí adviriam, que minha bisavó, a
Princesa Isabel, regente do Império, assinou a 13 de maio de 1888 a Lei Áurea,
abolindo definitivamente a escravatura no Brasil. Custou-lhe o trono, mas
valeu-lhe passar à História como A Redentora, e receber das mãos do Papa a Rosa
de Ouro, em recompensa pela sua abnegação em favor da harmonia social e dos
direitos dos mais desvalidos.
Movido pelo mesmo
senso de justiça e devotamento ao bem comum de meus antepassados, honro-me em
ter dado início e animado durante 10 anos a campanha Paz no Campo1, a qual
promove a harmonia social no agro brasileiro. Tarefa tanto mais imperiosa
quanto, nas últimas décadas, o meio rural do País vem sendo notoriamente
conturbado por uma sequência de invasões de terra, assaltos, destruição de
plantações, desapropriações confiscatórias, exigências ambientalistas
descabidas e insegurança jurídica.
No cerne dessa
agitação agrária — que é o principal empecilho para o pleno desenvolvimento da
agricultura e pecuária brasileiras, responsáveis por 37% dos empregos no
Brasil2 e por cerca de metade dos novos empregos criados no primeiro semestre
de 20133 — encontram-se o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, mais conhecido
pela sua sigla MST, e a organização internacional La Via Campesina.
Por isso, foi com
consternação que tomei conhecimento do convite enviado pela Academia Pontifícia
de Ciências ao Sr. João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST e
representante da Via Campesina, para participar como observador de um seminário
organizado pela referida Academia, em Roma, no dia 5 de dezembro de 2013, sobre
A emergência das pessoas socialmente excluídas, com as despesas de viagem pagas
pelo Vaticano, segundo declarou o próprio favorecido.
Essa consternação
difundiu-se nos mais variados meios católicos, pois, como era previsível, o
conhecido agitador do MST aproveitou-se do evento como tribuna para promover,
uma vez mais, seus princípios errôneos e falsas soluções, ambos baseados na
premissa marxista da luta de classes e na utopia de uma sociedade coletivista.
Com efeito, apenas
dois dias após o simpósio realizado nas dependências da Santa Sé, o Sr. João
Pedro Stédile proferiu uma palestra para os militantes da ultra-esquerda
altermundialista italiana, num antigo teatro de Roma por eles ocupado. Na
palestra, reproduzida pela Agência de Notícias Adista4, ele faz apologia de
seus métodos ilegais. Segundo disse, “a estrada das mudanças pela via institucional
parece decisivamente bloqueada”; e até gabou-se de que “tudo o que o MST tem
conquistado no decurso de seus 30 anos de vida é devido à prática das ocupações
de massa”, ou seja, da violação sistemática da propriedade privada no meio
rural.
A necessidade desse
recurso à ilegalidade e até à violência por parte do MST decorreria, segundo
Stédile, do fato de que “no atual contexto histórico, a correlação de forças a
nível de luta de classes é bastante desfavorável às classes trabalhadoras” — ou
seja, às esquerdas que usurpam a representatividade do setor operário.
Stédile admite
inclusive que “o mundo vive um período de refluxo do movimento de massa” que
afeta ao próprio MST, devido a que “as condições da luta de classes resultam
mais difíceis: as massas percebem a impossibilidade de uma vitória, e se voltam
para trás”.
Mas ele afirma que
essa falta de apoio popular não deve desencorajar as forças da esquerda.
Apelando à “escola dos marxistas históricos britânicos”, o líder dos invasores
de propriedades espera que o atual período de refluxo seja também um “período
de resistência... prelúdio de um processo de retomada”.
Esse período de
resistência — que segundo ele poderá levar “alguns anos” — deverá servir para
“aprender as lições da luta de classes no decurso do tempo”. E o MST deve
aproveitá-lo para sua “formação política”, valorizando e “estudando Marx,
Lenin, Gramsci, mas também os brasileiros Paulo Freire, Josué de Castro e
tantos outros”, disse Stédile a seus ouvintes altermundialistas italianos.
Permita-me, Santo
Padre, frisar a ameaça com a qual Stédile concluiu sua arenga: assinalando que
é preciso que “a classe trabalhadora se reúna a nível internacional”, mas que
isto seja feito por fora das ONGs e dos Fóruns Sociais — dado que estes teriam
fracassado na tarefa de “organizar o povo” —, indicou que agora é preciso
reunir “todos os movimentos sociais do mundo” em um “outro espaço” de
confrontação ao capital financeiro internacional. Dessa forma, concluiu, “a
curva da luta de classes será mundial e, portanto, quando começar a fase de
ascensão, será assim por toda parte. E a terra tremerá”.
A terra por
enquanto não treme. Mas não posso deixar de me perguntar, Santo Padre, qual a
razão de que esse paladino de uma utopia revolucionária tão visceralmente
anticristã e promotor da violação sistemática das leis tenha sido convidado
pela Pontifícia Academia de Ciências. Pois é obvio que, sendo as classes
populares cada vez mais infensas à pregação revolucionária, o interesse do
líder do MST e dos revolucionários em geral só pode ser a sua pretensão de
utilizar-se da Igreja Católica e de organismos da
Santa Sé como
companheiros de viagem nessa utópica aventura (daí o apelo a estudar Gramsci, o
grande ideólogo dessa estratégia).
É o que admite o
próprio J.P. Stédile em entrevista5 concedida logo após sua palestra no Teatro
Valle Occupato, gabando-se de ter conseguido “motivar a que o Vaticano nos
ajude com a Via Campesina e como movimentos sociais a organizarmos no próximo
ano diversas conferências”.
Ele espera,
ademais, que se estabeleça “de agora em diante um diálogo maior do Vaticano com
os movimentos sociais”, cujo resultado seria que “em nossos países [...] as
igrejas locais ouçam os povos e não o Núncio apostólico, que é um burocrata a
serviço de não sei quem” (destaques meus).
É assim que ele
retribui o convite e a passagem aérea que diz ter recebido do Vaticano...
Quais seriam os
membros dessas “igrejas locais” que assim desqualificam o representante da
Santa Sé a pretexto de ouvir “os povos”, senão os adeptos da Teologia da
Libertação?
É bem sintomático o
tom eufórico com o qual um dos mais publicitados corifeus dessa corrente, o ex-frade
Leonardo Boff, comentou a incursão do Sr. Stédile no Vaticano6.
Boff manifestou seu
gáudio pelo fato de que “os pobres e excluídos” — na verdade, os líderes
extremistas de esquerda — sejam agora “convocados a Roma, junto à Sé
Apostólica, para falarem por si mesmos”. Destacou que “o tema fala por si: A
emergência dos excluídos. Isso nos remete a um tema central da Teologia da
Libertação ainda nos seus primórdios: A emergência dos pobres”.
Segundo o
ex-religioso, o simpósio em questão pode significar “o começo de uma nova vontade
de reinventar [sic] a Humanidade”. Como isto lembra o mito do “homem novo”
coletivista, sonhado por Marx!
Tudo quanto
anteriormente foi exposto, Santidade, é de molde a chocar milhões de católicos
brasileiros que conhecem de perto o passado de violência, de crime, de
destruição e de miséria que o MST e a Via Campesina têm deixado atrás de si no decurso
de 30 anos de ocupações ilegais de terras e de domínio totalitário sobre os
militantes que reúnem em seus acampamentos.
Esses brasileiros
ficarão ainda mais desconsertados quando tomarem conhecimento de que, além do
convite enviado a João Pedro Stédile para participar do referido seminário da
Pontifícia Academia de Ciências, Vossa Santidade gravou em vídeo, nessa
ocasião, uma mensagem de saudação aos integrantes da Via Campesina.
Talvez Vossa
Santidade não tenha sido informado de modo cabal, mas essa organização
subversiva ficou tristemente conhecida dos brasileiros em abril de 2006,
através do pranto comovedor, diante das câmaras de TV, da pesquisadora Isabel
Gonçalves, que viu um meritório esforço de 20 anos de investigação científica
aniquilado pelo ataque vandálico de 2.000 militantes dessa organização contra a
empresa Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul7. Os invasores, em operação
perfeitamente sincronizada, depredaram grandes estufas experimentais, sistemas
de irrigação, viveiros de mudas, incendiaram instalações e destroçaram modernos
equipamentos de laboratório.
Pode Vossa
Santidade calcular o quanto soará inverossímil, aos milhões de telespectadores
que assistiram estarrecidos o pranto desconsolado da cientista, saber que Vossa
Santidade, nesse vídeo, estimulou a Via Campesina a “seguir adelante” —
precisamente o que a cientista não pôde fazer, ou seja, prosseguir com suas
pesquisas meritórias!8
Esse procedimento
da Via Campesina não foi o único, Santo Padre. Para não me estender demais,
aduzo apenas outro exemplo. Em junho de 2008, membros da organização destruíram
as pesquisas da Estação Experimental de Cana de Açúcar de Carpina, na Mata
Norte, órgão ligado à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Por
volta das 4 horas da madrugada, cerca de 200 integrantes da Via Campesina
chegaram ao local em dois ônibus e renderam o vigilante da estação. Em uma ação
rápida, que durou cerca de uma hora, destruíram plantações experimentais no
campo e pesquisas do Centro de Vegetação para Experimentos. Nos locais havia
pesquisas da referida Estação Experimental e de estudantes de mestrado e
doutorado.
De acordo com o
diretor da unidade, Djalma Eusébio, o prejuízo científico e tecnológico é
incalculável: “Eles destruíram plantas que faziam parte de pesquisas de
melhoramento genético que duram mais de dez anos. Havia pesquisas que estavam
sendo desenvolvidas há mais de dois anos e foram completamente destruídas. Não
há como recuperar o prejuízo”, disse.
Os manifestantes
fugiram antes de a polícia chegar e deixaram duas bandeiras no campo9. Quanto
às destruições operadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
durante suas invasões criminosas, seria preciso escrever um extenso livro para
relatá-las. Poupo a Vossa Santidade esse dissabor.
Os integrantes da
Via Campesina provavelmente interpretarão suas palavras de “seguir adelante”
como aplicáveis a suas ações delituosas acima descritas. Neste caso, elas
estariam em nítido contraste com as categóricas palavras com que seu predecessor,
S.S. João Paulo II, retomando o ensinamento de Leão XIII, condenou, em três
oportunidades, entre 1991 e 2002, as ocupações ilegais de terras.
Em particular, a
advertência de João Paulo II aos Bispos do Regional Sul l da CNBB, em visita ad
limina apostolorum, em março de 1995, quando reiterou o ensino tradicional da
Igreja: “Recordo, igualmente, as palavras do meu predecessor Leão XIII quando
ensina que ’nem a justiça, nem o bem comum permitem danificar alguém ou invadir
a sua propriedade sob nenhum pretexto’ (Rerum Novarum, 55).
A Igreja não pode estimular, inspirar ou
apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões
pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas”
10 (destaques meus).
Advertência que
S.S. João Paulo II reiterou em novembro de 2002, com as seguintes palavras:
“Para alcançar a justiça social se requer muito mais do que a simples aplicação
de esquemas ideológicos originados pela luta de classes como, por exemplo,
através da invasão de terras — já reprovada na minha viagem pastoral em 1991”11
É de se admitir,
entretanto, que Vossa Santidade não tenha tido conhecimento dos fatos
delituosos envolvendo a Via Campesina no Brasil, e que as palavras “seguir
adelante” não passem de uma forma estilizada para concluir sua saudação.
Porém — seja-me
permitido dizer com todo o respeito — minha perplexidade seria maior na
eventualidade de Vossa Santidade não saber perfeitamente quem é Juan Grabois,
argentino militante da “esquerda popular” peronista, também convidado pela
Pontifícia Academia de Ciências, não só para ser um dos organizadores do
referido seminário, como também para ser o primeiro de seus relatores. Ou seja,
aquele que daria o tom ao subsequente colóquio.
Articulador da rede
de cartoneros — os catadores de papel de Buenos Aires — no chamado Movimento de
Trabalhadores Excluídos, bem como um dos fundadores da Confederação dos
Trabalhadores da Economia Popular, esse advogado e militante da esquerda
peronista não esconde suas convicções abertamente marxistas.
Em artigo para
AgendaOculta.net12, Grabois sustenta que a “acumulação originária” de riqueza das
classes abastadas “provém de algum grande crime” que “o tempo não lavará
jamais”. Para ele, tal riqueza particular é necessariamente fruto de “saque,
escravidão, rapina, contrabando, evasão de capital, tráfico de pessoas,
tráfico, usurpação, calote, corrupção, malversação de fundos públicos...”. E
acrescenta: “São estes, e não outros, os métodos que tem no cardápio todo
aspirante a burguês”.
Nessa qualificação
inclui os trabalhadores da economia informal que, quando bem sucedidos em seus esforços,
passam ipso facto, segundo ele afirma, de autoexplorados a exploradores e
estabelecem, também eles, “sistemas pericapitalistas de acumulação baseados no
delito, na exploração, na escravidão e na violação de todos os direitos
sociais” de seus colaboradores e parceiros.
Ou seja, todo
proprietário particular seria um ladrão pelo simples fato de ser abastado: é a
velha tese de Marx e Proudhon. Vossa Santidade notará que uma simplificação tão
grosseiramente unilateral, um tal ódio de classe ao chamado “burguês” e à
propriedade privada, como à livre iniciativa e ao sistema salarial, está nos
antípodas do pensamento da Igreja, e não pode senão desembocar no “socialismo
real”.
É precisamente o
que propõe o ideólogo dos cartoneros argentinos: “A construção de uma economia
popular solidária, austera, não consumista”, a qual pressupõe um “marco
estratégico” definidamente socialista e estatizante: só quando a economia seja
“socializada e planificada”13, disse ele, se poderá realizar a “sociedade sem
explorados nem exploradores”, o que implica “uma intervenção fortíssima do
Estado”14. Tal intervenção será abrangente e omnímoda: “regulando,
planificando, complementando e subsidiando as unidades produtivas populares”15.
Cabe perguntar: no
que se diferencia esse modelo de uma volta à defunta União Soviética?...
Veneno marxista num
invólucro humanitário: tais são as ideias básicas desse advogado
revolucionário.
Entretanto, Vossa
Santidade convidou seus cartoneros a subirem no palanque da Praia de
Copacabana, durante a Via Sacra da Jornada Mundial da Juventude16, além de lhe
tributar outros gestos de acolhimento, como a audiência que lhe concedeu17, por
duas horas, no mês de agosto passado, em sua residência de Santa Marta.
Envolveriam estes
gestos de Vossa Santidade um apoio à linha traçada pelo ideólogo Jean Grabois?
Eis minha filial e
respeitosa pergunta.
Naturalmente o Sr.
J. Grabois aproveitou sofregamente a tribuna inaugural do seminário de 5 de
dezembro para apoiar suas análises no marxismo, e “explicar” ao Cardeal
Turckson, da Comissão Justiça e Paz, e aos demais participantes do evento, que
Marx tinha razão, apenas anteviu todos
os desdobramentos ruinosos do capitalismo!
Santo Padre, não
abusarei do tempo de Vossa Santidade resumindo a palestra de Grabois,
intitulada Capitalismo de exclusión, periferias sociales y movimientos
populares18. Apenas assinalo que ele retoma velhos chavões marxistas sobre o
“caráter estrutural da exclusão”, que para ele “surge das entranhas do sistema
econômico financeiro global”, como “consequência de estruturas humanas
injustas”. Por isso considera necessário “analisar o capitalismo na sua fase
atual” globalizada, bem como “os novos antagonismos sociais que ele gera”.
Esta questão,
segundo o advogado marxista, já fora abordada por Karl Marx no capítulo XXIII
de O Capital. Contudo o que Marx não previu, disse ele, é que, no mundo
globalizado, um segmento crescente da população ficaria de fora do processo
produtivo formal, constituindo a “massa marginal” dos “trabalhadores excluídos”
que, para sobreviver, entram na esfera econômica da informalidade e constituem
“o sujeito social mais dinâmico desta etapa histórica”. Frei Betto, citado por
Grabois, qualifica os trabalhadores deste setor como “pobretariado” [sic!].
Esses trabalhadores
informais seriam supostamente movidos pela aspiração por “um mundo sem
exploração do homem pelo homem, onde cada qual receba segundo sua necessidade e
contribua segundo sua capacidade” (princípio marxista bem conhecido). Ou seja,
seriam todos comunistas em potencial, utopistas marxistas puros, ainda quando
não explícitos! E esta clamorosa inverdade, Santo Padre — que seria risível se
não fosse terrível — custa entender que tivesse sido pregada em recintos da Sé
Apostólica...
Nessa palestra,
Grabois retoma a velha dualidade marxista opressor-oprimido, para dizer que
hoje emerge um novo proletariado prestes à rebelião, constituído pelos
“descamisados do século XXI, os desempregados, os cartoneros, os indígenas, os
camponeses, os migrantes, os vendedores ambulantes, os sem teto, sem terra, sem
trabalho”.
Este pobretariado
se apresenta com novas formas de articulação e novos meios de ação, diz
Grabois, entre os quais destaca “diferentes formas de ação direta”, termo
eufemístico cunhado pelos anarcosindicalistas franceses do início do século XX
para indicar ilegalidade e violência. O emprego, hoje, dessa estratégia da
“ação direta” decorreria do fato de que, enquanto os operários industriais
“contam com a greve como principal ferramenta, os excluídos só podem se fazer
ouvir através de piquetes, mobilizações e outras formas de luta que costumam
ser criminalizadas”.
Como paradigmas
dessa “ação direta”, o ativista cartonero menciona precisamente os movimentos
convidados pela Pontifícia Academia de Ciências para participar do seminário
por ela organizado: o Movimento de Trabalhadores Excluídos (MTE) da Argentina
(na pessoa dele próprio, Juan Grabois), bem como o Movimento dos Sem Terra
(MST) do Brasil (representado pelo Sr. J.P. Stédile), o qual “forma parte da
Vía Campesina, com mais de 100 organizações em todo o mundo”, com sede central
na Indonésia.
O mais
inacreditável, nessa contundente palestra, é que o Sr. Grabois insiste no fato
de que, embora na economia informal popular “os meios de produção necessários
estão ao alcance dos setores populares”, isso não conduz a que tais meios se
“explorem coletivamente” e possam gerar “relações sociais que sejam horizontais”
— em suma, para se chegar a um regime comunista.
Então é preciso que
também a economia informal seja controlada pelo “poder popular”— ou seja, por
novos sovietes. Daí nasceria “uma nova sociedade”, que, como facilmente se
percebe, identifica-se com o mais puro comunismo.
Tanto mais que, se
o modelo dessa “nova sociedade” é o dos assentamentos controlados pelo MST,
convém não esquecer o que Miguel Stédile (filho de J.P. Stédile), da
coordenação nacional do MST, declarou à revista Época (n° 268, julho de 2003):
“Queremos a socialização dos meios de produção. Vamos adaptar as experiências
cubana e soviética ao Brasil”19.
Santidade, para meu
coração de católico e brasileiro resulta inexplicável que nos recintos sagrados
da Cidade do Vaticano tenha ressoado uma tal apologia do comunismo — com sua
ideologia fundada na negação da propriedade privada e na luta de classes —
feita pelo Sr. Grabois 76 anos depois que o Papa Pio XI houvesse condenado esse
sistema antinatural como “intrinsecamente perverso”20!
Sobretudo não deixa
de causar perplexidade que o advogado que proferiu semelhante discurso tenha
sido convidado, por Vossa Santidade, para uma audiência privada no dia
seguinte. E que, no curso dessa audiência, tenha sido gravada a saudação já
mencionada para La Via Campesina, e mais um vídeo de promoção do Movimento de
Trabalhadores Excluídos, fundado e animado por um militante neomarxista
convicto.
É compreensível,
pois, que a Via Campesina, o MST e o MTE se tivessem apressado em dar
publicidade a esses eventos, como “um acontecimento sem precedentes”, num
comunicado conjunto21 amplamente difundido na mídia, no qual se insiste em que
a “atividade foi coordenada pelo chanceler da Academia, [Arcebispo] Monsenhor
Marcelo Sánchez Sorondo, a pedido do próprio Francisco”.
O comunicado
sublinha que, “finalizada a jornada, Stédile e Grabois mantiveram uma
prolongada reunião com o Cardeal Turkson, presidente do Pontifício Conselho de
Justiça e Paz, na qual intercambiaram opiniões sobre diferentes questões sociais
e discutiram alternativas para dar continuidade ao diálogo entre Igreja e
movimentos populares”.
Desses encontros
com prelados da Cúria Romana, o MST e o MTE esperam auferir inúmeras vantagens.
O mesmo Grabois afirmou, em entrevista para a Radio Vaticano22: “Nós temos que
globalizar a luta (...). E eu creio que nesse âmbito, inclusive o Conselho
Justiça e Paz, com uma pessoa como [o cardeal] Turkson, vai nos dar uma mão”.
Disse também acreditar que “embora pareça um pouco estranho”, a Pontifícia
Academia de Ciências “também está disposta a acompanhar, no que lhe cabe, as
reivindicações, as nossas posições, nossas lutas, inclusive fortalecer os
processos de organização. Sempre num ambiente de diálogo, de paz, de
convivência, de respeito pelas instituições”.
Quanto às promessas
de paz e de respeito pelas instituições, pelo menos no que concerne ao MST,
sinto-me no direito de qualificá-las de hábil dissimulação para melhor angariar
o apoio da Santa Sé.
Mas, se a
Pontifícia Academia de Ciências realmente se comprometeu a contribuir para
fortalecer os processos de organização dos chamados “movimentos sociais”, como
asseveraram esses líderes do MST e do MTE, não surpreende que o comunicado
conjunto afirme que ambos os movimentos partilham a “renovada sensação” de ter
recebido “um importante apoio em sua luta”, e que “se abre uma nova etapa na
unidade global do campo popular”. É como quem dissesse: agora sim, poderemos
tornar realidade a convocatória de Marx e Engels: “Proletários de todo o mundo,
uni-vos!”
Certamente esta
“nova etapa” não pressagia nada de bom para o Estado de Direito e a alardeada
democracia nos nossos países. Pois, segundo o mesmo comunicado conjunto do MST
e do MTE, “a democracia formal ou burguesa falhou. As formas de representação
estão em crise e não respondem aos interesses dos povos. [...] Há necessidade
urgente de desenvolver novas formas de participação popular nos três poderes e
novas formas de representação política, em todo o mundo. Uma democracia que,
além de formal, seja real”.
Em outras palavras,
o duo MST-MTE propõe o estilo de “democracia popular” que vigora em Cuba ou na
Venezuela chavista. Ou seja, uma ditadura de fato, e tanto mais perigosa quanto
esses dois “movimentos sociais” aspiram a amordaçar a imprensa livre: “A construção
de uma democracia necessita democratizar, em primeiro lugar, os meios de
comunicação”, afirmam eles de modo eufemístico.
Não posso deixar de
me perguntar, Santo Padre, com profunda apreensão e até com angústia: de onde
provém a esperança desses extremistas de esquerda, de contar com o apoio de
organismos da Santa Sé para levar a cabo seus planos revolucionários e
ditatoriais?
Tudo parece indicar
que eles dão por certo que estaria havendo uma mudança de orientação
doutrinária da Santa Sé. Um indício disso é que o comunicado do MST-MTE
registra o fato de que “todos os participantes fizeram reiteradas referências à
Exortação Apostólica Evangelii Gaudium” e a seus “categóricos e esclarecedores
conceitos sobre a situação dos excluídos e a matriz excludente da economia
global”.
Outro indício é que
a própria Rádio Vaticano, em transmissão de 22 de janeiro último, juntou-se às
comemorações dos 30 anos de fundação do MST23. E para isso franqueou seus
microfones ao padre Savio Corinaldesi, missionário xaveriano, para o qual o MST
é “uma luz”. Este sacerdote, utilizando expressões de um radicalismo fora do
comum, chega a dizer que o MST é “odiado, execrado e combatido por aqueles que
odeiam, execram e combatem o povo”. E, em seguida, faz uma convocatória para que
o povo se organize:
“Mas, ainda hoje,
há uma mensagem que todos devemos escutar é pôr em prática: o povo sabe
resolver os seus problemas, e o faz quando se organiza” (destaques meus).
Como não ver, nessa
esdrúxula transmissão da Rádio Vaticano, uma triste e rejeitável sequela do que
se passou na Pontifícia Academia de Ciências?
Para evitar
quaisquer mal-entendidos, esclareço a Vossa Santidade que de modo algum
considero o atual hipercapitalismo globalizado como panaceia econômica, e que,
como católico, deploro, entre outros defeitos graves da presente economia
mundial, que os benefícios básicos do progresso material não tenham ainda
alcançado muitas parcelas da população. Mas esta não é uma questão meramente
econômica.
Ensinou Leão XIII
que a chamada “questão social” é principalmente uma questão de ordem moral e
religiosa. Disse o Pontífice: “Alguns professam a opinião, assaz vulgarizada,
de que a questão social, como se diz, é somente econômica; ao contrário, porém,
a verdade é que ela é principalmente moral e religiosa; e, por este motivo,
deve ser sobretudo resolvida em conformidade com as leis da moral e da
religião”24.
Assim sendo, uma
intervenção bem sucedida da Hierarquia Eclesiástica no campo econômico e social
deveria partir da denúncia dos dois vícios que estão na origem de todas as
desordens e revoluções modernas: o orgulho e a sensualidade 25.
Esses vícios
alimentam os dois erros fundamentais e aparentemente opostos de nossa época: o
utopismo coletivista e o liberalismo individualista. Porque, de um lado, geram
o sonho anárquico-igualitário de uma sociedade sem governo, sem classes e sem
leis; e de outro lado, estão na raiz do liberalismo moderno, o qual recusa toda
referência a uma verdade objetiva, a valores absolutos, a uma lei superior e, por
isso, conduz à “ditadura do relativismo”, oportunamente denunciada pelo então
Cardeal Ratzinger 26.
Assim, na raiz mais
profunda da crise antropológica pela qual passa hoje a humanidade, não está
simplesmente a negação de direitos fundamentais do homem, mas resulta da
negação da primazia de Deus na organização da sociedade humana. Todo o resto é
mera consequência.
A atual sociedade,
de inspiração laica, menospreza os bens da alma. Ela penetrou como um veneno o
Ocidente a partir da recusa da ordem austera e sacral que vigorava na
Cristandade quando, segundo as luminosas palavras de Leão XIII, “a filosofia do
Evangelho governava os Estados. Nessa época a influência da sabedoria cristã e
a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos
povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil”27.
Assim, conforme
igualmente aos ensinamentos de São Pio X, um verdadeiro retorno à ordem na
sociedade humana supõe a restauração de todas as coisas em Cristo — o belo lema
de seu pontificado: Instaurare omnia in Christo (Ef. 1,10) — e a retomada do
ideal cristão de sociedade, que ele magistralmente enunciou. Face à “anarquia
social e intelectual” que grassava no início do século XX, o santo Pontífice
assinalava a verdadeira saída: “A cidade não será construída de outra forma
senão aquela pela qual Deus a construiu; a sociedade não se edificará se a
Igreja não lhe lançar as bases e não dirigir os trabalhos; não, a civilização
não mais está para ser inventada nem a cidade nova para ser construída nas
nuvens. Ela existiu, ela existe; é a civilização cristã, é a cidade católica.
Trata-se apenas de
instaurá-la e restaurá-la sem cessar sobre seus fundamentos naturais e divinos
contra os ataques sempre renovados da utopia malsã, da revolta e da
impiedade”28
No que concerne ao
reerguimento e à regeneração das classes operárias, São Pio X já insistia em
que “os princípios da doutrina católica são fixos” e, citando Leão XIII,
sublinhava a necessidade de “manter a diversidade das classes, que é seguramente
o próprio da cidade bem constituída, e querer para a sociedade humana a forma e
o caráter que Deus, seu Autor, lhe imprimiu”29 (destaque meu).
Ao mesmo tempo
aquele grande Pontífice denunciava a perversidade que há em “pretender a
supressão e o nivelamento das classes” sociais — tal como o fazem o MST e o MTE
— e em trocar as bases naturais e tradicionais da sociedade humana pela
promessa de “uma cidade futura edificada sobre outros princípios”30,
notadamente os do igualitarismo.
Portanto, não serão
os programas altermundialistas de cunho “ecológico” e neomarxista dos ditos “movimentos
sociais”, que irão resolver a crise econômica atual e reduzir a pobreza no mundo.
Se o problema é o
da emergência dos excluídos, Cuba é precisamente o contra-modelo a ser evitado a
qualquer custo, sob pena de transformar o mundo todo numa sociedade de miseráveis,
estes sim, excluídos: excluídos do bem-estar, excluídos da vida política,
excluídos da cultura, excluídos da liberdade de viajar e, sobretudo, excluídos de
praticar sem entraves a religião católica na Ilha-prisão!
Os pobres não
querem para si um tal pesadelo. E, por isso mesmo, poucos se deixam iludir
pelos devaneios de um MST ou de um MTE, ainda que estes se revistam, em sua
pregação revolucionária, com as roupagens falsamente cristãs de uma Teologia da
Libertação de orientação claramente marxista.
É muito
significativo que, em 2009, uma sondagem do Instituto de pesquisas Ibope 31 tenha
mostrado que 92% da população brasileira considera ilegais as invasões de
terras promovidas pelo MST; e 72% dos ouvidos julgam que o poder público
deveria utilizar a polícia para cumprir ordens judiciais de retirada dos
invasores. Para mais de 70% dos entrevistados o MST prejudica o desenvolvimento
econômico e social, a geração de empregos e os investimentos nacionais e
estrangeiros. Mais significativo ainda, para 85% dos brasileiros o direito de
propriedade privada é essencial ao País: clara amostra de que os povos rejeitam
o comunismo e sua miséria.
A demagogia da
esquerda, Santidade, pode encontrar ressonância nas redações de certos jornais
e TVs, em meios acadêmicos, na nomenklatura dos partidos políticos... e até —
dói constatá-lo — em certos meios eclesiásticos; mas ela não engana a grande
maioria do povo, que cada vez mais se distancia dela.
Comprovação disso é
que, entre as reivindicações mais constantes dos movimentos imbuídos dessas
ideias revolucionárias sempre esteve a implantação de uma reforma agrária
radical, que eliminasse a grande e média propriedade, reduzindo todo o
arcabouço rural de uma nação a pequenas áreas de terra que, aliás, em grande
parte nem sequer seriam propriedade de seus detentores, mas sim de cooperativas
fortemente estatizadas.
Ora, apesar da
fenomenal propaganda feita em seu favor e dos rios de dinheiro nela aplicados,
a reforma agrária fracassou no Brasil. A situação econômica e social nos
assentamentos de reforma agrária é tão grave, que até ministros do governo
reconhecem que a grande maioria deles se transformou em autênticas “favelas rurais”.
Reconhecimento tardio, pois essa expressão havia sido cunhada muitos anos antes
pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua luta contínua por alertar os
brasileiros para esse desfecho inevitável. Inevitável, sim, pois tudo que
contraria a ordem natural cedo ou tarde termina em desastre.
Por isso, dizem com
razão os franceses: Chassez le naturel, il revient au galop.
Não foi, pois, por
falta de advertência. Desde o início da década de 50, o Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira havia notado que a propaganda revolucionária soprava no sentido da
reforma agrária, a qual por fim se consubstanciou em projetos concretos no
final da década. Por isso escreveu e lançou, em 1960, em coautoria com dois
Bispos e um economista, o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência, no
qual profetizou que ela desfecharia no fracasso. Foi o marco inicial de uma
luta que comportou a publicação de vários livros, manifestos e declarações, bem
como campanhas públicas de divulgação e abaixoassinados, durante as quatro
décadas seguintes, até seu falecimento em 1995.
Hoje, estudiosos e
profissionais competentes glosam o fracasso da reforma agrária. Assim, ainda há
poucos dias, o Prof. Zander Navarro, da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, em artigo publicado num grande matutino paulista 32, descrevendo o êxodo
rural que se verifica de norte a sul do Brasil, escreveu: “E há os assentados,
que deveriam ser expressivos. Afinal, seria um conjunto de 1,25 milhão de
famílias em 8,8 mil assentamentos, ocupantes de 88 milhões de hectares, quase
equivalentes à área total de Mato Grosso. Mas a reforma agrária é um rotundo
fracasso: boa parte dos beneficiários desistiu, deixando rarefeitos os
assentamentos, em especial do meio do País ‘para cima’, sobretudo no Nordeste e
no Norte”.
Enquanto os
assentamentos de reforma agrária, criados na onda dessa agitação agrária, nada
produzem, vivendo das esmolas do Estado, um competente perito da Empresa
Brasileira de Agropecuária (Embrapa)33 observa que a tecnologia tem ajudado aos
pequenos, médios e grandes agricultores, e acrescenta: “A produção agrícola do
Brasil alimenta 1 bilhão de pessoas”34. Outro estudo registra que “o preço da
cesta de alimentos caiu pela metade entre 1975 e 2010”35, o que explica o fato
de que, “na década de 1970, a família média brasileira gastava cerca de 40% da
renda familiar em alimentos. Atualmente, esse valor não passa de 16%”36.
Quo vadis, Domine?
Vossa Santidade,
agindo com calculada prudência, vai definindo aos poucos os rumos do seu
pontificado.
É natural que os
fiéis acompanhem com atenção os passos que vão sendo dados nesse sentido.
Diante das
inevitáveis perplexidades que toda mudança de rumo naturalmente produz,
compreende-se que muitos façam, no interior de seus corações, a pergunta que,
segundo a legenda, o próprio São Pedro fez quando, fugindo da perseguição de
Nero, encontrou Jesus Cristo que vinha em sentido contrário:
Quo vadis, Domine?
— Aonde vais, Senhor?
Ao ouvir a resposta
de Nosso Senhor de que Ele se dirigia a Roma para ser novamente crucificado,
São Pedro entendeu que o momento havia chegado de ele próprio sofrer o
martírio. E, assim, submeteuse ao suplício com grande humildade, pedindo aos
algozes que o crucificassem de cabeça para baixo — segundo piedosa tradição —
porque não se considerava digno de que sua morte igualasse em todos os
pormenores à de Cristo.
Assim, em vista dos
fatos acima pormenorizadamente descritos, e das perplexidades por eles
suscitadas, um fiel poderia ser levado a dirigir ao Papa Francisco idêntica
pergunta — Quo vadis, Domine? Seria legítimo fazê-lo? Em que condições?
O Código de Direito
Canônico consagra, no cânon 212 § 3, o pleno direito de todo fiel à respeitosa
exposição de sua opinião, nessa ou em outras matérias: “Os fiéis, segundo a
ciência, a competência e a proeminência de que desfrutam têm o direito e mesmo,
por vezes, o dever de manifestar aos sagrados Pastores a sua opinião acerca das
coisas atinentes ao bem da Igreja, e de a exporem aos restantes fiéis, salva a
integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos Pastores, e tendo em
conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas”.
Faço-o, pois, nesta
REVERENTE E FILIAL MENSAGEM, convencido de que Sua Santidade receberá a
presente manifestação com paternal benevolência, e como uma leal contribuição
para o êxito de sua excelsa missão no governo da Santa Igreja.
* * *
Reafirmando uma vez
mais a minha obediência irrestrita e amorosa não só à Santa Igreja como ao
Papa, em todos os termos preceituados pela doutrina católica, peço a Nossa
Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que ilumine Vossa Santidade e
ajude todos os católicos latino-americanos a permanecer fortes in fide, nas
suas convicções católicas e em sua rejeição ao extremismo de esquerda, de
maneira que esta Terra de Santa Cruz continue a ser cada vez mais, junto com as
nações irmãs da América Espanhola, o Continente da Esperança, sob as bênçãos de
sua querida padroeira, Nossa Senhora de Guadalupe.
Osculando o anel do
Pescador, peço humildemente a Bênção Apostólica, in Jesu et Maria
O príncipe Dom
Bertrand de Orleans e Bragança é Chefe da Casa Imperial Brasileira – Documento
escrito e enviado ao Papa Francisco em 8 de fevereiro de 2014
Notas:
1 A Campanha Paz no
Campo vem se notabilizando no Brasil pela defesa dos princípios da propriedade
privada e da
livre iniciativa,
segundo os ensinamentos contidos nos documentos do Magistério tradicional da
Igreja.
2
http://www.feedfood.com.br/agronegocio-corresponde-37-dos-empregos-gerados-no-pais/
3http://exame.abril.com.br/economia/noticias/recorde-de-exportacoes-no-agronegocio-aumenta-demanda-porprofissionais
4
http://www.adistaonline.it/?op=articolo&id=53494
5
http://www.wsftv.net/Members/focuspuller/videos/joao-pedro-stedile-1/view
6http://leonardoboff.wordpress.com/2014/01/10/os-movimentos-populares-latino-americanos-junto-ao-papa-francisco/
7
http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/anais_ivsimp/gt7/15_mairakubik.pdf
8
http://www.mst.org.br/node/15560
9
http://www.old.pernambuco.com/ultimas/noticia.asp?materia=2008610133246
10http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/1995/march/documents/hf_jp-ii_spe_19950321_brasile-adlimina_
po.html
11http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/2002/november/documents/hf_jp-ii_spe_20021126_brazilsul-
iii-iv_po.html
12 http://www.agendaoculta.net/2012/08/el-capitalismo-de-exclusion-y-la.html
13
http://www.cartoneando.org.ar/content/capitalismo-popular-una-variante-salvaje-del-modelo-por-juan-grabois
14
http://www.economiapopular.coop/juan-grabois
15
http://mareapopular.org/revista/agremiando-la-precarizacion-laboral/
16http://www.telam.com.ar/notas/201307/26546-el-papa-mando-a-buscar-a-35-cartoneros-argentinos-entre-un-millonde-
peregrinos.html
17http://www.noticiasdiaxdia.com.ar/noticias/val/6869-43/-carta-al-evita-desde-el-vaticano-por-juangrabois.
html#.UtMMcvSICSp
18
http://www.casinapioiv.va/content/dam/accademia/pdf/sv123/sv123-grabois.pdf
19
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT564366-1653-5,00.html
20 Carta Encíclica
Divini Redemptoris, de 19 de março de 1937, § 58.
21http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Movimentos-Sociais/Os-movimentos-populares-latino-americanos-junto-ao-
Papa-Francisco/2/29947
22
http://media01.radiovaticana.va/audiomp3/00404088.MP3
23
http://it.radiovaticana.va/news/2014/01/22/brasile:_compie_30_anni_il_movimento_%E2%80%9Csem_terra%E2%80%9D/it
1-766279
24 Encíclica Graves
de communi, de 18 de janeiro de 1901.
25 Cfr. Plinio
Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte I, cap. VII, 3.
26 Disse o Cardeal:
“Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como
definitivo e que deixa
como última medida
apenas o próprio eu e as suas vontades” (Homilia na Missa Pro Eligendo Romano
Pontifice, 18 de abril
de 2005 —
http://www.vatican.va/gpII/documents/homily-pro-eligendo-pontifice_20050418_po.html
27 Encíclica
Immortale Dei, de 1° de novembro de 1885.
28 Carta Apostólica
Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 11
http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
29 Carta Apostólica
Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 9
http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
30 Carta Apostólica
Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 9 e 10
http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
31
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,ibopecna-92-condenam-ocupacoes-do-mst,485449,0.htm
32 O Estado de São
Paulo, 22 de janeiro de 2014.
33 Evaristo Eduardo
de Miranda, doutor em Ecologia e responsável pela área de monitoramento por
satélite da
Embrapa.
34
http://www.iica.int/Esp/regiones/sur/brasil/Lists/Noticias/DispForm.aspx?ID=634
35 Notícias
Agroinvvesti, 17 de junho de 2011, Cleber Bordignon, Agronegócio, um mundo de
oportunidades
http://www.agroinvvesti.com.br/?menu=noticias&id=907
36 Notícias CNA, 2
de novembro de 2011, Brasil e EUA: grandes potências para alimentar o mundo
http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/brasil-e-eua-grandes-potencias-para-alimentar-o-mundo
9 comentários:
Espetacular a carta! D. Orleans merece aplausos, de pé, pela iniciativa!
O Papa certamente está sendo mal informado sobre os fatos políticos no Brasil e esta missiva pode fazê-lo ver como está mal assessorado. Ao abrir os olhos, talvez possa nos ajudar, colocando um freio na pastoral da terra.
Parabéns, D. Orleans! Agiu com a dignidade e a iniciativa dignas da sua tradição familiar!
Por gentileza, só avisem ao príncipe que escapou um desconsertados, com S. Favor corrigir o erro quem reproduzir a mensagem.
Também o parabenizo, D. Orleans.
Os católicos não querem sua Igreja infiltrada por marxistas.
Tampouco o Brasil pode tolerar que a Igreja Católica sirva de palanque para comunistas.
CLEONICE I FERREIRA DISSE: QUANTA INOCÊNCIA! GRAÇAS A DEUS QUE A UNIÃO EUROPEIA ESTÁ CONCIENTE DA URGÊNCIA DE ACABAR COM OS QUE ESTÃO ACABANDO COM AS NAÇÕES,COM ESTES DISCURSOS DE TANTOS "ISMOS". O POVO HOJE ESTÁ BEM INFORMADO. SABE DISTINGUIR LOBOS VORASES DISFARSADOS DE OVELHINHAS.HOJE É PRIORIDADE DA UNIÃO EUROPÉIA ACABAR COM OS GRUPOS QUE NÃO CESSAM DE PROSPERAR,USANDO DE TODOS OS TIPOS DE VILANIA. O POVO JÁ ACORDOU . QUE O GRANDE SENHOR DO UNIVERSO ILUMINEM A TODOS.
Admiro muito D. Orleans, não pela sua posição, mas como ser humano. Sou uma simples doméstica que preocupa-se muito com a política tanto local como mundial. Meus genitores sempre me passaram valores, tais como: "O trabalho dignifica o homem", "nada é de graça"... E, isto é um apelo à consciência de saber distinguir entre o bem e o mal. Fui criada em seio católico, hoje em termos de religião (nomenclaturas dadas por nós TODOS seres humanos tão falíveis) não sou mais nada, desisti... Só tenho fé no SENHOR JESUS CRISTO, o resto, é resto! Não sou mais católica (para desgostos de meus pais), nem nem me incluo em nenhuma outra denominação e tudo isto devo ao Papa Francisco Pop... outros já estão abandonando a religião por entender que não faz mais seu papel espiritual. Enfim, agora sou livre e adoro ao ÚNICO SER INFALÍVEL: O CRIADOR DE TUDO QUE EXISTE, este sim é o meu SENHOR!!! o resto é limitações humanas...
É surpreendente que existam pessoas com tão grande conhecimento sobre este tema e sejam capazes de se expressarem com tanta clareza e objetividade. Eu, na minha pequenez, endosso tudo que foi dito e espero que nosso Papa Francisco, conhecedor, suponho-o eu, das mazelas sul-americanas, argentinas e brasileiras consiga se cercar de bons conselheiros e não daqueles travestidos membros da Igreja que são verdadeiros marxistas, incapazes de abandonar a Igreja porque esta lhes dá respaldo para seu trabalho escuso. Estes sacerdotes e bispos deviam fundar suas "igrejas" e descobrirem o número de seus verdadeiros seguidores e adeptos. Creio que assim eles descobririam que vivem alienados, mas com um rebanho fiel a Cristo e incapaz de se comunicar como D. Orleans o fez.
Parabéns.
José Aleixo Garcia de Carvalho.
Primeira parte.
"Em artigo publicado no Alerta Total de 11 de fevereiro 2014, o “nobre” príncipe Dom Bertrand descreve em 13 longas laudas sua indignação contra o atendimento que o Papa Francisco dispensou a João Pedro Stedile, um dos fundadores e representante máximo do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
É um artigo onde Dom Bertrand desfila uma série de lugares comum contra movimentos comunistas, mostrando sua indignação para com a igreja Católica por ter resolvido escutar também as explicações dadas pelo pessoal que está na outra face da mesma moeda, os sem nada.
“Nobres”. Primeiramente, sempre me causou espécie classificar esses senhores amamentados e criados no ócio, de nobres. Não é esse o conceito que faço da palavra nobre. Esses “nobres” foram tornados “nobres” por outros tão “nobres” quanto eles. Isto é, a estultice condecorando o ócio. Por exemplo, se ainda fossem distribuídos esses títulos de “nobreza” hoje em dia, um que seria “nobreado” seria o José Ribamar, o Sir Ney, dono da sesmaria do Maranhão e papa da Casa da Mãe Joana também conhecida por Senado.
Segundo, também me causa estranheza essa “classe social” condenar o comunismo, pois o comunismo nada mais é que o neo-feudalismo, ou seja, no Portugal de antes, dos seus antecedentes, esses “nobres” senhores feudais exploravam os “não nobres” da mesma maneira que hoje os irmãos Castro exploram os que não pertencem à classe dirigente do povo cubano.
Terceiro, seus parceiros nesta exploração do ser humano, a Igreja Católica e suas ramificações posteriores à Reforma, serviram de modelo para a proposta marxista implementada por Lenin, que também baseava-se na eliminação dos contrários, donos que eram da única verdade. Os “nobres” e a igreja eliminavam em nome de Deus e Jesus, e os marxistas até hoje eliminam em nome do bem comum e do Estado, que são eles. À luz da espiritualidade, nenhuma diferença.
Assim sendo, por que repreender o Papa Francisco por pelo menos tentar diminuir a diferença de renda entre os “nobres” do Clube de Bildenberg e os assalariados e os miseráveis ?
Qual a proposta da sua “classe” para diminuir esta abissal diferença de renda e então poder se referir à boa nova trazida por Jesus em nome de Deus ?"
http://capitalismo-social.blogspot.com.br
Lamentavelmente, na busca de aprovação e apoio de todos os lados, o Papa Francisco convidou, em dezembro de 2013, um grupo que apóia a Luta de Classes fratricida que vitimou 100 milhões de pessoas no mundo todo.
Lamentavelmente, na busca de aprovação e apoio de todos os lados, o Papa Francisco convidou, em dezembro de 2013, um grupo que apóia a Luta de Classes fratricida que vitimou 100 milhões de pessoas no mundo todo.
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