Artigo no Alerta
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Por Hélio Duque
A pedagogia da intolerância se expande
no Brasil com incrível velocidade. Nas relações políticas, pessoais e até em
setores econômicos, em que a racionalidade deveria prevalecer. O oponente foi
transformado no inimigo que precisa ser abatido. Ignora que o oponente tem o mesmo direito e
liberdade de pensar diferente.
Essa é a essência do viver
democrático. Na sua origem está um tempo recente no qual a sociedade foi
catalogada em tempo binário: ou é amigo ou é inimigo. Gerando um radicalismo
irracional, em uma sociedade que nos últimos 30 anos vem buscando consolidar o
Estado de Direito Democrático.
Em momento de disputa eleitoral, a
antipolítica desperta como coração pulsante. A pedagogia da intolerância ganha
dimensão perigosa para o futuro. Ao invés do debate de ideias e propostas
concretas para enfrentar os graves problemas nacionais, a campanha eleitoral se
marca pelos rancores.
A origem está na existência de
partidos oportunistas, na sua maioria, que oscilam de conformidade com as suas
conveniências em usufruir dos benefícios do Estado, bem diagnosticado pelo
professor titular da USP, Gaudêncio Torquato: “A política tornou-se um grande
empreendimento, tornou-se um negócio”, gerando grande ameaça ao Estado
democrático, pela degradação do sentido aristotélico da política, que deve
buscar e servir ao bem comum. A corrupção sistêmica pelo suborno, tráfico de
influência, informação privilegiada, integram a plataforma operacional desses
cínicos agentes públicos.
O balcão de negócios tornou-se
presença ativa. As relações no executivo e no legislativo, com raras exceções,
passaram a ser o levar vantagem. A grande vítima é a sociedade em que a
expressão inglesa “Politics is business” é cumprida com determinação. Outra
expressão saxônica “Under the table” (por baixo da mesa) tem ativa presença. A
propina transformou-se em política de Estado. Exemplo: em troca de vantagens
incestuosas muitos governos estaduais foram capturados por grupos de
corruptores, garantindo aos “novos ricos” êxito nos seus negócios fraudulentos.
Nos Estados a eleição de notórios
incompetentes para a administração pública tornou-se um mantra. Elegendo quem é
deslumbrado com as vantagens do poder e não oferece risco para a continuidade
da expropriação dos recursos públicos. Experiência e competência na condução
dos negócios públicos tem presença irrelevante nas disputas eleitorais.
O choque anafilático positivo que a
Operação Lava Jato deu nos corruptos e corruptores ainda não foi suficiente
para estancar as veias abertas na corrupção. Os episódios recentes, envolvendo
figuras públicas na manipulação do dinheiro público mancomunado com
aventureiros econômicos não foram interrompidos. Meditem sobre o pensamento do professor
emérito da USP, José de Souza Martins.
“Não é surpresa que, no Brasil, muitos
dos apanhados com a boca na botija da corrupção não sejam pobres que,
eventualmente, tenham descoberto caminhos alternativos e ilícitos para
enriquecer. No cenário das condenações e dos aprisionamentos são ricos e
poderosos ou gente de classe média que se tornou poderosa, e por isso, rica. A
corrupção aqui é uma prática lúdica, uma diversão, um jogo de quem tem tudo e
quer mais”.
Ante essa realidade, em 7 de outubro,
o brasileiro deve usar o seu voto conscientemente na escolha menos dolosa e
perniciosa, enxergando o futuro dos seus filhos e netos. Para os desequilibrados e amantes do autoritarismo,
meditem sobre o alerta do professor Eugênio Bucci: “Há multidões crescentes no
Brasil que aprenderam a se jactar de desprezar a política, sem saber que, sem
política, não teriam direito de sequer de expressar o seu desprezo pela
política. Essas multidões não sabem o que desfazem”.
Hélio Duque é doutor em
Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foi
Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia
brasileira.
Um comentário:
Intolerância ou auto defesa contra uma turba que não tem limites e que não segue regras, além de ser burra e teimosa.
Democracia só funciona para populações apartadas da burrice...
fanáticos.
sanconiaton
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