Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I.S. Azambuja
Segundo a Esquerda, de modo geral, a necessidade do
princípio do centralismo democrático decorre do fato de que as pessoas ainda
não pensam uniformemente.
Desde a sua fundação, em 3 de setembro de 1938, em um
Congresso realizado em Paris, França, sempre foram inúmeros os grupos, tendências,
frações, cisões e fusões no âmbito da Quarta Internacional, em todos os países
bem como em nível de coordenação internacional, todos reivindicando a primazia
da construção do Partido Mundial da Revolução, tarefa central da Internacional,
desde que foi criada.
No Brasil atuam 21 grupos trotskistas, pelo menos:
Ação Popular Socialista
Corrente Socialismo Internacional
Corrente Socialismo Revolucionário
Corrente Socialista dos Trabalhadores
Democracia Socialista
Fração Trotskista
Grupo Práxis
Grupo Revolução Permanente
Liga Bolchevique Internacionalista
Liga Estratégia Revolucionária
Liga Estratégica Revolucionária
Liga Quarta-Internacionalista do Brasil
Movimento de Esquerda Socialista
O Trabalho na Luta pelo Socialismo
Partido da Causa Operária
Partido Operário Revolucionário Trotskista
Partido Operário Revolucionário Trotskista-Posadista
Partido Socialismo e Liberdade
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Socialismo Revolucionário
Tendência pelo Partido Operário Revolucionário
Ação Popular Socialista
Corrente Socialismo Internacional
Corrente Socialismo Revolucionário
Corrente Socialista dos Trabalhadores
Democracia Socialista
Fração Trotskista
Grupo Práxis
Grupo Revolução Permanente
Liga Bolchevique Internacionalista
Liga Estratégia Revolucionária
Liga Estratégica Revolucionária
Liga Quarta-Internacionalista do Brasil
Movimento de Esquerda Socialista
O Trabalho na Luta pelo Socialismo
Partido da Causa Operária
Partido Operário Revolucionário Trotskista
Partido Operário Revolucionário Trotskista-Posadista
Partido Socialismo e Liberdade
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Socialismo Revolucionário
Tendência pelo Partido Operário Revolucionário
E, em nível internacional, cerca de 20 centros
coordenadores, todos reivindicando interpretar a pureza dos ensinamentos de
Leon Trotsky.
Embora exista esse amplo espectro reivindicando a Quarta Internacional, ela nunca chegou a existir como organização centralizada, pois o movimento é muito amplo e disperso, bem como são divergentes as formas de interpretar os escritos de Trotsky.
Embora exista esse amplo espectro reivindicando a Quarta Internacional, ela nunca chegou a existir como organização centralizada, pois o movimento é muito amplo e disperso, bem como são divergentes as formas de interpretar os escritos de Trotsky.
Após a II Guerra Mundial desenvolveu-se o processo
revolucionário mais poderoso desde a Revolução Bolchevique. Esse processo,
todavia, resultou no fortalecimento do Stalinismo, que os trotskistas sempre
consideraram “um aparato contra-revolucionário”, e da Social-Democracia, que
passou a governar diversos países na Europa. Ambos – Stalinismo e
Social-Democracia – após a II Guerra, passaram a dirigir o movimento de massas
em nível mundial.
Em virtude disso, o trotskismo desapareceu por muitos anos
do cenário europeu.
Posteriormente, a partir dos anos 1960, a Revolução Cubana
trouxe ao trotskismo outro tipo de controvérsias: uma divisão entre os que
reconheciam que em Cuba havia ocorrido uma grande revolução e que o novo Estado
era uma conquista que deveria ser defendida dos ataques do imperialismo, e os
que não a encaravam como um fato revolucionário. Essas controvérsias persistem
até os dias atuais.
Como conseqüência, vários grupos trotskistas, em nível
internacional, se reunificaram em 1963 em torno do apoio à Revolução Cubana,
dando origem à construção do Secretariado Unificado da Quarta Internacional.
Essa reorganização, no entanto, foi efêmera, e novas diferenças voltaram a
surgir em torno desse mesmo tema e, logo depois, a partir de 1979, da Revolução
Sandinista na Nicarágua. Essas diferenças deram origem a dois setores: um que
opinava que a direção dessas revoluções era pequeno-burguesa e burocrática e
que, por esse caráter de classe, iriam levá-la à derrota, e outro que
sustentava que o Castrismo e o Sandinismo eram grandes
direções revolucionárias e que, por conseguinte, não se poderia construir
partidos apartados delas.
Entre esses dois setores logo surgiu uma outra diferença:
os que defendiam os métodos de luta através da classe operária e os que optavam
pelo guerrilheirismo foquista.
A partir de meados da década de 90, todavia, um novo
grande fato da luta de classes provocou novos realinhamentos: o desmantelamento
do socialismo real, que os trotskistas sempre denominaram de “aparato
stalinista”. Essa queda provocou uma primeira diferença entre os que opinam ter
sido um fato revolucionário fundamental, apesar de suas contradições, e os que
opinam ter sido uma grande derrota, que afastará, por longo tempo, a
possibilidade de uma revolução.
Os acontecimentos do Leste-Europeu na década de 1990, onde
o Stalinismo foi erradicado, estão criando ainda outras diferenças em outros
grupos contrários ao revisionismo. São grupos que opinam em favor da construção
de partidos e de uma Internacional Revolucionária, porém consideram que isso
deverá ser feito tendo por base princípios totalmente diversos dos da Terceira
e Quarta Internacionais.
Opinam que os acontecimentos no Leste-Europeu questionaram
tudo: o centralismo democrático, a ditadura do proletariado, a utilização do
terror vermelho, as estatizações e os grupos que se intitulavam dirigentes da
classe operária. Opinam, em verdade, que devem ser construídos partidos
revolucionários, porém que a tarefa central desses partidos deve ser a
propaganda do programa e a luta pela construção de uma nova sociedade.
As diferenças, todavia, não terminam aí. Entre os setores
favoráveis à construção de partidos revolucionários leninistas de combate,
regidos pelo centralismo democrático e que sejam seções de uma Internacional,
que defendem a classe operária como sujeito social da revolução e a
participação na luta de classes através de um diálogo permanente com essa mesma
classe operária, existem também importantes divergências que envolvem
diferenças programáticas e de princípio e que provocam políticas contrapostas
nos centros coordenadores da luta de classes em nível mundial.
Existem, por exemplo, diferentes interpretações da
política leninista em relação às nacionalidades oprimidas. Isso acarretou
que, ante um fato central, como a guerra na ex-Iugoslávia, um setor trotskista
apoiasse os Bósnios e os Croatas e outro os Sérvios, e ainda outro defendesse a
neutralidade. Outros ainda, no Oriente Médio, defendem a palavra-de-ordem de um
Estado Palestino único, o que implica na destruição do Estado de Israel,
enquanto outros defendem o direito dos palestinos a seu Estado, ao lado de um
Estado de Israel socialista.
Também existem diferenças na forma de como interpretar o
nacionalismo de uma Nação oprimida e o nacionalismo da Nação
opressora. Isso provoca distinções programáticas quando ocorrem guerras
envolvendo esses tipos de países. Isso ocorreu, por exemplo, na Guerra das
Malvinas, onde existiram setores do marxismo revolucionário (trotskismo) que
centralizaram sua política em chamamentos à derrota das tropas inglesas,
enquanto outros clamavam em favor da paz, outros ainda denunciaram a guerra, e
ainda outros defendiam o direito de autodeterminação dos Kelpers,
habitantes das Malvinas.
Existem também diferenças em relação a que tipo de
Internacional construir. Uns defendem que se deva reconstruir a Quarta
Internacional, por considerarem que seus aspectos programáticos centrais,
expressos no Programa de Transição e na Teoria da Revolução
Permanente mantêm sua vigência, e outros que, partindo dos desvios
programáticos que ocorreram em importantes dirigentes e correntes que
reivindicavam, e ainda reivindicam a Quarta Internacional, defendem que deve
ser construída uma Internacional diferente.
Todas essas divergências explicam o grau de dispersão
dentro da Quarta Internacional em todo mundo, demonstrando que a luta para
construir o Partido Revolucionário Mundial e assumir o lugar do
Stalinismo desmantelado não está sendo uma tarefa simples.
Porém, além dessa série infindável de divergências
políticas, existe ainda uma outra, de caráter metodológico, talvez mais difícil
de superar. É a que considera que o processo de degeneração stalinista não foi
apenas político mas também metodológico e moral, e conseguiu infestar, com seus
métodos, importantes setores do movimento operário, inclusive o marxismo
revolucionário.
Em face de tudo isso, hoje existem setores que se
reivindicam marxistas revolucionários e que apelam para os métodos do vale
tudo para dirimir suas diferenças, valendo-se de insinuações, mentiras,
difamações e até ataques físicos – como já ocorreu com diversos grupos atuantes
no Brasil -, ou que utilizam suas relações com outras correntes revolucionárias
para infiltrar (entrismo, segundo o dialeto trotskista) seus membros, no
sentido de desenvolver um trabalho fracional, a fim de ganhar militantes
para suas fileiras.
Esses métodos impedem a aproximação fraternal entre os
diversos grupos porque, ao destruir a confiança recíproca, cria barreiras mais
difíceis de transpor do que as simples diferenças políticas. Esses são
considerados métodos stalinistas que prostituem a atividade revolucionária.
Malgrado toda essa enorme série de diferenças, deve ser
levado em conta que, segundo a doutrina, todo e qualquer partido, para ser
considerado revolucionário, deve ser um organismo vivo que reflita os distintos
aspectos da luta de classes, bem como as diferentes interpretações sobre ela.
Em seu seio sempre existirão diferenças e polêmicas que, em última instância,
serão – ou deveriam ser – dirimidas pela realidade e pelo chamado centralismo
democrático. Essas diferenças, no entanto, vivificam o partido e favorecem seu
fortalecimento.
Segundo a Esquerda, de modo geral, a necessidade do
princípio do centralismo democrático decorre do fato de que as pessoas ainda não
pensam uniformemente...
5 comentários:
Azambuja você é um sabotador o que você conta é estória você mudar o que aconteceu por mais de vinte anos em nosso pais em troca de uns trocados prova o grau da sua ignorância .Não existe quem consiga se safar de uma ditadura se não estiver com as costas quentes não existe crime organizado se as autoridades não estiverem envolvidas .Você nunca citou o rio centro por que?
Seus textos são os melhores, e de mais fácil compreensão, sobre o comunismo e suas vertentes disponíveis na web. Agradeço por isso e acho que merecem ser reunidos em um livro.
-Amor Sagrado - Graciano Saga(Tributo)
https://youtu.be/DFc3H0Yrdk4
Se este cara continuar ocultando os fatos até do seu próprio pais o livro vai ser o sabotador maldito pois a credibilidade dos seus textos são zero ainda quando ele se esquece de narrar fatos realmente ocorridos. LEMBRANDO O POVO BRASILEIRO ERA ESCRAVIZADO REPREMIDO E JOGADO EM UM ABISMO SEM FIM O POVO ERA TRATADO COMO LIXO...CONTE MAS CONTE A HISTÓRIA NÃO A ESTORIA.
Prezado Carlos IS Azambuja
"A Dispersão da Quarta Internacional", excelente.
Obrigado pela qualidade e clareza dos artigos.
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