Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Gilberto Pimentel
A bem da verdade, para a Justiça, não há quaisquer dúvidas a
respeito dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro praticados pelo
ex-presidente no exercício do mandato. Isso não está mais em discussão.
É o que se pode inferir das palavras de um dos desembargadores
do TRF4 antes de proferir seu voto: “O julgamento dessa turma põe fim à
discussão acerca da matéria de fato. Restando, eventualmente, se houver recurso
aos tribunais superiores, exame de questão de direito, mas não mais, a rigor,
questões de fato”.
Não há como desconsiderar que o réu está envolvido em diversos
outros processos e que outras condenações semelhantes estão por vir.
Como falar, então, em candidatura ou pré-candidatura deste
cidadão a cargo político e pior, ao mais alto cargo da Nação, o mesmo em que
foram cometidos os crimes agora julgados e muitos outros ainda por serem?
Será que raciocinam com as consequências para nosso país,
aqueles que ainda avaliam pública e insistentemente hipóteses que tornem viável
o exercício da Presidência da República do Brasil por um condenado?
E me refiro, em especial, a instituições
como a mídia, políticos e setores do próprio judiciário. Será que isso é bom
para uma democracia sempre em busca de se consolidar? Não seria muito mais
racional abrir espaço para discutir os danos decorrentes de tal situação?
Será que por um momento imaginam as dificuldades de
relacionamento de toda a ordem com as demais nações? E o constrangimento e grau
de confiança de um chefe de estado ao negociar com seu colega condenado pela
prática de crimes tão graves? E como exerceria sua liderança, tal governante,
sobre instituições como as Forças Armadas, só por exemplo, basicamente calcadas
na disciplina e no cumprimento das leis?
Pelos podres poderes remanescentes, ainda consideráveis,
acumulados graças ao uso criminoso do governo, pelo seu perfil populista, que
ainda lhe garante significativo índice de aceitação, sobretudo nas camadas
menos esclarecidas e, também, pela extensão incomparável dos crimes cometidos -
“principal articulador do esquema de corrupção do seu governo”- é, de longe, o
ex-presidente, a principal figura dessa funesta geração de políticos,
independente de coloração partidária.
Sua exemplar punição, sobretudo,
abrirá caminho, e até certa jurisprudência, para um acerto de contas com todos
os demais que não honraram seus cargos eletivos. Um golpe mortal na corrupção.
O contrário seria nossa maior tragédia.
Gilberto Pimentel, General, é Presidente do Clube Militar.
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