Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Renato Sant’Ana
"(...) as redes sociais deram
voz a uma legião de imbecis", declarou Umberto Eco, por ocasião do
lançamento de seu livro "Número Zero".
Há algo curioso nas redes sociais em
pleno 2017. Um caso é a propagação de um vídeo em que Alexandre Garcia faz
severa crítica à publicação de um livro didático elaborado (de propósito) com
erros de português: o Ministério da Educação adquiriu (de propósito) quase meio
milhão de exemplares a serem distribuídos a alunos de escolas públicas. Só que
o vídeo é antigo (17/05/2011), de quando o ministro da Educação era o petista
Fernando Haddad.[1]
Igualmente sem data, outro vídeo
mostra, e denuncia, o livro "A diversidade sexual na educação e os
direitos da cidadania LGBT na escola", financiado pelo mesmo Ministério da
Educação.[2] Expressamente, o livro tem por objetivo "mostrar como o
discurso cristão constitui obstáculo à noção de diversidade sexual" -
ideologia de gênero.[3]
Em ambos fica a impressão de serem
fatos atuais, quando, em verdade, o que se denuncia já é passado, isto é, a
estratégia dos governos petistas de subverter a cultura e atacar os valores do
cristianismo. Destruição que o governo atual, sem muito senso de urgência, vai
revertendo. Questão: a circulação extemporânea dos vídeos servirá para
esclarecer ou para banalizar os fatos? Ainda, por que é que pessoas, mesmo com escolaridade,
prestam-se a repassar sem reflexão esse tipo de vídeo?
Há consequências. Fruto mais do
narcisismo que de uma politização adulta, o hábito de, irrefletidamente,
"repassar", "compartilhar", "espalhar" acusações
e queixas (no WhatsApp, no Facebook, etc.), em vez de suscitar "massas
críticas" (o que seria desejável), faz a manutenção de "massas reativas"
(o que é ruim). Ora, apesar de nossas mazelas, no Brasil a opinião pública tem
grande importância, afetando a conduta da "classe política". Mas tem
um detalhe: o que desacomoda os atores da cena política é o grau de informação
e de maturidade crítica do público.
Massas meramente reativas - sem
memória, sem apego à verdade, sem análise crítica e, por conseguinte,
manipuláveis - metem pouco ou nenhum medo naqueles que usam o poder apenas para
proveito próprio. Quem se sentiria ameaçado com o hábito vulgar e catártico de
falar mal dos políticos?
Fará sentido repassar de modo
inconsequente, acrítico e desinformado essas pseudodenúncias? Não haverá
significativa diferença entre, por um lado, a simples queixa e banalização das
denúncias e, por outro, o exercício crítico que leva a uma compreensão madura
da realidade? Em definitivo, os "caciques" não dão bola para a generalização
do mal nem para a banalização das denúncias, o que é conduta típica de massas
meramente reativas. Ou melhor, eles adoram, porque A percepção infantil da
realidade faz que as massas reativas esperem um "salvador da pátria"
que conduza nosso destino: é tudo que os populistas querem!
A "legião de imbecis" de
que fala Umberto Eco é, principalmente, composta por gente de má-fé, que usa a
facilidade explosiva das redes sociais (não raro escudada no anonimato) para
agredir os outros. Mas também existem as pessoas bem intencionadas que, embora
agindo de boa-fé, por falta de critério acabam sendo úteis às gangues virtuais.
É a essas pessoas, provável maioria, que se recomenda, além do óbvio cuidado em
verificar a autenticidade do material, que submetam sua decisão de repassá-lo a
um "exame de utilidade".
Pensemos nos tais vídeos. Para quê
repassar? Fazê-lo, Ajudará a formar "massas críticas" ou será simples
desabafo para as "massas reativas"? Aliás, um critério rigoroso no
repassar evita que o compartilhamento caia em descrédito. E, afinal, é uma
opção ética: fazer ou não fazer parte de uma "legião de imbecis" é,
sim, uma possibilidade de escolha.
[1] Veja comentário de Alexandre
Garcia no Bom Dia Brasil de 17/05/2011:
[2] Veja as graves denúncias feitas
por Damares Alves, advogada, mestre em Direito de Família, assessora jurídica
da Frente Parlamentar Evangélica e pastora da Igreja Batista:
[3]
O Prof. Claudemiro Soares Ferreira mostra o livro com ataque a valores do
cristianismo e apologia da ideologia de gênero:
Renato Sant'Ana é Psicólogo e
Bacharel em Direito.
3 comentários:
LA ONU Y LA IDEOLOGÍA DE GÉNERO
https://youtu.be/iqi_F2K_CAM
"Mas também existem as pessoas bem intencionadas que, embora agindo de boa-fé, por falta de critério acabam sendo úteis às gangues virtuais."
O que me fez desistir do facebook foi justamente essas pessoas, que numa intervenção pediam a prisão do lularápio, e em outra, replicavam o "Fora Temer" dos blogs da esgotosfera petista, tais como Carta Capital, Brasil.247 e outros tantos.
E se você alerta para o fato, vira saco de pancada. Realmente, não passam de idiotas úteis. E como tem.
Excelente a exposição do encadeamento das abordagens e reações do público manipulável e que se transforma em "inocentes úteis".
Ao lado do Dr. Milton Pires, os textos de Renato Sant'Ana são, disparados, os melhores entre os cronistas independentes. Meu reconhecimento.
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