Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Olavo de Carvalho
Já comentei aqui, brevemente, a
pesquisa da CNT sobre a queda da confiança popular nas várias instituições e a
do Datafolha que mostra o abismo de diferenças entre a opinião popular e a dos
políticos.
O confronto dos resultados leva
a uma conclusão inexorável: no sistema representativo brasileiro, os
representantes não representam a vontade dos representados.
Tampouco a representam o poder
executivo, os juízes, os comandantes militares e outras excelências cujas
opiniões majoritárias seguem as dos políticos, não as do povo, o qual por
isso mesmo, como se vê na pesquisa da CNT, não confia em nenhuma dessas criaturas
nem vê nelas os porta-vozes dos seus interesses.
Pura e simplesmente, não há um
sistema representativo no Brasil. Há um sistema de coleta de votos para
candidatos pré-selecionados segundo os interesses do grupo dominante e uma
máquina de drenagem de impostos para sustentar nos seus cargos os antagonistas
diretos e cínicos do povo brasileiro.
Por isso mesmo, todo discurso
anticorrupção que se baseie na defesa das “nossas instituições” é uma fraude
que tem de ser denunciada tanto quanto a corrupção mesma.
Essas instituições, cujo
conjunto forma a “Nova República”, foram concebidas justamente para isolar e
proteger a elite governante, tornando-a inacessível ao clamor popular.
Quem, senão as belas
“instituições”, deu ao executivo os meios de aparelhar o Estado inteiro e fazer
dele o instrumento dócil dos interesses partidários mais sórdidos e criminosos?
Quem, senão as “instituições”,
permitiu que se elegesse uma presidente numa eleição secreta e opaca, blindada
antecipadamente contra qualquer possibilidade de auditagem?
Quem, senão as “instituições”,
permitiu que o Estado se transformasse no protetor de toda conduta marginal e
criminosa, fazendo do Brasil o maior consumidor de drogas do continente, o
maior promotor de violência contra os professores nas escolas e um dos
recordistas mundiais de assassinatos?
Quem, senão as maravilhosas
“instituições”, permitiu que um povo majoritariamente conservador e apegado a
valores cristãos fosse representado na Câmara e no Senado por esquerdistas
empenhados em fazer tudo ao contrário do que esse povo quer?
Quem, senão as sacrossantas
“instituições”, permitiu que as escolas infanto-juvenis se transformassem em
academias de sexo grupal, quando não em matadouros de professores, reduzindo as
nossas crianças à condição de imbecis violentos, prepotentes e hiper-erotizados
que anualmente tiram os últimos lugares nos testes internacionais mas tirariam
os primeiros se fosse concurso para ator pornô ou cafajeste-modelo?
Quem, senão as “instituições”,
desarmou a população brasileira ao mesmo tempo que, paparicando as Farc tão
queridinhas do PT, permitia que os bandos de criminosos se equipassem de armas
melhores e mais potentes que as da polícia?
Quem, senão as “instituições”,
deu aos criminosos que nos governam o poder de burlar o quanto queiram o
processo legislativo, legislando através de decretos administrativos, portarias
ministeriais e até regulamentos departamentais?
Quem, senão as “instituições”,
permitiu que ONGs de quadrilheiros armados fossem não só financiadas com gordas
verbas federais mas se beneficiassem de toda sorte de privilégios ao ponto de
tornar-se integrantes extra-oficiais do aparelho de Estado?
Quem, senão as “instituições”,
permitiu que o Parlamento se superlotasse de pseudo-representantes eleitos sem
votos, pela mágica dos acordos interpartidários – um artifício que, por si, já
basta para fazer do sistema representativo inteiro uma palhaçada?
Releiam a Constituição de 1988,
o Estatuto da Criança e do Adolescente, a legislação eleitoral, etc. etc. e
digam se o descalabro dos governos petistas já não estava todo lá em germe,
apenas aguardando a oportunidade macabra de saltar do papel para a realidade.
Sob qualquer aspecto que se
examine, as instituições que pesam sobre nós são indefensáveis. Fazer de conta
que a roubalheira comunopetista atenta contra elas, ou constitui um risco para
elas, é inverter a realidade das coisas. A roubalheira tudo deve a essas
instituições. Elas são as mães e protetoras do crime institucionalizado.
Por isso é que todo movimento
soi-disant de oposição que se concentre exclusivamente num pedido de impeachment
da Sra Dilma Rousseff, em vez de exigir a imediata destituição de todos os
astros e estrelas do sistema, é um erro na melhor das hipóteses; na pior, um
engodo proposital.
Depois de quarenta anos de
monopólio esquerdista da mídia, das universidades, dos movimentos de rua, das
verbas oficiais, dos cargos públicos e de tudo quanto existe; depois de
políticas insanas que levaram o Brasil a tornar-se o país mais assassino e o
maior consumidor de drogas do continente; depois da completa destruição da alta
cultura e do sistema educacional no país; depois dos maiores episódios de
corrupção da história universal; depois do desmantelamento da agricultura
nacional por grupos de invasores financiados pelo Estado; depois da expulsão de
milhares de brasileiros das suas terras, para dá-las a ONGs indigenistas,
depois de tudo isso o "resgate da nacionalidade" há de constituir-se
da simples remoção da sra. Dilma Rousseff da presidência da República? Será que
os oposicionistas se uniram ao PT no empenho de gozar da nossa cara?
Olavo de Carvalho é Jornalista e Filósofo.
2 comentários:
"Pura e simplesmente, não há um sistema representativo no Brasil. Há um sistema de coleta de votos para candidatos pré-selecionados segundo os interesses do grupo dominante e uma máquina de drenagem de impostos para sustentar nos seus cargos os antagonistas diretos e cínicos do povo brasileiro."
E quem pré-seleciona os bandidos que serão candidatos ? As organizações criminosas auto-denominadas partidos políticos. Não passam de quadrilhas.
Aliás, está na hora de legalizar o PCC. Esses roubam menos que a bandidagem de colarinho branco. Branco ? Sujo de m...
Cenário desalentador
8 de Julho de 2015
Fonte - Link http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/188132/Cen%C3%A1rio-desalentador.htm
Corrupção e enriquecimento ilícito tornaram-se fatos corriqueiros e tolerados pelos brasileiros.
Em tempos recentes ocorreram, por exemplo, o mensalão e a roubalheira na Petrobrás.
Fatos graves como esses derrubariam governos e fariam revoluções em países ciosos de seus direitos.
Aqui tudo vira "folclore", como disse Lula certa ocasião.
A culminação dessa injustificável tolerância foi plenamente completada com a reeleição de Dilma Rousseff, cujo grupo político chafurdou na lama toda a nação.
O mensalão e o caso da Petrobrás não são apenas uma ação de quadrilheiros roubando em benefício próprio.
Sempre houve ladrões, aqui e no resto do mundo.
É da natureza humana. Mas no Brasil é mais do que isso.
Criou-se uma organização criminosa, uma estrutura político-social organizada, incrustada no poder, agindo de maneira sistêmica e orgânica, comprando votos e consciências e violentando o funcionamento das instituições.
Tudo isso afasta da política os homens bem intencionados, criando uma reserva de mercado e um vasto campo de atuação para os setores podres da sociedade que fazem da política e da atividade pública uma profissão, tendo como única meta atingir seus objetivos pessoais.
A política deixa de ser uma contribuição que os cidadãos devem sentir-se moralmente obrigados a oferecerem aos demais concidadãos, e passa a ser um meio de vida.
Homens públicos abandonam suas atividades profissionais, e passam a depender da política para garantirem sua sobrevivência.
Pessoas nessas circunstâncias tornam-se capazes de tudo e de qualquer coisa para sobreviverem.
Ao invés de profissionalizar a administração pública, como fazem os países avançados, profissionaliza-se a política, que passa a substituir o burocrata de carreira (no bom sentido) na gestão do Estado.
Quando as elites se locupletam, o povo sente-se legitimado para fazer o mesmo.
Os meios de comunicação glorificam desvios de conduta éticos e morais.
Novelas principalmente, escoradas no princípio inquestionável da liberdade de opinião e estimuladas pela desbragada luta por audiência, desafiam a consciência dos cidadãos que ainda possuem algumas referências para discernir o certo do errado.
A apologia da malandragem, da ganância, da luxúria e de outros vícios corrói instituições e valores tradicionais como a família e a convivência pacífica e civilizada entre pessoas.
A acintosa ostentação dos ricos é ofensiva e aguça a violência.
A indústria do medo prospera de forma assombrosa.
A propriedade privada passou a ser um direito relativo com a inatividade do governo frente às invasões de terras e de imóveis urbanos.
A depredação de bens não é mais punida, desde que seja protegida sob o manto dos "movimentos sociais".
O poder público se omite e tenta acomodar a situação. O Brasil beira a afronta institucional.
E enquanto tudo isso ocorre, a chamada "sociedade civil organizada" apenas esboça reação com inúteis mobilizações midiáticas que em geral posicionam-se contra, corretamente, muitos aspectos da nossa triste realidade, mas mostram-se incapazes de serem a favor de algo capaz de avançar na busca de soluções efetivas.
Mobilizam, sem propor. Deixam a impressão de terem apenas objetivos políticos eleitorais.
Nesse triste e desalentador cenário, creio que só uma revolução salva o Brasil.
Uma revolução de idéias, e disposição para mudar.
MARCOS CINTRA - Doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA) e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas
Fim
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