A edição de sábado do Jornal Nacional da Rede Globo ultrapassou todos os
limites do estelionato editorial. Parece que o programa foi editado pela dupla
Laureta & Carolla – vilãs sem limites da novela Segundo Sol. O JN usou
todos as técnicas e truques de edição para marretar Jair Bolsonaro, porém
passando a falsa impressão de que “também ouviu o outro lado”, naquela suposta
e tão cultuada “imparcialidade” (que não existe na vida real do Jornalismo).
O JN foi esquisito já na “escalada” de suas manchetes. Destacou as
expressivos atos de rua contra Bolsonaro, Relatou a saída dele do hospital e
minimizou, do jeitinho que deu, outras grandes manifestações públicas a favor
do candidato. Chamou atenção, foram gritantemente patéticas, as manipulações de
edição no avião. O texto da reportagem: “Bolsonaro foi recebido com
manifestações de apoio e alguns protestos”. Já a imagem e o som só exibiram
vaias e apupos, que foram em menor volume e intensidade que os apoios...
Outro truque gritante de edição foi a entrevista com Bolsonaro dentro do
avião. Pelos padrões globais, imagem com som tão ruim não costuma ir ao ar. Na
pior hipótese, teria legendas. Não foi o caso... Ficou evidente que a intenção
foi apenas alegar que se deu voz a Bolsonaro, mesmo sem ninguém entender
direito o que ele falou. A Globo tem equipamentos para entrevistas a bordo
saírem perfeitas. Não usou por quê? Certamente, a Globo usou o áudio péssimo
porque Bolsonaro deu o mole de admitir que pode ir ao debate da Rede Globo, na
sexta – antevéspera do primeiro turno eleitoral...
A Globo sempre foi assim. Escolhe um lado e chuta. Quase sempre vence...
Mas, quando perde, a coisa fica feia... A guerra ao Jair Bolsonaro foi
declarada bem antes da eleição. Claramente, os globais queriam o Geraldo
Alckmin – que não decolou. Aparentemente, não deveriam querer o retorno do PT –
que ameaça fechá-la ou “estatizá-la” (coisa que parece que ela já é, pois é
extremamente estadodependente). No fundo, o Grupo Globo parece perdido (igual a
outros grupos de comunicação que tiveram muito poder, porém não têm mais).
Por isso, é sempre bom refletir sobre Jornalismo, em tempos de Jornalixo
e Jornazismo. O filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu estuda o fenômeno da
perda de credibilidade jornalística: “Devido à proliferação das chamadas fake
news, as pessoas estão zombando do jornalismo, que a cada dia padece da perda
da credibilidade. Essa percepção é notória ao andar pelas ruas das cidades, e
ao ouvir as pessoas, desde a conversa de bar até os altos círculos
acadêmicos”.
Fabiano de Abreu pega na veia: "O que tem-se visto, infelizmente, é
a falta de imparcialidade ao transmitir as notícias, o que é preocupante, pois
isso está simplesmente destruindo o jornalismo. E quando perde-se a
credibilidade do jornalismo, perde-se uma nação”.
Para Fabiano, não é exagero afirmar que quando a imprensa cai em
descrédito, a sociedade desaba em decadência: "A imprensa sempre foi
responsável por revelar ao grande público a verdade, os esquemas, as negociatas,
e trazer à luz tudo que estava oculto, arquitetado nas trevas. Mas agora, na
era das fake news, a imprensa tradicional padece, e está sendo vista como
caluniosa, ardilosa, e defensora de sua própria agenda, tendenciosa. As pessoas
estão perdendo a boa fé na imprensa e nos veículos de comunicação. Hoje, a
opinião pública acredita que os jornalistas são infames, e que vale tudo pela
audiência, pelos views, pelos cliques, pelo interesse. E isso não pode
acontecer”.
O filósofo alerta que, se não houvesse a imprensa, informando e
publicando sobre a corrupção, e os esquemas, acabamos condicionados a continuar
a eleger sempre as mesmas figuras, e assim cometendo os mesmos erros de sempre,
devido desconhecimento: “O jornalismo existe para entregar à população a
verdade que lhes é ocultada, negada. Graças ao que tem sido trazido à luz pela
imprensa, movimentos espontâneos de cidadãos contra a corrupção tem tomado cada
vez mais forma e voz ativa. Se a imprensa se calar, for censurada, ou pior,
perder a sua credibilidade, as consequências serão catastróficas. Imagine
noticiarmos algo, sobre uma personalidade, um político, denunciar um esquema, e
a população desacreditar? Assim teremos uma sociedade entregue ao ceticismo,
que observará a tudo estóica, inanimada”.
Fabiano alerta que é preciso que o jornalista seja imparcial, e não
defenda suas bandeiras ideológicas e políticas ao noticiar os fatos: ”Tudo bem
que existe o jornalismo opinativo, onde âncoras e figuras de destaque dão sua
opinião sobre um fato já noticiado, o que é muito comum nos Estados Unidos por
exemplo. Mas o que não pode é que a notícia em si já venha processada,
carregada da visão e opinião de um jornalista, pois isso é privar quem está do
outro lado de receber a notícia apenas pelo que ela é, e assim impedir que se
tenha a oportunidade de processar a informação , de formar juízo e opinião
própria sobre o tema, sem doutrinação, sem manipulação. As pessoas estão
cansadas de serem induzidas, e cada vez mais tem rejeitado isso”.
Fabiano de Abreu faz um apelo ao retorno da imparcialidade no jornalismo,
antes que seja tarde demais: "É preciso que a imprensa retome seu papel de
informar, imparcialmente, afim de resgatar a credibilidade e devolver ao
público a capacidade de formar sua própria opinião, de livre pensamento, antes
que as pessoas se cansem da imprensa tradicional e procurem definitivamente
outros meios de obter informação. Não se pode assumir que as pessoas são
estúpidas e que não tem percepção das coisas, isso está longe de ser verdade.
Como nos versos da famosa banda britânica Pink Floyd, na canção Another Brick
in the wall: “Nós não precisamos de educação. Nós não precisamos de controle de
pensamento… professor deixe a nós crianças em paz”.
O professor Fabiano de Abreu tem razão. A imparcialidade no jornalismo é
possível para o profissional. Mas o controlador do veículo de comunicação quase
sempre é parcial: atende, prioritariamente, a seus interesses políticos ou
empresariais. No entanto, a isenção é um mito da profissão. Jornalistas e
veículos têm o direito de assumir suas posições, explicitamente ou, até,
disfarçadamente.
As manobras editoriais contra Bolsonaro serão avaliadas depois do
resultado final da eleição – no primeiro ou em um eventual segundo turno. Até
agora, os ataques só têm beneficiado Bolsonaro. É por isso que o estelionato
editorial tem um poder relativo. Influencia, mas nem sempre é decisivo.
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!
O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente,
analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e
estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade
objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e
Assuntos Estratégicos.
A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.
© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 30 de Setembro de 2018.
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