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Por Carlos I. S. Azambuja
Na segunda metade dos anos 30, quando
Stalin desencadeou o terror contra os kamaradas da velha guarda bolchevique e a
milhões de cidadãos soviéticos, viviam na URSS, como exilados, desempenhando
funções na Internacional ou de seus partidos, numerosos dirigentes e quadros
dos partidos comunistas europeus, que se encontravam na clandestinidade sob os
regimes fascistas ou reacionários da Alemanha, Itália, Polônia, Hungria,
Iugoslávia, Bulgária, etc.
A repressão de Stalin também se
abateu sobre eles, sob o pretexto de afinidades ou cumplicidades com o
trotskismo, o bukharinismo, etc. As vítimas, invariavelmente, eram acusadas de
estar a serviço da polícia de seus respectivos países e da espionagem
capitalista. No XVIII Congresso do partido soviético, Manuilski chegou a dizer
em seu Informe que os partidos comunistas da Polônia, Iugoslávia e Hungria
estavam “infiltrados de policiais”. Entre os comunistas iugoslavos assassinados
pela polícia secreta de Stalin, estavam os dois primeiros secretários do
partido, Filip Filipovitch e Syma Markovitch, bem como Yosip Tchizinski, que
ocupava o posto em 1937.
Toda a direção do partido iugoslavo
foi liquidada nesse ano, à exceção de Yosip Broz Tito, a quem a Internacional
encarregou de constituir uma nova direção. O mais atingido, entretanto, foi o
Partido Comunista Polonês. K. S. Karol, em seu livro Visa pour La Pologne,
relata: “Sem qualquer processo ou explicação, os dirigentes comunistas
poloneses que se encontravam na URSS foram presos e fuzilados – em janeiro de
1938 -. A primeira vítima foi Adolf Varski, veterano do movimento operário,
amigo de Lenin e Rosa de Luxemburgo, retirado da vida política há muitos anos –
tinha 71 anos -. Lenski, considerado o mais fiel stalinista polonês, Vera
Kostzevra, que fora, na Sibéria, companheira de desterro de Stalin, Henrik
Walek e todos os demais tiveram o mesmo destino.
E como a lista não estivesse completa,
foram chamados os kamaradas que combatiam na Espanha, na Primeira Brigada
Internacional, que levava o nome do herói polonês da Comuna de Paris, Jaroslaw
Drombovski: Prochniak, antigo membro do Comitê Executivo da IC, Brand,
Bronkovski, Bronski e muitos outros, que acorreram a este encontro com a
morte.centenas de dirigentes menos importantes foram deportados para os campos
de concentração da região polar.
Em abril de 1938, a Internacional
decretou oficialmente a dissolução do Partido Comunista Polonês, infiltrado de
agentes provocadores, trotskistas e outros inimigos da classe operária. Os
militantes receberam ordem para se dispersarem, sendo solenemente advertidos de
que toda iniciativa de reconstrução do partido seria considerada uma
provocação. O que o regime psidulkista não conseguira ao longo de largos anos
de luta sem quartel, a Internacional realizou em horas: a extrema esquerda
deixou de existir como força organizada, na Polônia. Foram liquidados também
comunistas alemães, italianos e de várias outras nacionalidades.
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O texto acima foi extraído de algumas
páginas do livro “A Crise do Movimento Comunista”, escrito por Fernando Claudin
- dirigente expulso do Partido Comunista Espanhol em 1965, juntamente com Jorge
Semprun -. Foi publicado na França em 1970, e posteriormente no Brasil com
tradução e Introdução de José Paulo Netto. No livro, Claudin, através de uma
abordagem metodológica fiel a Marx, desenvolve uma investigação minuciosa que
abarca cerca de meio século de História: da fundação da Internacional Comunista
(1919) à invasão da Checoslováquia (1968).
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
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