Artigo no Alerta
Total – www.alertatotal.net
Por H.
James Kutscka
Se o cenário que me cerca esse fim de
semana comportasse um fundo musical como nos filmes, o apropriado seria um
tango, não de Piazzolla que é algo mais elaborado com tendências jazzísticas,
seria um tango “raiz”, Carlos Gardel, como “ Esta noche me emborracho” ou “Cuesta
abajo” sofridos, sombrios, com os acordes do bandoneon lacerando a carne
como golpes de navalha.
Mesmo cercado por uma natureza
exuberante, essa se apaga e parece dormir com a falta de um céu azul para
emoldurá-la, brindar-lhe com a alegria dos dias de verão, falta o canto das
cigarras; o horizonte montanhoso e verde, se esconde em um manto de névoa que
oculta ideias suicidas.
Apesar disso, estou livre leve e
solto, nada devo a ninguém, a não ser o respeito a meus amigos e a sociedade à
qual pertenço.
Envolto nesse clima melancólico,
lembrei do “muar de São Bernardo” preso em Curitiba.
Cidade linda, (o que não faz muita
diferença para ele pois está preso) mas fria como ela só no inverno.
Embora a figura repugnante do
prisioneiro não me inspire absolutamente nenhuma pena, talvez o entorno
soturno, já mencionado, tenha amolecido meu coração, fazendo-me sentir alguma
compaixão pelo pusilânime indivíduo.
Lembrei então da campanha humanitária
lançada pelo meu querido e brilhante amigo jornalista Jorge Serrão aqui do
Alerta Total: “Cana para Lula”.
Campanha divulgada também em vários
dos programas “Três Neurônios” no You Tube.
Abandonando o duplo sentido e o óbvio
propósito sarcástico da frase, de repente pensei, que talvez o juiz Moro em um
ato de bondade, pudesse vir a permitir a entrada de bebida alcoólica para o
muar na detenção. Um gesto humanitário para ajudá-lo a passar o resto de sua
vida trancado, como o animal perigoso que é. Quem sabe quantas vidas ceifou
direta ou indiretamente enquanto esteve de dono da caneta?
Não seria nada sofisticado como os
vinhos que tomava, de mais de oito mil reais a garrafa, enquanto mulheres davam
à luz nas calçadas, às portas dos SUS sucateados para manter o custo das
benesses da “nomenklatura” política que o mantinha no poder.
Falo de fornecer ao indivíduo apenas
uma pinga barata para se aquecer e ajudar a suportar a solidão, sem limite de
quantidade.
Tal atitude seria “Win Win” (não
existem perdedores, todos ganham) como dizem nossos irmãos do norte.
O delinquente eventualmente se
sentiria melhor, com seu cérebro oblinubilado envolto na névoa alcoólica
provocada pela bebida.
Ele estaria feliz, pararia de encher
o saco e de gastar nosso dinheiro com recursos e mais recursos fúteis, pedindo
em vão sua soltura.
Em pouco tempo, talvez contraísse uma
cirrose hepática e abandonaria feliz esse mundo, poupando-nos de ter de
sustentar o imprestável, durante anos com todo aparato necessário para manter a
tropa de burros zurrantes, longe da população que vive nas imediações de sua
cela.
Como disse
anteriormente, é ganhar e ganhar. Todos ficam felizes no final.
H. James
Kutscka é Escritor e Publicitário.
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