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Por Hélio Duque
O Brasil
tem um encontro marcado com o seu destino e o seu futuro. O governo federal a
ser eleito está diante de dois cenários. Se for comprometido com reformas
estruturais inadiáveis, teremos a retomada do desenvolvimento. Se optar pela
anti-reforma terá o crescimento travado com consequências nefastas.
Sendo
reformista haverá previsibilidade para a retomada do desenvolvimento, queda dos
juros, o dólar sairá da faixa especulativa, gerando novos empregos para os
milhões de desempregados. Se a opção for pela anti-reforma, os juros
aumentarão, o dólar terá forte elevação e o desemprego aumentará. Viveremos
realidade econômica e social dramática. Sem reformas na estrutura do Estado,
será impossível a retomada de crescimento sustentável com equidade social.
Lamentavelmente
o radicalismo primitivo, alimentado pelo catastrofismo da direita e da esquerda
radicais, ao alimentar o ódio e a violência verbal, subverteu os valores de uma
sociedade democrática. Pregam a alternativa de “Messias salvadores”,
influenciando negativamente o eleitor que é moderado e reformista. Avesso ao
radicalismo defende uma administração com experiência comprovada no exercício
do poder e firme combate à corrupção. A chamada maioria silenciosa, que reflete
a sociedade, precisa despertar.
Quando a
maioria se omite e aceita que a adulteração da realidade se transforme em
pregação eleitoral, a radicalização política se instala, tornando o que dizia o
escritor inglês George Orweel, muito atual. A people elect corrupt politicians,
imposters and traitors are not victims. But accomplices.” (Um povo que elege
corruptos políticos, impostores e traidores não é vítima. É cumplice.”
A recente
hecatombe social brasileira, responsável pela maior recessão e crise na
economia brasileira, teve na concepção autoritária do Estado a sua matriz.
Desenvolvimento social e prosperidade econômica ficou provado que não ocorre
pela vontade de autocratas supostamente iluminados. Governos populistas não
enxergam o futuro, priorizam a polarização social e o conflito de classes
enfraquecendo as instituições democráticas.
Memorizar
é ter consciência de um tempo recente que não pode ser esquecido, sob pena de
repetição da tragédia. As digitais da tragédia econômica e social que vivemos
são conhecidas pelos brasileiros. Mensalão e petrolão não são ficções. Quem
capturou a insatisfação da sociedade ante essa realidade foi uma candidatura
aventureira, primitiva nas suas formulações programáticas e destituídas de
compromissos com o Estado democrático.
Setores da
classe média, de alta renda e da economia mediana, vêm apoiando e alimentando a
aventura autoritária. A pregação antidemocrática vem tendo êxito, ante uma
centro-direita e uma centro-esquerda fragmentada, debilitando o núcleo
reformista e proporcionando a polarização dos populistas à direita e à
esquerda. Manada política não enxerga o futuro. E a democracia pode ser a grande
vítima.
“Brésil:
le naufrage d’une nation” (Brasil o naufrágio de uma nação), foi recente editorial do jornal
francês “Le Monde”. O norte americano “New York Times”, na mesma direção:
“Alguns falam em suicídio de uma nação. É o que parece.” Na origem está o
chamado “voto de protesto”, “voto regional”, “voto da saudade”, quando
precisamos do voto de confiança no futuro para
evitar o caos político, econômico e social. O centro democrático não se
mobiliza ante esse cenário restabelecendo o diálogo e a pacificação política em
tempo de crispação.
É
fundamental entender que voto estratégico vem sendo usado nas sociedades
desenvolvidas e democráticas, quando da emergência de vitória de aventureiros e
despreparados para o poder. É dirigido a um candidato que o eleitor não admira,
para evitar a vitória daquele que sabe provocador de crises. No caso
brasileiro, o sistema de representação popular, ante a artificialidade
partidária, proporciona o surgimento de candidaturas sem chances reais de
vitória, mas responsáveis pela dispersão do eleitorado.
Longe de
ser despolitizado, por exigir informação política, torna-se um voto
estratégico. O economista Eric Maskin, ganhador do Prêmio Nobel de 2007 e
professor da Universidade de Harvard e Princeton, entende que o voto estratégico
leva o cidadão a deixar de lado sua preferência para evitar um mal maior. Em
momentos de radicalização adjetiva, como vem ocorrendo no Brasil, a maioria
silenciosa não pode se omitir ignorando o futuro, em que o preço a ser pago
poderá ser devastador.
Hélio Duque é doutor em Ciências,
área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foi Deputado
Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.
3 comentários:
Não aguentei ler até o fim.
Excelente artigo!
Conversinha típica de viuvinha do PT, embora camuflada.
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