Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Percival Puggina
Duvido que algum pai, ao matricular o filho numa escola,
fique na expectativa de que lhe sejam enfiadas na cabeça as ideias políticas
que seus professores tenham. Os pais esperam exatamente o oposto. Esperam que
os professores não façam isso porque reservam tal tarefa para si mesmos,
segundo os valores e a cultura familiar.
Quando um professor, o sujeito no quadro negro, o cara de
cima do estrado, que corrige prova e dá nota, usa a autoridade e os poderes de
que está revestido, para fazer a cabeça de crianças e jovens, exerce sua
profissão de modo abusivo. Figurativamente, pratica estupro de mentes juvenis.
Se o professor quer fazer proselitismo político, se anseia
por cooptar militantes para sua visão de mundo, de sociedade, de economia, de
política, de história, que vá procurar um vizinho, um colega, um superior.
Figurativamente, que deixe de ser abusador e vá enfrentar alguém de seu tamanho
intelectual.
Volto a este assunto porque, aqui no Rio Grande do Sul, o
Sinepe/RS, sindicato patronal das escolas particulares, convidou o Dr. Miguel
Nagib, coordenador do movimento Escola sem Partido, para uma palestra aos
diretores de escolas. Ótimo, não é mesmo? Sim, ótimo para todos os alunos e
pais, mas não para o sindicato dos professores das escolas particulares, o Sinpro/RS.
Em assembleia geral, o sindicato emitiu Moção de Repúdio
ao evento, em veemente defesa do direito dos professores de influenciarem
politicamente seus alunos. No texto (que pode ser lido em aqui), os docentes afirmam que "retirar da
Educação a função política é privá-la de sua essência" para colocá-la a
serviço "da ideologia liberal conservadora" à qual os mestres de
nossos filhos atribuem todas as perversidades humanas, das pragas do Egito ao terremoto
do Nepal, passando por Caim e Jack o Estripador.
Não é por acaso que nosso sistema de ensino se tornou um
dos piores do mundo civilizado. Afinal, sua essência é ser campo de treinamento
de militantes para os partidos de esquerda. Os dirigentes do sindicato dos
professores do ensino particular (e não pensam diferente as lideranças dos
professores do ensino público) estão convencidos de serem detentores não do
dever de ensinar, mas do direito de doutrinar!
E creem que essa vocação política, superior a todas as
demais, "essencial à Educação", encontra na sala de aula o espaço
natural para seu exercício. Se lhes for suprimida essa tarefa
"missionária" e lhes demandarem apenas o ensino da matéria que lhes é
atribuída, esses professores entrarão em pane, talvez porque seja isso o que
não sabem fazer.
Espero que tão destapada confissão de culpa emitida pelo
Sinpro/RS sirva de alerta aos pais e à direção das escolas. Os pais pagam para
que seus filhos recebam os conteúdos pedagógicos do estabelecimento de ensino
escolhido. Entregar junto com isso, ao preço de coisa boa, mercadoria
ideológica estragada, vencida, não solicitada e sem valor comercial, é fraude.
Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de
Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista
de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra
o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do
grupo Pensar.
Um comentário:
O alerta do articulista, Dr Puggina é muito importante!
Os pais devem estar sempre atentos, não só quanto às ideologias políticas transmitidas aos educandos, quanto à todo e qualquer valor individual passível de questionamento, passado por parte dos educadores aos seus discípulos.
Acho que os mestres deveriam estar mais preocupados com o desenvolvimento intelectual de seus alunos, o qual deve fornecer capacidade de pensamento crítico.
O estudo de Filosofia talvez fosse mais útil de ser incentivado!
Postar um comentário