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Por Arthur Jorge Costa Pinto
A esperada recuperação da economia
após o impeachment de Dilma ainda não começou a acontecer e, pelo visto, os
efeitos desta crise afetam as projeções para este ano e também para o próximo.
Observamos que a economia não está produzindo boas noticias no volume e
necessidade para resolver os problemas e também a política sequer vem
ajudando a economia.
Lembro-me de dois tipos possíveis de
recuperação econômica. Uma é a retomada ocupando a capacidade ociosa. A
recessão aumenta naturalmente a capacidade ociosa, as empresas têm a capacidade
de produzir mais, porém produzem bem menos. Portanto, abre-se um espaço a ser
ocupado. Isso pode ser considerado uma recuperação. A outra é a recuperação da
economia quando ela ocupa a capacidade ociosa e vai mais além, com aumento da
capacidade de produção por novos investimentos. Esta é a forma mais saudável de
recuperação. Para mim, ainda está difícil visualizar no horizonte brasileiro
esta recuperação através do crescimento de investimento.
O Produto Interno Bruto (PIB)
encerrou o terceiro trimestre do ano com queda de 0,8% em relação ao trimestre
anterior. Com isso, o país registra o sétimo trimestre seguido de retração da
economia. Já no resultado acumulado do ano até setembro, o PIB apresentou recuo
de 4% em relação a igual período de 2015, maior queda para este período desde o
início da série em 1996.
Diante desses resultados apresentados
recentemente, um dos colaboradores bem próximo ao presidente Temer não deixou
escapar a oportunidade e disparou sem piedade: “a equipe dos sonhos não está
conseguindo entregar os sonhos da equipe”.
Como conseqüência, abre-se um grande precedente para que alguns membros
da cúpula governamental possam criticar outros setores estratégicos, agravando
a turbulência na área política, distanciando o mercado da expectativa de
melhoria da economia, aumentando as incertezas e dificultando a permanência do
Ministro da Fazenda à frente da sua pasta.
Como vemos, o cenário econômico
continua ainda desfavorável, abafando o otimismo que norteou os primeiros meses
deste governo que pretendia recolocar rapidamente o país na trilha da sua
recuperação econômica. Após a finalização do processo de impeachment da
ex-presidente, economistas e empresários passaram a imaginar um percurso num
“mar de rosas” por onde a economia brasileira deveria navegar. Em junho
passado, no auge da euforia com a mudança do governo, o cenário estabelecido
ensejava que o pior da “tempestade perfeita” já tinha sido parcialmente
dissipado e com a transição política já plenamente realizada, seria o bastante
para iniciar a revitalização econômica.
As bases dessa exaltação foram
apoiadas em projeções que sinalizavam inflação declinante e, da mesma forma, da
taxa básica de juros, o que favorecia estímulos à demanda agregada em nossa
economia. Esse processo conduziria a um discreto crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) no final deste exercício, com possibilidades de ser mais robusto
no próximo ano.
Em outro momento histórico que faz
parte do nosso passado, precisamente no início da década de 90, ocorreu uma
situação similar a essa que estamos revivendo. O delírio de otimismo aconteceu
quando o ex-presidente Collor teve que abandonar o Palácio do Planalto pela
porta do fundo ao final de um processo de impeachment, assumindo a vaga o seu
vice, Itamar Franco (morto há cinco anos). Devido ao caos econômico que
experimentamos diante das feridas abertas pelo Plano Collor na economia e por
causa da corrupção desenfreada naquela ocasião, a atmosfera política tornou-se
insustentável para a permanência do ex-presidente alagoano no comando do País.
Com a chegada de Itamar à
presidência, o ambiente encheu-se de expectativas extremamente positivas quanto
ao futuro da Nação, apesar de que entre os brasileiros daquela época poucos
conheciam a figura deste típico mineiro de forte personalidade, com seu
“topete” imponente, desembarcando repentinamente no poder, envolto a bons
propósitos.
Essa onda de otimismo se traduziu em
êxtase em relação à economia brasileira apenas por um breve período. Passados
alguns meses, a sociedade sentia que os problemas econômicos ainda prosseguiam
diante de uma inflação incontrolável. A grave situação econômica reinante
naquele período corroeu rapidamente o otimismo que chegou a fervilhar durante
os primeiros dias da renúncia de Collor. Somente o advento do Plano Real,
divulgado ao final de 1993, trouxe alguma esperança ao povo brasileiro.
A mecânica do otimismo sem maiores
fundamentos pode ser ajustada para a realidade atual. Não tenho dúvida de que
boa parte da sociedade brasileira já começou a perceber que as grandes questões
econômicas herdadas dos períodos petistas ainda perduram, apesar de que a
qualidade da equipe e da gestão da política econômica do governo Temer seja
inegavelmente superior aos dois últimos desgovernos da seita petista. Esta
equipe vem demonstrando enfrentar dificuldades na execução do modelo econômico
que foi escolhido, sem conseguir amenizar os impactos da malversação dos
recursos públicos diante de inúmeras e graves distorções relativas ao descaso
dos últimos anos e aos erros que foram gerados na economia brasileira.
Desse modo, fica comprovado que a
recuperação da atividade econômica brasileira poderá ser mais demorada e
gradual que a antecipada previamente, estando ainda distante de uma realidade
equilibrada, devido ao desemprego crescente, ao setor industrial que patina e
ao consumo paralisado. Isso demonstra que faltam ao governo Temer, neste
momento, instrumentos eficientes para impulsionar a demanda agregada; uma
política expansionista fica impedida pelo ajuste fiscal em curso enquanto que a
política monetária trava uma luta contínua para baixar a inflação.
Igualmente, ainda encontra-se
impetuoso o ritmo que provoca a alta dos preços, impondo-os a se situarem num
elevado patamar inflacionário. Muitos previam que o grau de recessão
predominante propiciasse uma queda mais rápida da inflação o que,
lamentavelmente, não vem coincidindo. Diante disso, a taxa de juros vem caindo
lentamente e corre um sério risco de ter seu ciclo de queda interrompido se,
por acaso, aparecerem imprevistos inflacionários nos primórdios de 2017. Isso revela que o estímulo monetário, através
da redução da taxa de juros, será prolongado e, conseqüentemente, poderá inibir
um potencial aumento da demanda agregada através deste virtuoso canal.
Paralelamente, sabemos que a
resolução dos nossos principais problemas estruturais depende exclusivamente da
aprovação deles no Congresso, que vem atuando com aparente morosidade.
Presenciamos um bom começo e o avanço da PEC 241/55, mas ela, a meu ver,
isoladamente, não é suficiente para gerar credibilidade, reduzir a inflação nem
tampouco impulsionar o crescimento econômico. Com relação à reforma da
Previdência, além de ser talvez a mais importante delas, mas, com certeza, a
mais polêmica, precisa ter um tratamento diferenciado com relação à celeridade
da sua tramitação.
O presente déficit público continua
clamando pela urgência do seu equilíbrio, já que recomeça a influenciar
negativamente a expectativa dos agentes econômicos. É importante acentuar que o
problema fiscal é crescente em outras esferas do poder público e faz tempo que
vem agonizando com a vigorosa queda da arrecadação em função da forte recessão
instalada.
Fica assim evidente que a totalidade
desses elementos insinua que o desfecho para os problemas que devastam a
economia brasileira ainda deverá demorar a ser alcançado. Essa verdade tem se
colocado de forma implacável sobre aqueles que se mostraram há meses atrás
excessivamente otimistas.
Pelo menos, nisso tudo, o
direcionamento da política econômica é bem melhor que a anterior, mas a
colheita dos frutos, na presente conjuntura, só consigo
enxergar mais adiante.
Arthur Jorge Costa Pinto é
Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
2 comentários:
Coluna totalmente dispensável deste Arthur Jorge ,que escreve demais para nada dizer.Ainda bem que não perdi muito tempo.Estamos num momento em que a única saída é política,inclusive dos problemas econômicos.Problemas estruturais ,agora bem mais conhecidos por parcela maior dos cidadãos mais informados, só serão resolvidos com uma FAXINA COMPLETA que espoliou todas estruturas políticas.Não há salvação dessa classe de membros das ORCRIMs.Pegar e incinerar estas estruturas.Chega de economês de 5ª categoria.
E eu pensando que bandalheiras, armações e sacanagens só tinha nas novelas da TV.
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