Cordel no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Vicente Campos Filho
Das histórias que
surgiram
No Nordeste do
Brasil
Sobre um tal de
Virgulino
Lampião, homem
viril,
Tem uma que ficou
fora
Dos registros da
história
Pouca gente já
ouviu.
Quem me contou
com detalhes
Eu não sei se é
mentira
Foi um velho
ex-cangaceiro
Chamado Zé
Macambira
Me disse que
Lampião
Foi um herói do
sertão
Esse título
ninguém tira.
Me disse que era
tanta
A fama de Lampião
Que um cangaceiro
seu
Deu a sua opinião
Meu Capitão
vosmecê
É quem merecia
ser
Presidente da
nação.
Pois não é que
Lampião
Aceitou logo no
ato
E disse em cima
da bucha:
– Eu quero ser
candidato
E quem não votar
em mim
Só pode ser cabra
ruim
Eu esfolo, capo e
mato.
E o plano de
governo
Do Capitão
Virgulino
Amplamente
divulgado
Pelo Sertão
Nordestino
Teve logo
aprovação
De toda a
população
Homem, mulher e
menino.
Vou tentar
reproduzir
O plano do
cangaceiro
Como foi que
Lampião
Convenceu o povo
inteiro
A aprovar o seu
plano
E votar naquele
ano
No famoso
justiceiro.
Lampião já
discursava
Pensavam como
seria
Viver sem
corrupção
Felicidade pra
todos
Habitantes da
nação
Por toda parte se
ouvia
Dia e noite,
noite e dia
– Vou votar em
Lampião.
Virgulino aonde
chegava
Era motivo de
alegria
Conquistava toda
a gente
Do Ceará à Bahia
E nos braços do
povão
Provocava um
arrastão
Era grande a
romaria.
Os políticos
invejavam
Tanta
popularidade
Temiam que a
promessa
Se transformasse
em verdade
Se Lampião fosse
eleito
De deputado a prefeito
Perdia a
tranquilidade.
Por isso se
reuniu
De vereador a
prefeito
Naquela situação
Resolveram dar um
jeito
Armaram aquela
cilada
De tocaia na
estrada
Montaram um plano
perfeito.
Lá pras bandas de
Angicos
Fuzilaram Lampião
Mas acabaram
também
Com os planos da
nação
De criar um país
novo
Calaram a boca do
povo
Venceu a
corrupção.
No Nordeste
inteiro o povo
Chorou a morte do
bando
Do Capitão
Virgulino
Ficavam só
comentando
Ô cabra macho da
peste
Representou o
Nordeste
Viveu e morreu
lutando.
Se o plano de
Lampião
Tivesse ido à
frente
A vida aqui no
Brasil
Seria bem
diferente
Não ia faltar o
pão
Saúde e educação
Na vida da nossa
gente.
Se um dia surgir
aqui
Outro Lampião
disposto
A mudar nossa
história
Vai ser bem vindo
no posto
De Capitão da Justiça
Vai acabar com a
injustiça
E recebido com
gosto.
Isso foi o que eu
ouvi
Da boca do
ex-cangaceiro
Quem quiser que
conte outra
Porque eu cheguei
primeiro
Não diga que
estou mentindo
Vá por aí
repetindo
A estória do
justiceiro.
Em todo lugar que
ia
Seu lema era
limpeza
Credo, cruz, Ave
Maria
– Eu vou varrer
desse mundo
Tudo quanto é
vagabundo,
Era isso que
dizia.
Prometia: – Vou
banir
Desse mundo a
ladroagem
Também prometo
acabar
Com essa
vagabundagem
Esse bando de
safado
Vai se ver
encurralado
Vou acabar com a
bandidagem...
...Esses
políticos corruptos
Vão provar minha
chibata
Eu prometo acabar
Com essa tal de
mamata
Palavra de
Lampião
Cabra brabo do
sertão
Feito dez siris
na lata...
... O prefeito
que roubar
Dinheiro da
prefeitura
Vai ter que se
ver comigo
E vai levar uma
dura
Vou manda-lo pra
prisão
Pra comer banha
com pão
E feijão com
rapadura...
... Prometo
fiscalizar
Os atos dos
deputados
Se andarem fora
da linha
Eles vão estar
lascados
Eu mando juntar
tudim
O magote de cabra
ruim
Todos eles
amarrados...
...Depois boto
num navio
Solto lá no mei
do mar
Tudo quanto é
tubarão
De comer vai se
fartar
Quero ver dentro
de um ano
Sem mentira e sem
engano
Esse país se
ajeitar...
...Vou mostrar
pra essa gente
Que eu boto ordem
na casa
Político ruim e
safado
Comigo pega em
brasa
Arranco o couro
das costas
Capo, corto a
trouxa em postas
Ladrão comigo se
arrasa.
O programa de
governo
Era voltado pro
povo
E este logo
aprovou
Sonhando com um
Brasil novo
Um país justo e
feliz
Dono do próprio
nariz
Sem dever sequer
um ovo.
O povo do meu
sertão
Já estava até
sonhando
Com uma vida
melhor
Estavam todos
contando
Pensavam como
seria
Ter saúde e
moradia
A educação
prosperando.
Vicente Campos Filho é Cordelista.
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