Por Sérgio Alves de Oliveira
Depois das infundadas e fortes
acusações contra JAIR BOLSONARO, candidato à Presidente da República, de que
ele seria uma “ameaça à democracia”, partidas de políticos, jornalistas,
formadores de opinião, grandes jornais, partidos políticos, candidatos,
Universidades, e uma infinidade de “outros” desinformados e trapaceiros da
política, é preciso que se coloque essa questão no seu devido lugar.
Para começo de conversa, com absoluta
certeza, todos esses “acusadores” não fazem a mínima ideia do que seja uma
verdadeira democracia. Esse modelo político que eles chamam de “democracia” não
é nem nunca foi uma democracia. É pura corrupção da democracia. E na verdade
não poderia haver visão mais “caolha”
que essa sobre a verdadeira democracia.
Em “Política”, Aristóteles
classificava as formas de governo em duas grandes vertentes: as formas
PURAS e as IMPURAS. As formas
“puras”, seriam a MONARQUIA (governo de um só),a ARISTOCRACIA (governo dos mais
capacitados), e a DEMOCRACIA (governo do povo). Já as formas “impuras”
corresponderiam à TIRANIA, à OLIGARQUIA e à DEMAGOGIA, cada uma das quais
representando, na ordem citada, a corrupção das formas puras antes enunciadas.
Mas Aristóteles somente deu o “pontapé”
inicial nessa discussão, abrindo caminho para outros pensadores de primeira
grandeza aperfeiçoarem os seus estudos e conclusões.
Decorreu quase dois séculos após Aristóteles e surgiu também na Antiga Grécia o geógrafo
e historiador POLÍBIO (203 a.C-120 a.C).
Políbio substituiu a “demagogia”, que Aristóteles classificara como a
forma “impura”, a corrupção, da democracia, pelo que ele chamou de OCLOCRACIA, que
apesar de abranger a demagogia, ampliava
significativamente os vícios da democracia, que não são poucos. Mas tanto a
“demagogia”, de Aristóteles, quanto a “oclocracia”, de Políbio, tinham em comum
a degeneração da democracia.
Desse modo a “oclocracia” seria uma
democracia meramente FORMAL, desprovida de qualquer substância, ou essência.
Num dos seus polos estaria a massa ignara, ingênua, carente de consciência política, democraticamente desqualificada,
portanto, presa fácil dos trapaceiros
que vivem da política; e no outro polo,
como “beneficiários” da oclocracia, a classe política constituída pela pior
escória da sociedade, que faz da
política uma profissão bem remunerada e muitas vezes corrupta, absolutamente
incapaz de sobreviver por outros meios como os demais trabalhadores da
sociedade. O perfil desonesto dessa “gente” pode ser encontrado em boa
amostragem nas diversas operações de combate à corrupção feitas pela Polícia
Federal, como o “Mensalão” e a Operação” Lava Jato”, por exemplo.
Jamais uma democracia verdadeira
poderia gerar uma “máquina” pública tão corrupta, mentirosa, ineficiente e
“cara”, como a do Brasil. Prova disso, por exemplo, está num estudo da
Organização “Transparência Brasil” (apresentado no Programa Bom Dia Brasil, da
Globo), com detalhes sobre o custo do Congresso Nacional, infinitamente
superior ao de qualquer outro país muito
mais rico e de Primeiro Mundo. Mas o mesmo se dá nos Poderes Executivo e
Judiciário, onde os custos de manutenção superam os de qualquer outro país.
Não seria esse um dos principais
motivos pelos quais a cobrança de tributos no Brasil é “campeã” mundial,
considerando o volume da arrecadação e o
efetivo retorno à sociedade? E de onde
viria o dinheiro da corrupção sistêmica? Não seria também dos escorchantes tributos exigidos da sociedade?
Mas concordo integralmente que
Bolsonaro pode estar representando uma
“ameaça à democracia”. Mas não à democracia verdadeira, porém à democracia
deturpada, degenerada, corrompida, ”às avessas”, ou seja, à OCLOCRACIA, tão bem
representada pelos delinquentes da
política que o acusam.
E se de fato Jair Bolsonaro
representar uma “ameaça” contra essa “democracia”, certamente esse será o maior mérito da sua candidatura.
Essa “democracia” não merece outro destino que não o de ser jogada ao “lixo” ,
com todos os seus “pertences” e defensores.
E se me fosse dado o direito de
aconselhar o candidato Bolsonaro, creio que ele deveria avançar muito mais nas
suas atitudes contra essa “democracia” deturpada. Parece que ele tem uma certa
dificuldade de enxergar que, mesmo saindo vitorioso e tomando posse, jamais
conseguiria governar como deveria se ficasse dependente da “democracia” do Congresso Nacional e da “justiça” do Supremo Tribunal Federal.
Se quisesse fugir do fracasso,
Bolsonaro teria que encontrar outros caminhos que não os das “vias normais”, de
submissão à essa “democracia” e “Estado-de-Direito” corrompidos.
Por tais razões, Jair Bolsonaro não é
nenhuma “ameaça à democracia” . Mas é uma ameaça, sim, à “oclocracia”.
Sérgio Alves de Oliveira é Advogado e Sociólogo.