Artigo no Alerta
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Por Maria
Lucia Victor Barbosa
Em 1914,
aparece referência ao quarto poder na obra La République des
Camarades, de Robert de Jouvenel, no sentido de demonstrar a importância do
jornal para políticos. Segundo o autor:
“No
Palais-Bourbon, os políticos mais em evidência de vez em quando se detêm algum
tempo na sala de espera para distribuir apertos de mão aos informantes
parlamentares e para lhes explicar suas atividades. E quando um parlamentar
conhecido se abstém durante muito tempo de frequentar essa pequena bolsa de
confidências e difamações, sua pessoa pode ser vista a perambular tristemente
de grupo em grupo, à cata de jornalista que se disponha a vir solicitar
confidências destinadas ao grande público”.
Virá
depois o rádio, com seu enorme poder de ampliar a voz. Como explicou Mac Luhan,
“o rádio simplesmente permitiu a primeira experiência de massa da explosão
eletrônica”. Não somente foi usado por líderes políticos, como permitiu o
entretenimento, especialmente novelas, venda de produtos e, até fake news, como
a transmissão nacional, em 1938, da adaptação da Guerra dos Mundos, de H.
G, Wells, por Orson Welles. Os americanos entraram em pânico pensando que os
marcianos tinham invadido o mundo.
Na década
de 50 surge a televisão. Então, a palavra se fez imagem e habitou entre nós.
Esse meio de comunicação contribuiu de forma marcante para influenciar
costumes, atitudes, valores, assim como ampliou o espaço público para o poder
dos políticos.
Além de
fonte de lazer de entretenimento, a TV tornou-se o palanque eletrônico, termo
que criei em um dos meus livros, O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – a
ética da malandragem. Serviu, pois, como palco para campanhas políticas,
propagandas governamentais, promoção ou destruição de personalidade políticas.
Como afirmou Roger-Gérard Schwartzenberg, na sua obra O Estado Espetáculo, “Associada
ao rádio, atualmente a televisão se transformou no principal esteio da
mediapolítica e do star system na vida pública”. Acrescento que a
mídia se tornou o quarto poder ampliado.
Mas eis
que outro poder se alevanta, graças a notável invenção do computador. Então, os
meios digitais se transformam nos palanques digitais da esfera política. Chega
a Internet inaugurando o quinto poder com suas mídias interativas: WhatsApp,
Twitter, Instagram... Nesse meio não apenas se recebe a informação, mas se
repassa informação, discute, opina, polemiza, ama ou odeia, destrói ou
constrói, como é próprio da humanidade. Uma interação muito acima do quarto
poder. Nesse espaço livre não é preciso o conhecimento físico, pois o
contato se faz de mentes para outras mentes e tudo se processa numa velocidade
espantosa e instantânea através da Rede.
Se no
início a Internet era pouco accessível, hoje grande população mundial pode
navegar no mundo virtual. E quando alguém encontra um tema ou assunto que
representa uma aspiração, uma ideia, algo que toque as emoções e as
necessidades comuns, pode mobilizar multidões.
Um tema
motivador/mobilizador pode trazer à tona outros temas mobilizadores. Por
exemplo, em, 2013, a manifestação contra o aumento de vinte centavos no preço
dos ônibus, encabeçado pelo grupo passe livre, culminou em um grande movimento
popular baseado em insatisfações difusas, que acabaram focando no Fora Dilma,
Fora Lula, fora PT. Milhões foram às ruas em todo Brasil, convocados por redes
sociais e o resultado foi o impeachment de Dilma Rousseff.
Nesta
eleição poderemos observar se o quinto poder se imporá ao quarto poder. Isto
porquê, de um lado temos o candidato Jair Bolsonaro, filiado a um pequeno
partido, sem recursos financeiros, com míseros segundos de televisão, mas
apoiado pelas redes sociais a ponto de ser chamado de fenômeno.
De outro,
um candidato como Geraldo Alckmin, pertencente a um grande e tradicional
partido, apoiado por um grupo de partidos, com o maior tempo de televisão e de
recursos financeiros partidários. Alckmin já profetizou que o segundo turno
será disputado entre ele e o candidato do PT. Uma união que pode parecer de
inimigos, mas que sempre teve o profundo amor do PSDB o qual pode ser
ilustrado pela devoção de Fernando Henrique Cardoso a Lula. Quem sabe até, se
Alckmin vencer, seu primeiro ato será conceder indulto ao presidiário.
Em todo
caso, não só o PT e o PSDB, mas todos os candidatos já se uniram para destruir
Bolsonaro, o chamado mito, usando para isso especialmente o palanque
eletrônico. Será o embate tradicional da velha e carcomida política contra uma
espécie de novidade política e meios ainda mais modernos de comunicação. Resta
aguardar para poder avaliar quando as urnas forem abertas qual é a força do
palanque digital.
Maria Lucia Victor Barbosa é Socióloga.
Um comentário:
O Jair Bolsonaro será aniquilado é pelos seus próprios algozes. O diabo não tem amigo.
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