Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Hans Kruger
- No final do encontro, Meister pede
a Ernesto Schaeffer para avaliar a posição brasileira na corrida internacional
por terras raras e metais para aplicações na eletrônica, segmento de
importância estratégica para o desenvolvimento. Com muita competência ele diz:
— Vamos considerar a atual situação e
as prováveis tendências de desenvolvimento nos campos de computadores,
monitores LCD/LED, smartfones, instalações solares, laser, imãs, condensadores,
tecnologia de segurança e novos produtos, hoje ainda exóticas aplicações, todos
somados. Logo perceberemos que as industrias não vão ter matérias-primas
suficientes pois as mineradoras não poderão atender as demandas.
Nosso país deve se esforçar muito,
muito mais para pesquisar os enormes vazios do nosso Norte e Nordeste.
— A China ocupa com terras raras a
primeira posição mundial. A posição é tão forte que os chineses podem ditar os
preços, simplesmente porreduzir os fornecimentos. O Ocidente possui umas minas,
insuficientes para satisfazer a fome da indústria, e cada vez mais tenta
explorar a reciclagem de sucata eletrônica e reaproveitar os montes de escória
de minerais nos seus pátios, cada vez mais interessantes na medida em que os
preços no mercado internacional sobem.
Entusiasmado, continua: — Prospecção
apenas não resolve, nem quando incluídas novas descobertas de jazidas. Algumas
matérias-primas encontram-se em minerais que são radioativos. Pode ser radiação
fraca, mas com cada processo de concentração, ela aumenta. É o caso de
monazita, um metal pesado. Brasil tem bastante monazita contendo urânio e
tório. Por razões que desconheço, o Brasil continua explorando, enquanto outros
países pararam por causa da radioatividade. Separa-se dela o neodym, um metal
de côr branco-prateado brilhante. Neodym tem muitas aplicações. Para apenas
mencionar algumas: imãs para tomógrafos, micromotores, discos rígidos, rotores
contínuos por imãs, etc. Os sais e óxidos de neodym vão para a indústria de
porcelanas e vidros. O instituto alemão BGRestima o consumo até 2030 em 27.900
toneladas que não podem ser atendidas pelas mineradoras. Lembrem: entre a
descoberta de novas jazidas e a exploração de fato se passam dez anos ou mais.
Essa matéria-prima ou monazita sem radioatividade ainda não foi descoberta no
Brasil !!!
Schaeffer esclarece: — A nossa vida
em volta da tecnologia é cercada de substâncias coloridas, luminosas. Por
exemplo o terbium, separado com ácido sulfúrico quente do mineral, para obter
sulfatos solúveis em água. Para purificar terbium faz-se troca iônica. Terbiumé
branco-prata e os óxidos fosforizam verde. Misturados com óxidos azuis e
vermelhos oriundos de europium consegue-se luz branca. Para qualquer iluminação
interna isto é de extrema importância. Terbium puro ainda se aplica em sistemas
sonares, sensores e muito mais. Sabemos que existem jazidas no Norte do Pará,
provavelmente na região do Rio Trombetas. Ainda temos o meio-metalgermanium,
mais um elemento muito caro e por esta razão restrito na aplicação. Um dos
mercados mais importantes são as fibras óticas. Existem poucos países que podem
fornecê-lo, o que aumenta a dependência. Os primeiros lugares são ocupados por
China, Estados Unidos, Ucrânia e Rússia.
Schaeffer respira fundo e continua: —
Muito se fala sobre tantal. Talvez em razão das condições inumanas de
exploração de coltan na África. Descubriu-se um método de transformar coltan em
tantal. No Congo e em Ruanda, coltan financia guerras. Ninguém sabe para onde o
desenvolvimento vai, quais as descobertas revolucionárias o futuro próximo nos
reserva. O que hoje existe em quantidades tranquilas, amanhã pode perder o
valor ou subir sem parar. Nada é mais fixo, tudo se movimenta ou uma tendência
técnica vence barreiras. Estou falando sobre a mineração no fundo dos mares.
Pouco sabemos sobre a maior extensão da terra, os mares. Novos países entrarão
no cenário mundial, se as condições políticas permitirem. Um bom exemplo é o
Afeganistão. Gigantescas jazidas foram descobertas com a ajuda de satélites.
Terras raras na província de Helmand, lithium no Leste. Este último é parte
integral de baterias. Afeganistão tem um passado geológico único. Diversas
placas tectônicas colidiram, provocando intensa atividade vulcânica, jogando
magma para a superfície.
Os tesouros podem ser aproveitados ?
A situação tribal e os talibãs deixam ? A China já assinou contratos com o
governo de Kabul, para cobre e outros metais. Mas, quem está presente no país,
sempre tem mais chances.
Outro desconhecido é a Groenlândia.
Embaixo do gelo derretendo aparece uma caixa cheia de tesouros. Pode explorar
as riquezas ? Os grandes conglomerados ainda ficam à espera, deixando pequenas
exploradoras correrem os riscos de primeira hora. A Rússia é um caso à parte.
Lá é o Estado que explora e as decisões são estratégicas e não financeiras.
E a fala do expert prossegue: —Duas
regiões mencionadas na imprensa nos anos sessenta, mas fora da atenção pública
agora, são o Mar Vermelho e o fundo do mar ao Oeste das Ilhas Galápagos,
chamado Rift Valley, fendas abertas soltam lava e componentes químicos o tempo
todo, inclusive minerais. Eu podia falar horas sobre isso. É um assunto que
estimula a imaginação e as exigências práticas são abrangentes. Nosso governo
tem cientistas capazes e está ciente da importância dos nosso estados do Norte.
Devemos urgentemente aumentar o número de opções. O Brasil é forte em ferro,
nióbio e bauxita. É pouco.
Nióbio é um caso político ou de
polícia. O grande publico nem sabe. Há anos, o nióbio está sendo exportado
abaixo do preço de mercado. No exterior ele muda de importância e preço. Os
donos da mineradora que possui uma quase exclusividade em nióbio, constam na
lista Forbesdos mais ricos. Pouco provável que conseguiram acumular tanta grana
com o valor declarado do nióbio.
Meister e Machado ficam
impressionados com a apresentação de Schaeffer. Mais tarde Machado comenta: —
Você vê, Erich, temos gente capacitada. Falta saber, por que eles não estão nas
chefias de comendo.
EXTRATO DO LIVRO “Terras Raras –
Peste Branca” de Hans Erich Kruger, publicado em 2016 em português (paginas 65
– 67).
Hans Erich Kruger, agricultor, é
autor de "Aventura na Selva" - 3º livro da “Série Brasileira” - Amazon
ISBN 9781533269966
3 comentários:
Caríssimos solicitaria disponibilizar o áudio ou vídeo para o restante do Brasil...seria uma ótima campanha...sucesso.
Grato.
Carlos Bonasser
bonasser@terra.com.br
Fortaleza -Ceará
Em poucas palavras , o que o Brasil precisa com urgência é mudar a mentalidade de país extrativista e se tornar ponta em valor agragado com os valiosos e múltiplos produtos tirados do solo.
Quem vende e dita o preço do nióbio brasileiro é a ity de Londres, assim como com o ouro. Em uma palavra: Rothschild.
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