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Por Fernando Alcoforado
A Petrobras fechou 2015 com prejuízo
de R$ 34,8 bilhões. De 2010 a 2014, a Petrobras deixou de ser a 12ª para se
tornar a 416ª maior empresa do mundo, segundo a revista norte-americana Forbes.
Seu valor de mercado que era US$ 270 bilhões regrediu para os atuais US$ 11
bilhões com uma perda em Dólares superior a 95,9%. Sua margem de lucro que era
de 16,61% em 2010 regrediu para -8,38% em 2015. Suas ações, cotadas a R$ 24,43
após a eleição de Dilma Rousseff, regrediram para atuais R$ 13,95 no Ibovespa.
Para agravar a situação, o preço do barril de petróleo caiu de US$ 98,99 em
2014 para US$ 47,8 atuais que contribuiu para reduzir as receitas da empresa,
em especial com a exportação de combustíveis.
Os resultados desastrosos da
Petrobras resultaram não apenas da má gestão e das decisões equivocadas de seus
dirigentes nos investimentos realizados como, por exemplo, a aquisição das
refinarias de Pasadena nos Estados Unidos e de Okinawa no Japão e a construção
da refinaria Abreu e Lima no Brasil, mas também da corrupção que significou um
assalto aos cofres da companhia que se estima seja da ordem de R$ 44,6 bilhões.
A divulgação do balanço da Petrobras
referente a 2014, devidamente auditado comprova que o assalto praticado pelo
aparelhamento da empresa pelos governos do PT não foi apenas de R$ 6,2 bilhões
contabilizados no balanço como perdas patrimoniais em função do
superfaturamento de contratos firmados entre a companhia e o “clube de
empreiteiras”, fonte que irrigou bolsos de altos funcionários e campanhas do
PT, alguns partidos aliados dos governos petistas e políticos diretamente. A
Petrobras informou que outros R$ 44,6 bilhões de prejuízos resultaram também da
postergação dos projetos do Comperj (polo petroquímico em Itaboraí, RJ) e da
Refinaria Abreu e Lima (PE), causados, entre diversos motivos, por problemas na
cadeia de fornecedores oriundos das investigações da Operação Lava-Jato (Ver o
artigo O verdadeiro custo da corrupção na Petrobras disponível no website ).
Entre agosto de 2009 e maio de 2015,
houve um excessivo endividamento da Petrobras, que chegou ao posto de maior
detentora de dívida no mundo, com uma marca que não parava de crescer evoluindo
de R$ 115 bilhões em 2010 para os R$ 522 bilhões em 2015. Com mais de 70% de
sua dívida em moeda estrangeira, a Petrobras está extremamente vulnerável à
variação cambial a ela bastante desfavorável. Com o aumento da dívida, cresce a
alavancagem da empresa, isto é, o tamanho dos débitos em comparação com o
tamanho da companhia.
Analistas olham para indicadores de
alavancagem para estimar a capacidade de uma empresa pagar suas dívidas. Além
de estar extremamente endividada, a Petrobras está sendo ameaçada pela redução
de sua receita com as exportações de óleo bruto e com a venda de derivados de
petróleo como nafta e querosene de aviação devido à queda no preço do barril de
petróleo no mercado internacional que hoje corresponde a US47,8. A redução de
sua receita inviabiliza ainda mais a realização dos investimentos em novos
projetos de exploração e produção da Petrobras.
O novo plano de negócios da Petrobras
apresentado pela Diretoria atual da empresa prevê despender US$ 74,1 bilhões no
período entre 2017 e 2021, 81% do valor na área de exploração e produção de
petróleo. O plano amplia o programa de venda de ativos com a previsão de vendas
de US$ 19,5 bilhões no período entre 2017 e 2018. Com 2 menores investimentos e
mais venda de ativos, a empresa planeja antecipar para 2018 a meta de redução
da alavancagem (relação entre dívida e geração de caixa) para 2,5 vezes, valor considerado
ideal por agências avaliadoras de risco. Hoje, o indicador está em 4,49 vezes.
O primeiro plano aprovado pela atual gestão da Petrobras informa que a visão da
Petrobras para os próximos anos é ser uma empresa integrada de energia com foco
em óleo e gás.
O documento oficializa o afastamento
da Petrobras das atividades de produção de biocombustíveis, gás liquefeito de
petróleo (GLP, o gás de cozinha), fertilizantes e petroquímica. Prevê a
reestruturação dos negócios em energia, consolidando as térmicas em grupos de
ativos para "maximizar" o valor, e a revisão do posicionamento em
lubrificantes. A carteira de investimentos do plano prioriza projetos de
exploração e produção de petróleo no Brasil, com ênfase em águas profundas. Nas
demais áreas de negócios, os investimentos destinam-se, basicamente, à
manutenção das operações e a projetos relacionados ao escoamento da produção de
petróleo e gás natural.
Em 2021, a Petrobras espera estar
produzindo 2,77 milhões de barris por dia no Brasil. Dos investimentos em
exploração e produção (US$ 60,6 bilhões), 76% irão para projetos de
desenvolvimento da produção. No refino, serão aplicados US$ 12,4 bilhões,
principalmente em manutenção das operações e em infraestrutura para o escoamento
da produção de petróleo.
Considerando o fato de a Petrobras se
defrontar com a predominância de pontos fracos (endividamento excessivo e
prejuízos operacionais) e de ameaças no ambiente externo (queda no preço do
petróleo no mercado internacional e redução da demanda de derivados de petróleo
no mercado interno devido à recessão), a estratégia recomendável para a empresa
seria a de sobrevivência contemplando a adoção de medidas de redução de custos
operacionais e desinvestimento que é a que está sendo contemplada no plano da empresa.
A redução de custos será alcançada, de um lado, com a concentração da empresa
nas atividades de óleo e gás e, de outro, com a racionalização de suas
atividades operacionais. O afastamento da Petrobras das atividades de produção
de biocombustíveis, gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha),
fertilizantes e petroquímica colaborará neste sentido.
O futuro da Petrobras depende do
sucesso que alcance com a execução desta estratégia. Assegurar a sobrevivência
da Petrobras representa o primeiro passo a ser dado para criar as condições
para ela promover seu desenvolvimento futuro evitando, desta forma, sua
liquidação ou a venda ou privatização da empresa. A estratégia de sobrevivência
possibilitará à Petrobras se fortalecer econômica e operacionalmente para
aproveitar as oportunidades de expansão futura com a adoção da estratégia de
desenvolvimento que contemplaria a diversificação da empresa com o
desenvolvimento do mercado, da produção, financeiro e de capacidades.
Em outras palavras, ao reduzir seu
tamanho e a abrangência de suas atividades no momento com a estratégia de
sobrevivência, a Petrobras se fortaleceria para retomar, mais tarde, a
capacidade de atuar nos setores de óleo e gás e se diversificar atuando em
outras áreas.
É importante observar que o polígono
do pré-sal do Brasil pode conter ainda óleo e gás não descobertos suficientes
para suprir as atuais necessidades do mundo por mais de cinco anos (Ver o
artigo Pré-sal do Brasil contém 176 bi de barris de petróleo e gás, diz estudo
disponível no website ). O polígono, que 3 cobre a maior parte das bacias
marítimas sedimentares de Campos e Santos, contém ao menos 176 bilhões de
barris de recursos não descobertos e recuperáveis de petróleo e gás natural
(barris de óleo equivalente), de acordo com um estudo publicado por Cleveland
Jones e Hernane Chaves, do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Isso é quatro vezes mais do que os 30
bilhões a 40 bilhões de barris que já foram descobertos na área.
Apesar de todo este potencial, o
ponto de equilíbrio do custo de extrair petróleo no pré-sal, que se situa entre
US$ 40 e US$ 45 o barril, pode inviabilizar seu aproveitamento futuro porque o
preço do barril de petróleo no mercado internacional pode atingir valor
inferior ao custo da extração do pré-sal. O mundo tem mais petróleo do que
precisa e quer cada vez menos petróleo devido a questões ambientais (Ver o
artigo de Flávia Lima Situação da Petrobras resulta de incompetência, diz David
Zylbersztajn disponível no website ).
A ameaça de o pré-sal se tornar
inviável economicamente aponta no sentido de seu desinvestimento futuro e da
necessidade de diversificação do negócio da Petrobras que deveria retomar as
atividades de produção de biocombustíveis, gás liquefeito de petróleo (GLP, o
gás de cozinha), fertilizantes e petroquímica abandonadas com base no plano
atual. No futuro, o petróleo deveria ser produzido pela Petrobras para fins
mais nobres como a produção de fertilizantes e produtos petroquímicos.
No futuro, a Petrobras deveria
concentrar sua atuação na área de biocombustíveis que, no Brasil, oferece
grande perspectiva como substituto da gasolina e óleo diesel colaborando desta
forma com a redução da emissão de gases do efeito estufa.
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