Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Gaudêncio Torquato
Como será a campanha
eleitoral deste ano? Que prioridades comporão a agenda partidária? A resposta
exige saber as diferenças entre o pleito deste ano e o de 2014. Vejamos: 1. Não
serão permitidas doações aos partidos por empresas; 2. A campanha em rádio e TV
terá a duração de 35 dias, enquanto a campanha de rua não poderá ultrapassar 45
dias. (Na anterior, durava 45 dias na mídia e 90 nas ruas). Teremos, portanto,
uma campanha mais modesta do ponto de vista de recursos financeiros e mais
curta.
Sob essas mudanças, resta aos
candidatos as alternativas: aumentar a visibilidade junto ao eleitorado; usar
novos meios para cooptar eleitores, pois contarão apenas com as verbas a saírem
do Fundo Especial de Financiamento de Campanha- FEFC - aprovado pelo Senado e
pela Câmara, de cerca de R$ 1,7 bilhão. (Em 2014, só para as candidaturas
presidenciais as despesas somaram R$ 652 milhões, 13% do total gasto com as
campanhas estaduais para governadores e deputados). Para este ano, a projeção é
de um gasto de R$ 300 milhões na campanha presidencial, a metade da anterior.
O cabresto financeiro curto e
a diminuição do tempo de campanha elegem as coligações como a maior prioridade
dos partidos que lançarão candidatos. Quanto mais ampla a coligação, maior
tempo de mídia eleitoral. O rádio e a TV são os meios que propiciam a
massificação do nome e dos programas dos candidatos. Lembrando: o PT deverá
dispor de 5 minutos e 13 segundos e o PSDB, de 4 minutos e 11 segundos. Seis
outros partidos – MDB, PP, PSD, DEM, PR, PSB – deverão dispor de 18 minutos e
12 segundos. Logo, o caminho que resta aos candidatos é procurar formar
coligações com grandes e médios partidos, de forma a aumentar sua exposição.
A campanha deste ano deverá
receber forte impulso das redes sociais. Nessa área, o deputado Jair Bolsonaro
está hoje na dianteira, contabilizando 4.719.570 seguidores no Facebook e com
3,2 milhões de reações entre 23 de setembro e 23 de outubro passado, enquanto
Lula, com 3.045.933 seguidores no Facebook, teve 1,1 milhão de reações; João
Doria, com 1.060.737 seguidores, teve 1 milhão de reações. Os 12 nomes que hoje
se apresentam como pré-candidatos somam 16,9 milhões de seguidores no Facebook,
6,2 milhões no Twitter e 1,7 no Instagram. Portanto, quem está com a máquina
das redes a pleno vapor sai na frente.
Como é sabido, o marketing
político com foco em eleições se ampara em cinco eixos: pesquisa, discurso,
comunicação, articulação e mobilização. O eixo de articulação abriga intensa
agenda de contatos com os grupamentos eleitorais e com a própria teia política.
Serão vitais a articulação social e a articulação política. A primeira abrange
contatos de candidatos com a freguesia eleitoral (segmentos, categorias
profissionais e classes sociais). Pano de fundo: a sociedade brasileira dá as
costas à política, preferindo que organizações da sociedade civil a
representem: associações, sindicatos, federações, grupos, núcleos, setores
profissionais.
Quase 50% do eleitorado
brasileiro se concentram em apenas 191 dos 5.568 municípios. Trata-se de um
momento para firmar compromissos, ouvir demandas, propor coisas viáveis e
factíveis, mostrar-se por inteiro ao eleitor.
Quanto ao discurso, é
oportuno lembrar que o eleitor está vacinado contra promessas mirabolantes,
programas fantasiosos.
A pequena visibilidade de
alguns candidatos poderá ser fatal. Os mais onipresentes – aparecendo em todos
os lugares – estarão na dianteira. As redes sociais poderão ser meios para
multiplicar a presença do candidato. Usar as redes de modo que não cheguem a
massacrar o seguidor – eis outro desafio a ser enfrentado. Por isso, os programadores
das redes e os fornecedores de conteúdo deverão compor o batalhão de frente das
campanhas.
Resta recitar o ditado: muita
disposição, fé em Deus e pé na tábua.
Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP é
consultor político e de comunicação. Twitter: @gaudtorquato.
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