Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja
O texto abaixo é um resumo de um dos
capítulos do livro “Fanatismo e Movimentos de Massa”, escrito em 1951 por Eric
Hoffer e editado no Brasil em 1968 pela Editora Lidador Ltda. Especialistas
consideraram que o livro tem a mesma dimensão de “O Príncipe“, de Maquiavel.
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O vigor de um movimento de massa
deriva da propensão de seus seguidores para a ação unida e o auto-sacrifício.
Quando atribuímos o sucesso de um movimento à sua fé, doutrina, propaganda,
liderança, crueldade, e assim por diante, estamos nos referindo apenas a
instrumentos de unificação e a meios utilizados para inculcar uma disposição ao
auto-sacrifício. É talvez impossível compreender a natureza dos movimentos de
massa a menos que se reconheça que sua principal preocupação é fomentar,
aperfeiçoar e perpetuar a facilidade para a ação unida e o auto-sacrifício.
Conhecer os processos pelos quais
essa facilidade é gerada é aprender a lógica interna das atitudes e práticas
características de um movimento de massa ativo. Com poucas exceções, qualquer
grupo ou organização que tenta, por uma ou outra razão, criar e manter unidade
compacta e uma constante disposição para o auto-sacrifício, geralmente
manifesta as peculiaridades – tanto elevadas como baixas – de um movimento de
massa.
Por outro lado, um movimento de massa
perderá muito daquilo que o distingue de outros tipos de organização quando
começar a cortejar o interesse próprio como legítimo motivo de atividade. Em
tempos de paz e prosperidade, uma Nação democrática é uma associação
institucionalizada de indivíduos mais ou menos livres. Por outro lado, em
tempos de crise, quando a existência da Nação é ameaçada, e ela tenta reforçar
sua unidade e gerar no seu povo a disposição ao auto-sacrifício, isso quase
sempre assume o caráter de um movimento de massa. O mesmo se aplica a organizações
religiosas e revolucionárias, se se transformam ou não em movimentos de massa
depende menos da doutrina que pregam e do programa que planejam do que do grau
de sua preocupação do que a unidade a disposição ao auto-sacrifício.
O ponto importante é que nos
extremamente frustrados a propensão para a ação unida e o auto-sacrifício nasce
espontaneamente. Deve ser possível, portanto, obter-se alguma idéia sobre a
natureza dessa propensão e da técnica a ser empregada para a sua deliberada
provocação, delineando a sua eclosão espontânea na mente frustrada. O que faz
sofrer o frustrado? A consciência de um ego irremediavelmente manchado. Seu
principal desejo é escapar a esse ego – e é desejo que se manifesta numa
propensão à ação unida e ao auto-sacrifício.
A repugnância por um ego indesejável,
e o impulso para esquecê-lo, mascará-lo, eliminá-lo e perdê-lo, produzem a
disposição de sacrificar o ego e a vontade de dissolvê-lo, perdendo a distinção
individual num todo coletivo compacto. Além disso, o afastamento do ego é
geralmente acompanhado por uma serie de atitudes diversas e aparentemente não
relacionadas, que uma sondagem mais próxima revela serem fatores essenciais no
processo de unificação e de auto-sacrifício.
Em outras palavras, a frustração não
só dá ensejo ao desejo de unidade e à disposição para o auto-sacrifício, mas
também cria o mecanismo para a sua realização. Fenômenos diversos, como a
depreciação do presente, a facilidade de criar ilusões, a inclinação ao ódio, a
facilidade de imitação, a credibilidade, a tendência a tentar o impossível, e
muitos outros que tumultuam a mente dos homens intensamente frustrados, são,
como veremos, agentes unificadores e promotores de atitudes ousadas.
Quando decidimos provocar nas pessoas
certa facilidade para a ação unida e o auto-sacrifício, fazemos todo o possível
– quer saibamos disso ou não – para induzir e estimular o afastamento do eu e
tentamos cultivar nelas as diversas atitudes e impulsos que acompanham o
espontâneo afastamento do ego nos frustrados. Em suma, tentaremos mostrar que a
técnica de um movimento de massa ativo consiste, basicamente, na provocação e
cultura de tendências e reações indignas à mente frustrada.
É de se esperar que o leitor discorde
de muita coisa dita neste texto. Sentirá,talvez, que muita coisa foi exagerada
e muita coisa foi ignorada. Mas este não é um texto didático com autoridade; é
um texto de pensamentos e não se afasta das meias verdades, desde que elas
pareçam sugerir um novo ponto de vista e ajudem a formular novas perguntas. Diz
Bagehot - Walter Bagehot -Somerset, 3 de fevereiro de 1826 – Langport, 24 de março de 1877) foi
um jornalista, empresário, eensaísta britânico, que escreveu extensivamente sobre o Governo, Economia e Literatura – que “para ilustrar um princípio é
preciso exagerar muito e omitir muito” -.
As capacidades para a ação unida e
para o auto-sacrifício parecem seguir sempre juntas. Quando ouvimos falar de um
grupo que é particularmente desprezador da morte, podemos geralmente concluir
justificadamente que o grupo é intimamente ligado e profundamente unificado.
Por outro lado, quando enfrentamos um membro de um grupo compacto,
provavelmente descobriremos que ele despreza a morte. Tanto a ação unida como o
auto-sacrifício requerem o desprezo do ego.
Para tornar-se parte de um todo
compacto, o indivíduo tem que abandonar muita coisa. Tem que renunciar ao
isolamento, ao julgamento individual e, muitas vezes, às posses individuais.
Instruir uma pessoa para a ação unida é, portanto, treiná-la para atos de
contra-negação. Por outro lado, o homem que pratica a auto-abnegação, elimina a
dura concha que io mantém afastado dos outros e, assim, torna-se assimilável.
Todo agente unificador é, portanto, um promotor do auto-sacrifício e vice-versa.
A técnica de fomentar a disposição à
luta e à morte consiste em separar o indivíduo do seu ego de carne e osso, em
não lhe permitir que seja o seu eu real.
Isso pode ser conseguido pela
profunda assimilação do indivíduo num corpo coletivo compacto, dotando-o de um
ego imaginário; implantando nele uma atitude depreciativa para com o presente e
fixando seu interesse em coisas que ainda não existem; interpondo um painel de
fato-comprovado entre ele e a realidade – doutrina -; e impedindo, mediante a insuflação
de paixões, o estabelecimento de um equilíbrio estável entre o indivíduo e seu
ego - fanatismo -.
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
3 comentários:
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acp
Escreva um seu artigo seu a desmentir o falso decalogo de lenin que desde que a internet existe engana tolos. Aquele, sobre greves, libertinagem, armas... Nem lenin nem nenhum comuna o escreveu.
Ou pesquise e publique artigo de outrem.
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