Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Arthur Jorge Costa Pinto
O que menos me preocupa é mais uma derrota amarga na
Câmara dos Deputados sofrida pelo segundo desgoverno da presidente Dilma,
aprovando a emenda que altera o fator previdenciário (cálculo utilizado para as
aposentadorias no Brasil). Ela foi surpreendente para os interesses do Planalto
em tempo de ajustes das contas públicas e brevemente deverá ser confirmada no
Senado.
Minha inquietude atualmente com este segmento passa, completamente,
pelo contínuo aumento do déficit da Previdência que se apresenta emoldurando uma
paisagem de horizonte negro para os brasileiros.
A Previdência Social é uma das partes que envolvem a
chamada Seguridade Social. No Orçamento Federal ela não está solitária, pois se
encontra abraçada à Saúde e à Assistência Social. Segundo os analistas, todo
orçamento de Seguridade Social é deficitário. Se isolarmos a Previdência dos
demais, nota-se nitidamente que o total que é pago aos segurados é superior à
sua arrecadação.
Se for considerado somente o modelo urbano, a Previdência
Social jamais, em tempo algum, apresentou-se no vermelho. Acontece que a
instituição abriga dois amplos e distintosmodelos: o rural e o urbano eé
justamente por isso que a Previdência Social se torna deficitária.
A Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas,
cumprindo a sua missão de buscar melhores condições para as pensões de seus associados,
tenta há algum tempo demonstrar que a Previdência é superavitária, apoiando-se
num instrumento de gestão financeira denominado “fluxo de caixa”. Infelizmente,
esta ferramenta utilizada não consegue comprovar isso, pois somente mostra que
o caixa da Previdência está apresentando o saldo positivo, quer seja no início
ou no final de determinado período.
Tomando-se como exemplo o ano passado (2014), o “fluxo de
caixa” mostrou que a Previdência tinha uma reserva de R$ 18,3 bilhões ao final
do exercício, e um saldo positivo no seu caixa de R$ 8,3 bilhões. Entretanto, é
imprescindível saber que o “fluxo de caixa” não é um demonstrativo que sinaliza
se existe ou não um desequilíbrio econômico-financeiro. Quem revela isso é o
Balanço Patrimonial ou Demonstrativo de Resultado do Exercício.
O caixa da Previdência é alimentado por transferências de
recursos provenientes do Orçamento Fiscal para o Orçamento da Seguridade
Social, que contempla a Previdência, a fim de não dificultar o pagamento dos
benefícios aos aposentados e pensionistas. Portanto, o que acontece é
exatamente um “desequilíbrio orçamentário”, que está sendo gerido através de recursos
originários de outra fonte, como já foi dito acima, do orçamento fiscal.
A Lei Orçamentária Anual compreende três orçamentos: o
Orçamento Fiscal (conservação da máquina pública), o Orçamento da Seguridade
Social (Saúde, Previdência e Assistência Social) e o Orçamento da Despesa
Pública ( abrigando os serviços da dívida pública).
Na verdade, o déficit do Orçamento da Seguridade Social já
reina há muitos anos e cresce incessantemente. Para se ter uma noção, o déficit
apresentado em 2000 foi de R$ 9,3 bilhões e em 2014 chegou ao assombroso
patamar de R$ 130,1 bilhões.
O que precisamos entender é que a Seguridade Social é um
dos nossos maiores “gargalos”de médio e longo prazo a ser solucionado pelo
governo. Os reflexos em nosso PIB (Produto Interno Bruto) em porcentual já estão
no vácuo de nações de populações envelhecidas como a França, Itália, Japão
etc., considerando que o Brasil é um país relativamente jovem se comparado a
eles.
Confirmada a nova regra a ser adotada, haverá um aumento
do custo para a Previdência, sendo que o maior impacto provavelmenteestará
refletido nas contas do próximo governo. Outra “herança maldita” para quem
assumir a presidência em 2019.
Economistas especialistas em contas públicas avaliam que o
gasto suplementar com esta nova formalidade seja equivalente a 0,6% do PIB,
compreendendo um período de 25 a 30 anos -exatamente dentro do tempo previsto
para que uma nova geração de aposentados substitua a atual. Outra questão
relevante é que as despesas do INSS em 1988 correspondiam a 2,5% do nosso PIB e
ao final de 2015 ficarão em torno de 7,5%.
Diante disso, recomendo uma reflexão: até quando tudo isso
poderá subsistir, pois haverá um momento em que a bomba vai explodir e,
consequentemente, enterrar um dos pequenos “tesouros” de que o povo brasileiro ainda dispõe.
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em
Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
Um comentário:
Caro comentarista. O governo sempre usou a renda da previdência para outros fins. Se fosse aplicado como os fundos de pensão o INSS era proprietário dos portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, Petrobrás, enfim, de tudos que pode se imaginar de empreendimentos lucrativos no Brasil de tanto dinheiro que se arrecadou. Acontece que todos passaram a mão na grana e sempre falam no rombo sem haver, é só para enganar e se há rombo quem fez o foi o governo, que usa até para fazer o tal de superávite Primário. pagar juros. Os aposentados, trabalharam para o desenvolvimento do pais e ainda contribuíram para poder se aposentar. Pergunte se Dona Dilma, seu Lula ou FHC vivem com o Teto da previdência. Digo o teto para eles porque os aposentados a média é metade. Os aposentados não tem culpa da má gstão. Chega de governantes fazerem .... e os brasileiros terem que pagar. É hora de respoonsabilizá-los.
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