Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Henrique Abrão
O assunto do momento, tema da moda, discussão cotidiana,
se refere à independência em todos os sentidos. Cogitam a respeito da independência
do Banco Central, da Polícia Federal, do Ministério Público, e principalmente
dos elos de ligação entre o poder político e econômico.
Rememoramos a data da inconfidência mineira, a importância
de Tiradentes, enforcado e esquartejado em 21 de abril de 1792, cujo movimento
pretendia libertar o Brasil de Portugal, em especial do fomento da tributação
do quinto.
Tiradentes, já naquela época, para se ter uma idéia, tinha
pouca influencia política e econômica, ao contrário dos demais inconfidentes. Deram-lhe
a sentença de morte, mediante enforcamento e seu corpo fora esquartejado, mas a
independência do Brasil somente sucedeu muito tempo depois, por causa da nossa
colonização e total dependência com a feição portuguesa que remanesceu
inspiradora de muitas coisas nos aspectos de tradição e governo.
Não se consegue desatar o nó da dependência. As campanhas políticas
dependem do financiamento dos cartéis e lobistas. De modo geral, as repartições
públicas ficam sempre à espera de alguma vantagem e por tal comportamento
viciado na sua origem não crescemos ou conseguimos nos desenvolver de tal maneira
suficientes, a ponto de termos crises sistêmicas no fundamento da representação
e no voto obrigatório.
Esses gritos que ecoam das ruas em marchas e movimentos
querem traduzir uma total independência da nossa classe política e do vies
do governo empurrar goela abaixo o sistema não
representativo.
Infelizmente o mando político se atrela ao poder econômico
e ambos causam os grilhões, as amarras da escravidão, e acabam descortinando um
cenário pouco promissor, nada revolucionário em termos de idéias ou
fortalecimento das instituições.
Augura-se também a independência da comissão de valores
mobiliários, de um funcionamento da bolsa de valores à altura do seu peso na América
latina, de órgãos de regulamentação que se posicionem de maneira livre, espontânea,
consentânea com a própria consciência.
porém tudo naturalmente se transforma numa realidade
utópica, pois que a imposição de cargos políticos rompe o substrato da
independência e da vontade peculiar ao raciocínio, dentro da razoabilidade
prevista.
O que gera essa total dependência é a falta de transparência,
a burocracia e demora excessiva. Em cada canto que se precisa de alguma coisa,
se não for dada uma gorjeta, o famoso troco, a coisa emperra. Mentalidade essa
que remonta à prisca época de nossa colonização e de seus percalços, quando
mantivemos longo período de escravidão, e com ela o modelo de barganha, para
retirada de bons produtos e transferência de riquezas para o exterior.
Uma Nação é esquartejada e enforcada quando seus
dirigentes à submetem ao regime dito de normalidade da corrupção, e isso
invariavelmente peca por contagiar cada segmento, estrutura e esfera de poder.
Nenhuma instituição se forja autônoma, independente e
livre, sem conseguir conquistar seu espaço quando não está dotada de um
factível orçamento,regras próprias e autogestão. Esse cabresto imposto é também
um reflexo do tempo autoritário pelo qual passamos e somente dele nos
libertamos em 1985, mas daí para frente fomos perdendo terreno e nos distanciando
mais e mais da independência, primeiro degrau de uma Nação civilizada, decente
e inserida nas grandes figuras dos players da globalização.
Estamos muito longe de realizar o sonho de tantos
brasileiros que
morreram pela independência, pátria amada, e o sentimento
de nacionalidade. Tais circunstâncias dependem da sociedade civil e da criação
de comandos que produzam riqueza, distribuição de renda, e menos injustiças
sociais.
Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP com
Especialização em Paris e Pesquisador na Alemanha, é Desembargador no Tribunal
de Justiça de São Paulo.
5 comentários:
Um discurso muito bonito, com palavras rebuscadas, mas na realidade prática, não está nem aí para a situação das pessoas.
Por que ele não senta o pau nessa imoralidade chamada aposentadoria compulsória que beneficia desembargadores, juízes e membros do Ministério Público pela prática de corrupção?
O Tribunal do qual ele faz parte, é um dos piores do país, inclusive, é o que mais resiste às ações do Conselho Nacional de Justiça.
De pensamentos hipócritas o povo já está farto, senhor desembargador!!!
esse anônimo que não tem coragem e sim covardia de mostrar a cara que toque na ferida e aponte quais são os problemas que ele conhece para serem apurados pois se assim não o fizer estará blefando como muitos fazem,não olha a realidade de milhares de juízes que trabalham e são dignos da toga,se quiser jogar para a plateia se candidate,pois anônimo é covarde
quem não se identifica sequer merece atenção o que fala é uma grande inverdade,o TJ de SP empresta dezena de juízes para
as cortes superiores,e também
para o CNJ ,decerto ouviu falar
em algum lugar mas não sabe dizer
o que é concreto,mais um tema
abstrato e perdido no tempo pobre
anônimo coitado
quem não mostra a cara é medroso ou não conhece a realidade e sendo
assim que se apresente e fale
quais são os podres para apuração
em primeira mão
nada de rebuscado a pura realidade
e verdade,a qual não empresta
ouvidos aos cumplices ou
covardes de plantão que não
se identificam
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