Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja
O texto abaixo é mais um resumo de um
dos capítulos do livro “A NOMENKLATURA – Como Vivem as Classes
Privilegiadas na União Soviética”, de autoria de MICHAEL S. VOSLENSKY,
considerado no Ocidente um dos mais eminentes especialistas em política
soviética. Foi professor de História na Universidade de Amizade dos Povos
Patrice Lumumba, em Moscou, e membro da Academia de Ciências Sociais junto ao
Comitê Central do PCUS. O livro foi editado no Brasil pela Editora Record.
NOMENKLATURA, uma palavra
praticamente desconhecida pela maioria dos brasileiros, exceto por alguns
especialistas, merece tornar-se tão célebre quanto o termo GULAG. Designa a
classe dos novos privilegiados, essa aristocracia vermelha que dispõe de um
poder sem precedentes na História, já que ela é o próprio Estado. Atribui a si
mesma imensos e inalienáveis privilégios – dachas e moradias luxuosas,
limusines, restaurantes, lojas, clínicas, centros de repouso especiais e quase
gratuitos -.
_______________________
Eis o objetivo declarado da Nomenklatura, aplicando o princípio leninista que preconiza procurar o ponto fraco do adversário e aí concentrar seu ataque: ela tenta sua chance em diversos pontos do planeta. É na Europa que procede com mais método, ainda que com bastante circunspecção. A Europa não constitui, propriamente dito, o ponto fraco do campo ocidental, mas sempre segundo Lenin, “ela constitui o elo particular que convém agarrar com todas as forças paa ter toda corrente nas mãos.
_______________________
Eis o objetivo declarado da Nomenklatura, aplicando o princípio leninista que preconiza procurar o ponto fraco do adversário e aí concentrar seu ataque: ela tenta sua chance em diversos pontos do planeta. É na Europa que procede com mais método, ainda que com bastante circunspecção. A Europa não constitui, propriamente dito, o ponto fraco do campo ocidental, mas sempre segundo Lenin, “ela constitui o elo particular que convém agarrar com todas as forças paa ter toda corrente nas mãos.
Atualmente, a produção industrial dos
países socialistas representa mais de um terço do total mundial. Se a Europa
Ocidental caísse sob o controle da Nomenklatura, essa proporção aumentaria
consideravelmente, assegurando-lhe, assim, uma predominância absoluta nesse
setor primordial. Ocorreria o mesmo em termos de mão-obra e potencial
científico.
A passagem da Europa PA o campo
nomenklaturista faria, pois, pender a balança a favor da Nomenklatura. Os que,
na América, falam ativamente em se barricar, se necessário, na “fortaleza
americana”, deveriam indagar-se que perspectivas se ofereceriam aos EUA, se
tivessem de enfrentar uma Nomenklatura dona da massa continental coberta pela
Europa, Ásia, África, uma Nomenklatura que se entregaria, além do mais, a um
trabalho de sapa em seu próprio território. A integridade da Europa Ocidental é
essencial, pois é ela que e determina a resposta à pergunta feita por Lenin: “Quem
vencerá quem?”
Isso não impede, de maneira alguma, a
Nomenklatura de passar ao ataque simultaneamente em outras partes do mundo. No
Sul da Europa e no Sul das repúblicas soviéticas da Ásia Central se estendem as
vastas superfícies dos países do Terceiro Mundo. Ela lançou uma ofensiva nessa
direção, tendo como objetivo de instaurar ali, por todos os lados, Estados do
tipo “Democracia Popular” (os projetados para o Terceiro Mundo são, para
Moscou, “Estados nacionais democráticos”). E se isso ainda não está no domínio
do possível,ela espera conseguir uma “finlandização” adaptada às possibilidades
do bloco África-Ásia.
A Índia, de Indira Gandhi (antes da
derrubada e depois da volta desta), nos fornece um bom exemplo do que poderia
ser esse tipo ‘finlandização”. A Finlândia é um pequeno país, enquanto a Índia
é imensa e conta com uma população muito mais numerosa do que a da União
Soviética, mas, a despeito dessas diferenças flagrantes, as relações que ela
mantinha, sob Indira Gandhi, com a URSS, lembravam as que existiam entre a
Finlândia e Moscou. Durante esse período, a Nomenklatura soube explorar o medo
sentido pelos dirigentes indianos diante da China PA torná-los conciliadores e
receptivos a seus conselhos.
Durante os últimos anos a África viu
nascer numerosos governos do tipo das democracias populares. Um Estado do
Terceiro Mundo deve reunir um certo número de condições antes de ostentar o
label de “país de orientação socialista” pela Nomenklatura. Ela não leva em
consideração nem o nível de desenvolvimento das forças produtivas nem a
importância da classe operária, nem mesmo a existência de um partido comunista:
as tomadas de posição pró-ocidentais ou pró-soviéticas do regime considerado
constituem para ela o critério essencial desse reconhecimento. Disso resultam
certas flutuações nas apreciações que a propaganda da Nomenklatura faz sobre a
natureza dos regimes políticos dos diversos Estados do Terceiro Mundo.Os
partidos baatistas, no poder na Síria e no Iraque, foram, durante muito tempo,
tachados de fascistas, e agora são considerados democráticos e revolucionários.
Kadhafi, que ela tratava anteriormente de reacionário, fascista e fanático,
transformou-se depois em estadista progressista e socialista.
A atitude dos governantes pode ser
decisiva. Assim, a República Centro-Africana, aos olhos de Moscou, poderia
constituir um Estado Nacional-Democrático perfeitamente aceitável. Para isso
bastaria Bokassa declarar-se Secretário-Geral do Partido, mandar o imperialismo
norte-americano para os quintos dos infernos, e proclamar seu devotamento
indefectível aos ideais socialistas. Mas, ao invés disso, proclamou-se
Imperador, demonstrando, sem equívoco a orientação pouco socialista de seu
regime.
Seria um erro querer minimizar o
impacto da política seguida pela Nomenklatura nesses países, pois ela sabe
jogar com a hostilidade que os povos do Terceiro Mundo votam aos seus antigos
colonizadores, e a sua propensão a considerar os ocidentais como
recolonizadores em potencial, quer possuam colônias ou não. Bem curiosamente, a
União Soviética, última potência colonial do mundo, figura do lado
anticolonialista na opinião dos políticos do Terceiro Mundo. O desenvolvimento
econômico constitui o problema essencial da maior parte desses países. Nesse
domínio, o Ocidente lhes poderia ser de muito maior valia do que a URSS, e
conseqüentemente, o Ocidente seria o aliado natural do Terceiro Mundo.
Mas, a Nmenklatura lançou um slogan
afirmando o contrário, e ele foi levado a sério nos círculos políticos do
Terceiro Mundo, Eis aí um dos êxitos mais importantes de sua diplomacia e de
sua propaganda, pois lhe permitiu ganhar o apoio sistemático de um certo numero
de países do Terceiro Mundo, vozes começaram a se fazer ouvir para denunciar a
política neo-colonialista da Rússia nos países em vias de desenvolvimento. Mas,
com toda evidência, levará muito tempo antes que esta tomada de consciência
repercuta sobre a política externa desse país.
Enquanto espera, a Nomenklatura não
se limita a querer edificar sociedades socialistas nos países do Terceiro Mundo
e da Europa Ocidental. Visa igualmente a América do Norte, a Austrália e a Nova
Zelândia. Documentos oficiais do PCUS e de outros partidos comunistas afirmam,
com vigor, que o socialismo não parará nas portas de nenhum país do planeta,
que ele representa o futuro radioso da humanidade inteira.
Radicalismo verbal? Não! É realmente o plano da classe dos nomenklaturistas. Sob a capa do socialismo real para todos, a Nomenklatura procura instaurar sua hegemonia sobre a totalidade do planeta.
Radicalismo verbal? Não! É realmente o plano da classe dos nomenklaturistas. Sob a capa do socialismo real para todos, a Nomenklatura procura instaurar sua hegemonia sobre a totalidade do planeta.
Há uma opinião que surge de tempos em
tempos no Ocidente. Segundo ela, seria possível conter a agressividade da
Nomenklatura, pagando-lhe um tributo que consistiria em ajudá-la a vencer as
dificuldades que encontra tanto nos países do Leste quanto na União soviética.
É o conteúdo da famosa “doutrina Sonnenfeld”, que afirmava que os EUA deveriam
dar mão forte as dirigentes soviéticos para lhes permitir boas relações “orgânicas”
com os povos dos outros países do Leste. Alexander Yanov, que emigrou da URSS
para os EUA, enunciou idéias bem semelhantes quando recomendou aos ocidentais
apoiar a “NOVA CLASSE”.
O defeito desses raciocínios é que
eles desprezam um dado fundamental: é impossível livrar-se do expansionismo e
da agressividade da Nomenklatura, mesmo pagando-lhe tributo, pois eles
constituem a característica fundamental dessa classe. Quando muito, pode-se,
deixando-lhes como alimento povos e países – aliados potenciais – ganhar tempo,
enquanto ela está ocupada em devorá-los e digerí-los. Mas, quando o último prazo
se esgotar, e quando se estiver à beira do abismo, não restará mais nenhum
aliado.
É claro que existe outra linha de
conduta possível, conclui o autor do texto, aqui resumido: MICHAEL S.
VOSLENSKY.
Um comentário:
.
acp
Escreva um seu artigo seu a desmentir o falso decalogo de lenin que desde que a internet existe engana tolos. Aquele, sobre greves, libertinagem, armas... Nem lenin nem nenhum comuna o escreveu.
Ou pesquise e publique artigo de outrem.
acp
.
.
acp
Escreva um seu artigo seu a desmentir o falso decalogo de lenin que desde que a internet existe engana tolos. Aquele, sobre greves, libertinagem, armas... Nem lenin nem nenhum comuna o escreveu.
Ou pesquise e publique artigo de outrem.
acp
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Postar um comentário