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Por Merval Pereira
Informação e contrainformação – Merval Pereira – O Globo 20/10
A situação é mais simples do
que parece nessa guerra de informações, falsas ou verdadeiras, sobre a suposta
—embora plausível —guerrilha ilegal de WhatsApp na campanha presidencial.
O PT está fazendo uma luta
política, pois não existe possibilidade de impugnar a candidatura de Bolsonaro
neste momento, a oito dias do segundo turno, e é muito difícil provar que houve
abuso de poder econômico neste caso.
Não há nenhuma prova para
basear o pedido de cassação de Bolsonaro, além da matéria jornalística
inconclusiva da “Folha de S.Paulo”. Suspender a eleição, cassar Bolsonaro, ou
chamar o terceiro colocado, como o PT e também o PDT querem, é fora de
propósito. É preciso uma investigação aprofundada — já aberta pelo TSE —, que
demora muito. E a denúncia é de que os torpedos estavam contratados para a
última semana de campanha, o que ainda não aconteceu. E não acontecerá, diante
da denúncia. Portanto, impossível de comprovar.
Para se ter ideia da
impossibilidade, o processo de abuso de poder econômico contra a chapa Dilma/
Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi aberto pelo PSDB logo depois
da proclamação do resultado da eleição de 2014, como manda a legislação.
Tramitou por três anos, período em que houve muitas mudanças políticas no país,
sob a Operação Lava-Jato, até mesmo o impeachment da presidente, com seu vice,
Temer, assumindo o governo.
O PSDB, que queria impugnar a
chapa, passou a ser o principal aliado do novo governo, e quem conseguiu
impedir que o processo fosse arquivado foi o ministro Gilmar Mendes, que não
apenas o reabriu depois que, em outubro de 2015, a então relatora, Maria
Thereza de Assis, decidira arquivar a ação, como incluiu nele fatos referentes
às investigações da Operação Lava-Jato, inclusive algumas delações premiadas de
executivos da empreiteira Odebrecht.
No julgamento, um dos
argumentos para absolver a dupla foi que as delações premiadas incluídas no
processo não poderiam ser usadas. O relator Herman Benjamin chegou à conclusão
de que houve abuso de poder econômico e fraudes na contratação das gráficas
fantasmas por parte da chapa Dilma-Temer.
Numa das delações premiadas de
executivos da empreiteira Odebrecht, foi revelado que a chapa presidencial do
PTPMDB recebeu R$ 30 milhões de caixa 2 na campanha de 2014. Essa informação
foi confirmada pela delação recente do ex-ministro Antonio Palocci — delações
cruzadas que fortalecem a denúncia.
Mas aí o presidente já era
Temer, Dilma estava fora do poder, e o interesse no caso era menor. Alegava-se
que era necessário manter a estabilidade do novo governo. Em votação apertada,
por 4 votos a 3, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitou a cassação da
chapa Dilma-Temer na eleição de 2014. Agora o PT, que sempre acusou a Justiça
brasileira de usar rito sumário na condenação do ex-presidente Lula, quer
pressa para a decisão do TSE, como se fosse razoável, apenas com suspeitas,
interferir na eleição presidencial.
Além do que as acusações que
hoje fazem à equipe de Bolsonaro são repetições das que foram feitas contra
Dilma na eleição de 2014. A Quick Mobile, uma das empresas que teriam sido
contratadas por empresários para turbinar mensagens contra o PT, é de
propriedade de Peterson Quirino, ex-sócio da Door2Doors, acusada de campanha
idêntica para atacar Aécio Neves em 2014.
E o que dizer do movimento
conhecido como MAV, Militância em Ambientes Virtuais? Criado já em 2011,
utiliza militantes treinados para atuar na internet, e em outros novos meios de
comunicação, segundo orientações partidárias, forjando correntes de opinião
favoráveis ao PT.
Não é à toa que a PGR abriu
processo para investigar as duas candidaturas. O ex-deputado André Vargas, que
ficou famoso ao sentar-se ao lado do ministro Joaquim Barbosa em uma cerimônia
na Câmara e erguer o punho como sinal de resistência, ganhou ontem liberdade
condicional depois de cumprir parte da pena, condenado três vezes por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. Ele era um dos coordenadores do MAV, que tinha
como uma de suas especialidades espalhar que o adversário — em 2014, Aécio
Neves; em 2018, Bolsonaro — iria acabar com o Bolsa Família.
Há um inquérito sigiloso em
Brasília sobre as atividades do MAV. Para André Vargas, no tempo em que estava
solto e tinha poder: “Guerra de guerrilha na internet é a informação e a
contrainformação.”
Merval Pereira é Jornalista e membro
das Academias Brasileiras de Letras e de Filosofia. Originalmente publicado no
jornal O Globo em 20 de outubro de 2018.
3 comentários:
Merval? Aí não dá. kkkkkkkkkk
Bolsonaro vai em última análise, acabar enfrentando os mesmos demónios que Trump nos EUA.
E, conhecendo o ADN esquerdalho, acabarão por negociar nas bancadas do congressorrupto um impeechment.
O Brasil deixou crescer demasiado a hidra.
E importante que Instaurar a Comissão da Verdade sobre a Corrupção do PT. Abrindo os arquivos,
apurando caso a caso, afastando e processando funcionários que se corromperam e que fizeram vista grossa, buscando o ressarcimento do tesouro. Não deixando que a corrupção passada contamine o seu futuro governo. Observação. Estou postando de graça!
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