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Por Carlos I. S. Azambuja
Kruschev e sua necrofagia política
são os culpados pelo pesadelo do novo Holocausto, executado por um
profundamente anti-semita Irã, armado com bombas nucleares, e uma perigosa
Coréia do Norte. Kruschev gostava de se mostrar como um camponês, mas isso era
uma coisa enganadora. Em todos os lugares do mundo, camponeses têm senso de
propriedade.
Kruschev não tinha. Ele amadureceu
politicamente num período no qual os comunistas soviéticos estavam inclinados a
erradicar a propriedade privada, e ele desenvolveu uma natureza sobretudo
destrutiva. Kruschev derrubou estátuas de Stalin, abalou a imagem da União
Soviética como paraíso dos trabalhadores, destruiu a reputação de Pio XII,
demoliu a unidade comunista internacional, reviveu o anti-semitismo e gerou o
atual terrorismo, tudo isso sem construir nada que preenchesse o vácuo criado.
Kruschev também pôs abaixo a política de Stalin de não proliferação de armas
nucleares.
Conforme Igor Kurchatov, um Oficial
de Inteligência que chefiara o equivalente soviético do Projeto Manhattan,
Stalin era uma espécie de Gepeto, o carpinteiro italiano que esculpiu um pedaço
de madeira que podia sorrir e chorar como uma criança. O Pinóquio de Stalin foi
a sua primeira bomba nuclear. Ele a batizou de “Iosif-1”.No dia 29 de setembro
de 1949, quando Beriya telefonou para ele do campo de testes do Cazaquistão
para dizer que “Iosif-1” tinha produzido a mesma devastadora nuvem em forma de
cogumelo que o “Homem Gordo” americano, Stalin chegava ao topo do mundo.
“Naquele dia, Stalin jurou guardar o
poder nuclear consigo”, teria dito Frédéric Joliot-Curie, em agosto de
1955, na Conferência de Genebra sobre o Uso Pacífico da Energia Nuclear,
realizada pela ONU. O físico nuclear e famoso comunista francês estava com
Stalin, no escritório deste, quando Beriya ligou do local do teste.
Tudo mudou depois que Stalin morreu.
Depois de matar os líderes da polícia política da União Soviética e os seus
potenciais rivais, Kruschev precisava de um impulso positivo e, assim, decidiu
consertar o rompimento não declarado de Stalin com a China, por meio de algo
estrondoso. No começo de 1955, ele aprovou o pedido de Mao para ajudar o seu
país a produzir armas nucleares. Isso, junto com a necrofagia política de
Kruschev, abriu uma Caixa de Pandora.
Em abril de 1955, Kruschev elaborou
uma iniciativa conjunta para ajudar a China a produzir armas nucleares. O KGB,
que tinha – e ainda tem, como FSB, na sua encarnação atual – custódia de todas
as armas nucleares da União Soviética, coordenou a operação. Os especialistas
patrocinados pelo KGB começaram, então, a construir os fundamentos da nova
indústria militar nuclear da China, que era expressamente planejada para ter
por alvo “o sionismo americano”.
Cinco anos depois, contudo, as
relações entre Kruschev e Mao-Tsetung começaram a azedar. O líder chinês foi
ficando crescentemente insatisfeito com a “desestalinização” realizada por
Kruschev e entendeu literalmente a sua política de coexistência pacífica com o
Ocidente. Ele rotulou Kruschev de “brando com o imperialismo” e o acusou
de abandonar os princípios comunistas.
Em conversas com lideranças
comunistas da Romênia, o Primeiro-Ministro de Mao, Chou en-Lai, confidenciou
que Mao se cansara de Kruschev e começara a demonstrar abertamente o seu
descontentamento. Chou em-Lai, falando um francês fluente, descreveu para seus
anfitriões romenos como Mao “fumava como uma locomotiva” durante suas reuniões
com Kruschev, apesar de saber da aversão do líder soviético a cigarros. Pior
ainda, durante uma reunião, em Pequim, em 1958, Mao, que era nadador olímpico, levou
seu convidado para uma piscina, embora sabendo que Kruschev não sabia nadar.
Foi hilário, disse Chou em-Lai, ver Kruschev se sacudindo de um lado para outro
numa bóia, enquanto Mao nadava como um peixe.
Quando Kruschev foi ao Terceiro
Congresso do Partido dos Trabalhadores da Romênia, em Bucareste, em junho de
1960, ele atacou publicamente Mao-Tsetung, e recebeu, por sua vez, uma vigorosa
resposta do chefe da delegação chinesa.
Poucas semanas depois desse Terceiro
Congresso, o bloco soviético teve uma amostra da necrologia política de
Kruschev e da sua tendência destrutiva de fazer com que cada decisão sua
criasse problemas. Kruschev repentinamente retirou todos os conselheiros
soviéticos da China e deu fim a todos os projetos conjuntos. De acordo com os
chineses, Moscou retirou 1.390 especialistas, rompeu 343 contratos e descartou
257 projetos de cooperação no curso de poucas semanas.
O projeto conjunto de arma nuclear
estava entre eles, mas a essa altura os chineses já sabiam o suficiente para
continuar por contra própria. Dados fornecidos por várias agências de
Inteligência norte-americanas atestam que, em meados dos anos 1980, a China
estava produzindo pelo menos 400 quilos de plutônio 239 por ano. A capacidade
exata do Poder estratégico chinês ainda é relativamente desconhecida – ao menos
fora dos EUA -, mas em 1996 o número de ogivas era estimado em 2.500, com mais
140 a 150 sendo produzidas anualmente.
Kruschev não sobreviveu aos seus
próprios esforços de proliferação nuclear. No entanto, ele de fato, deu a
partida na produção dos “Iosif-1” de Stalin na Coréia do Norte e gerou o Irã
nuclear de Ahmadinejad.
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O texto acima é o resumo de um dos
capítulos do livro “Desinformação”, escrito pelo Tenente-General Ion Mihai
Pacepa – foi chefe do Serviço de Espionagem do regime comunista da Romênia.
Desertou para os EUA em julho de 1978, onde passou a escrever seus livros,
narrando importantes atividades do órgão por ele chefiado, e que influenciaram
diretamente alguns momentos históricos do Século XX -, e pelo professor Ronald
J. Rychlak - advogado, jurista, professor de Direito Constitucional na
Universidade de Mississipi, consultor permanente da Santa Sé na ONU, e autor de
diversos livros -. O livro foi editado no Brasil em novembro de 2015 pela
editora CEDET.
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