Artigo no Alerta
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Por
Antônio Carlos Hencsey
Em um ano de eleições e frente a tantos acontecimentos na política, como
os passos dados pelo judiciário em relação àqueles que cometeram atos de
corrupção, talvez seja a hora de pararmos para pensar sobre a necessidade de
mudarmos os nossos comportamentos individuais, sociais e políticos, a fim de
que tenhamos uma sociedade mais justa e digna.
É hora de nós, brasileiros, começarmos a nos desprender de polarizações,
de interesses pessoais e de flexibilizações, pois só assim obteremos os ganhos
coletivos que caracterizam uma sociedade ética, na qual o correto e o
pensamento altruísta prevalecem.
Somos bombardeados por "news", "fake
news" e uma série de discussões sociais que contaminam o foco das
nossas decisões, fazendo com que tenhamos percepções equivocadas do certo e do
errado baseados em preferências políticas e ideológicas.
Vemos constantemente pessoas acusando candidatos ou figuras públicas
chamando-os de antiéticos, de corruptos e acusando-os de não terem caráter por
atos ou decisões que apresentam, quando paralelamente defendem ou minimizam
ações similares de indivíduos de sua simpatia.
Escutamos críticas aos enormes esquemas de corrupção e atos ilícitos
destacados em nossas mídias diariamente, mas ainda vemos profissionais obtendo
ganhos irregulares em suas atividades, como demonstra o estudo publicado sobre
o perfil ético dos profissionais brasileiros 2017.
Ao nos posicionarmos nessas eleições, se realmente queremos iniciar uma
transformação ética em nossa sociedade, devemos estar atentos a alguns pontos e
divido-os com vocês:
1- Não haverá mudança se focarmos só nos outros. Se nós não mudarmos, se
não nos transformarmos e nos engajarmos em um esforço coletivo de um bem comum
será impossível termos um Brasil melhor;
2- Esteja atendo à cegueira que todo o ser humano tem: somos menos
éticos do que julgamos ser. Acreditamos ser sempre melhores do que somos, portanto
tenha certeza de que você também tem falhas e precisa trabalhá-las;
3- Nem sempre fazer o certo significa fazer o que é melhor para você. Às
vezes, o que transformará eticamente a sociedade trará benefícios muito
distantes da sua zona de conforto, mas ao longo prazo resultará em um
equilíbrio social. E isso não importa se você é de esquerda ou de direita,
todos devem ter essa consciência;
4- Não existe caso a caso. O errado é errado e ponto final. Não há
justificativa para você, o seu candidato ou a sua figura pública de confiança
fazerem esquemas, receberem auxílio moradia irregularmente ou não respeitarem
uma ordem da justiça;
5- Tanto nas pequenas como nas grandes coisas, a sociedade é impactada
nas suas escolhas antiéticas. Alimentar esquemas como eliminar pontos de multas
através de propina ou pagar para obter pequenos benefícios são a base da
pirâmide que rodam a máquina corrupta que hoje gera revolta nacional;
6- Você é diretamente responsável pelas escolhas éticas do seu
candidato, pois o escolheu para te representar, defender seus interesses,
valores e preceitos. Portanto, se ele esta agindo de uma forma que você não
concorda, é melhor que o acompanhe diretamente e cobre um comportamento
correto, porque você deu a ele um cheque em branco para que use em seu nome;
7- Ética não é só não roubar, não corromper ou usar o dinheiro dos
impostos para construir hospitais. Ética é saber respeitar. Ouvir a voz dos
demais, entender dificuldades e opiniões divergentes, sabendo encontrar um
equilíbrio e uma saída que promova a construção de um ambiente que amplie o bem
da sociedade.
O Brasil precisa dar um passo em direção a um futuro igualitário e
próspero. E, enquanto o certo e o errado forem direcionados por réguas
individuais, não observando um bem coletivo, nunca evoluiremos como nação.
Antonio Carlos Hencsey é sócio da prática de Ética &
Compliance da Protiviti, consultoria global especializada em finanças,
tecnologia, operações, governança, risco e auditoria interna.
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