Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
Não tem
magia, nem futurologia, mas sim uma certeza gerada pelo ultimado dado pelo
eleitorado na eleição. O Governo de Jair Bolsonaro & Antônio Mourão não
pode errar, nem na economia, nem na prevenção e combate à corrupção e muito
menos no enfrentamento à estrutura do Crime Institucionalizado. Tem de avançar
nas reformas e nas mudanças estruturais. Do contrário, a esquerda retorna ao
poder para não sair tão cedo.
Uma das
mais conscientes e profissionais análises de cenário feitas até agora, que
merece uma atenção especial de Bolsonaro e Mourão, tem a assinatura do
economista Reinaldo Gonçalves. O Professor Titular do Instituto de Economia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro escreveu o artigo Governo Bolsonaro,
Brasil 2019-22: Cenários (Versão 8/11/2018). O texto chama atenção,
sobretudo, para o desafio liberal:
“O Governo
Bolsonaro defronta-se com um adversário interno (ortodoxia econômica liberal) e
um inimigo externo (a oposição “faca nos dentes”). As questões centrais para o
futuro são: como o Governo Bolsonaro enfrentará os 70-year-old Chicago boys da
sua equipe econômica? Bolsonaro irá domesticá-los ou, simplesmente,
exonerá-los? Bolsonaro permitirá que eles cometam erros estratégicos e erros
trágicos?”.
Reinaldo
Gonçalves lança outra provocação: “E quanto à oposição faca nos dentes e seu
atrator estranho (Lula)? Bolsonaro irá tratá-los como adversários equilibrados
e responsáveis (focados no futuro do país) ou inimigos temerários e vingativos
(focados nos seus próprios interesses)? O futuro do Governo Bolsonaro depende
das respostas a essas perguntas. E o futuro do Brasil depende da conduta e do
desempenho do Governo Bolsonaro, mas isso é tema para outro trabalho
(macrocenários nacionais)”.
O
economista adverte que seu estudo tem uma hipótese básica: “a aplicação da
matriz ortodoxa liberal, na atual situação brasileira, tem enorme risco de
fracasso. A matriz ortodoxa pode ser, mais que um erro estratégico, um erro
trágico. Essa hipótese decorre de dois fatos. O primeiro é que a ortodoxia
envolve políticas e reformas com significativo impacto negativo, no curto
prazo, sobre renda, emprego, serviços públicos, expectativas etc. O segundo
fato é que a situação brasileira atual é particularmente grave tendo em vista o
acúmulo de desequilíbrios que provocam: esgarçamento do tecido social; fratura
na economia; tensão na política; degradação das instituições; e volatilidade de
expectativas”.
Reinaldo
Gonçalves chama atenção para o erro imperdoável da esquerda no uso do epíteto
“fascista” para uma força política heterogênea e majoritária (58 milhões de
votos nas eleições presidenciais de 2018). O economista entende que tal erro
expressa uma combinação, não necessariamente linear, de idiotia, ignomínia e
beligerância. Reinaldo Gonçalves acredita na hipótese de que essa conduta
continuará durante o Governo Bolsonaro e implicará poder desestabilizador da
oposição:
“Toda a
narrativa filosófica e política refletida no Plano de Governo e nos
posicionamentos de Bolsonaro remete à família (conjunto de indivíduos) e ao
Cristianismo (Deus acima de todos!). Na realidade, é provável que o denominador
comum da onda bolsonarista não seja o anticomunismo, o conservadorismo, o liberalismo,
o individualismo e o cristianismo e, sim, o pró-renda, o pró-emprego, o
antiviolência, o anticorrupção, o antipetismo e o antilulismo. Se de um lado,
essas forças talvez sejam, na sua maioria, anticomunistas; de outro, elas
talvez sejam majoritariamente conservadoras, liberais e democráticas”.
Reinaldo
Gonçalves prevê um fenômeno, partindo de uma ressalva: “Evidentemente, há
diferenças político-ideológicas entre as forças no governo e as forças na
oposição. Entretanto, há questões objetivas referenciadas a indivíduos e grupos
de interesses: poder e riqueza. Os processos do Mensalão e do Petrolão, bem
como o impedimento da Dilma Rousseff e a derrota para Bolsonaro, implicaram
grandes perdas para partidos, organizações e indivíduos”.
O
economista acrescenta: “Nos últimos anos, o Partido dos Trabalhadores,
protagonista da política brasileira a partir de 2003, sofreu perdas
significativas que vão da redução das bancadas parlamentares ao afastamento de
boa parte da sua liderança política. E, ademais, personagens políticos
importantes viraram réus, apenados ou presidiários. Os casos de José Dirceu,
Antônio Palocci e Lula são reveladores da situação de fragilização e, até
mesmo, desespero de políticos que, até recentemente, estavam entre os mais
poderosos e influentes do País”.
Gonçalves
explica as vaciladas da esquerda: “Ao longo dos anos, as perdas acumuladas pela
oposição (PT e seus partidos satélites, organizações e indivíduos) causaram
condutas marcadas por idiotia e ignomínia. É o caso do Mensalão já no início do
Governo Lula em 2003 em que as narrativas do “nada sabia” e do “caixa dois”
são, ao fim e ao cabo, crimes de corrupção e formação de quadrilha. Os
protestos populares de meados de 2013 são repercutidos pela atual oposição como
uma questão de “demandas ampliadas”; e não como uma reação ao profundo
descontentamento com o funcionamento de uma democracia de baixa qualidade e de
uma república anã apequenadas a partir de 2003 com a corrupção epidêmica e
resultados insatisfatórios. O impedimento de Rousseff em 2016 é ecoado como
“golpe parlamentar”; e não como um evento previsível com múltiplas causas. O
“fora Temer” (2016-18) não consegue disfarçar a sede de vingança daqueles
marcados pela traição, perda, cumplicidade e culpa.
Reinaldo
Gonçalves observa que, na visão da esquerda, o Petrolão e a Operação Lava Jato
são vistos como uma conspiração entre agentes externos (CIA) e agentes internos
(MPF, Judiciário, Polícia Federal etc.), e não como uma reação natural de
agentes públicos ao patrimonialismo, à lavagem de dinheiro, ao enriquecimento
ilícito, à formação de quadrilhas e à corrupção em larga escala, como nunca
antes na história do País. E mais, o processo judicial de Lula em 2017-18 é
vociferado como “perseguição judicial”; e não como uma ação penal repleta de
evidências que seguiu fielmente todos os ritos processuais”.
Reinaldo
Gonçalves toca no ponto focal: “A imbecilidade esférica na oposição
manifesta-se quando a Operação Lava Jato é vista como consequência da “luta de
classes” em que agentes públicos do Judiciário e do MPF (“assalariados ricos”
da classe média alta) atuam para derrubar um governo de bases populares que
representava os pobres e a classe trabalhadora! E, por fim, o “Lula livre” pós
7 de abril de 2018 (data da prisão de Lula) é, na melhor das hipóteses, a
expressão do antirrepublicanismo e da antiética”.
Gonçalves
ressalva que a esquerda tinha mais razões que a direita para ser a favor do
impedimento de Rousseff e da punição de Lula a partir de 2015: “Em 2018 o Lula
livre foi, certamente, um erro estratégico da campanha presidencial do PT e
seus partidos-satélites já que há anos acumula-se forte rejeição ao
expresidente e à corrupção. Se a maior parte da esquerda tivesse se posicionado
firmemente a favor do impedimento de Dilma e da prisão de Lula, na eleição de
2018 a narrativa antiesquerda corrupta dos candidatos da direita teria menor
potência. Pelo menos desde 2015 a esquerda poderia ter construído uma
coalização com novas propostas, novas lideranças e novo referencial ético. Subordinados
a Lula (que continua controlando a Tesouraria do PT), a maior parte da esquerda
errou, errou de novo e errou pior”!
Reinaldo
Gonçalves faz outra advertência relevante: “Da mesma forma que no resto do
mundo, o discurso (nada inteligente) contra o populismo de direita constrói um
enquadramento político binário do nós contra eles, dos bons contra os maus.
Portanto faz-se a dicotomia entre “os bons democratas que defendem os valores
universais da democracia liberal e a extrema direta malvada, racista e
xenofóbica, que deve ser erradicada” (Moufe, 2005, p. 58). O resultado é
evidente: adversários são transformados em inimigos, perde-se o sentido da
realidade e inicia-se a marcha da insensatez. Há o acirramento das tensões
sociais e do conflito político que atingem níveis críticos e, em consequência,
os extremismos são propagados e a democracia comprometida”.
O
pesquisador da UFRJ ressalta que a experiência brasileira recente,
particularmente durante o processo político-eleitoral em 2018, enquadra-se nessa
situação de antagonismo comprometedor da democracia já que cresce a oposição faca
nos dentes: “A influência de alguns dos problemas enfrentados pelos países
desenvolvidos tem, no caso do Brasil, os agravantes do patrimonialismo, da
violência e da corrupção epidêmicos. O populismo de direita de Bolsonaro passa
por cima de partidos, mobiliza paixões e cria identificações. O populismo
brasileiro é o discurso sobre família, pátria e Deus, e também é a crítica, a
condenação e a identificação dos mentirosos, canalhas e corruptos. No
século XXI o sucesso do populismo de direita brasileiro reflete o confronto
frontal das suas lideranças com o pacto entre a plutocracia, a cleptocracia e a
canalhocracia”.
Reinaldo
Gonçalves aponta Lula como um fator agravante no quadro de incertezas críticas
tendo em vista a atração, a influência e o controle que exerce sobre a maior
parte das forças da esquerda: “Entretanto, o poder de Lula tende a diminuir na
medida em que avança seu tempo na prisão. E, em algum momento no futuro, Lula
provocará repulsa na maior parte da esquerda e o Lulismo será somente objeto de
adoração dos fundamentalistas enterrados na idiotia e na ignomínia. Lula
completou 73 anos na véspera das eleições presidenciais de 2018”.
O
economista da UFRJ sinaliza para um processo de fragilização evidente e
crescente desse personagem da política brasileira com nas esferas jurídica, moral,
física, mental e política: “Entretanto, Lula é um adversário temerário já que
não tem muito a perder. Lula pode ter interesses objetivos e subjetivos na
estratégia de brinkmanship. Isto é, a conduta da oposição com a “faca
nos dentes” tem como foco a imposição de perdas ao adversário transformado em
inimigo visceral (Governo Bolsonaro). Em consequência, é provável que a
potência desestabilizadora da oposição (mais uma vez, liderada por Lula)
implique insensatez, irracionalidade e estupidez”.
Reinaldo
Gonçalves observa que, com o avanço das políticas assistencialistas do Governo
Bolsonaro (programa de renda mínima etc.) é provável que, nas eleições futuras,
haja forte redução dos votos em eventuais candidatos do PT (ou de uma coalizão
de esquerda) liderados por Lula (se ele ainda estiver na arena política
brasileira). Isso deve ocorrer, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste.
Ademais, se a esquerda continuar atrelada ao Lulismo ela acelerará seu processo
de degenerescência e, provavelmente, entrará em trajetória de encolhimento já
que perderá apoio popular, em geral, e no campo progressista, em particular. E,
por outro lado, se o Governo Bolsonaro abandonar a ortodoxia da econômica
liberal, gerar ganhos econômicos (mesmo que moderados), ampliar as políticas
assistencialistas e reduzir a violência e a corrupção, ele será capaz de
corroer definitiva e rapidamente as bases do Lulismo”.
Reinaldo
Gonçalves descreve um fenômeno que precisa ser encarado seriamente pela
situação e pela oposição: “O fato que 58 milhões de brasileiros votaram em
Bolsonaro é a evidência empírica conclusiva de que grande parte da sociedade
anseia por proteção, rejeita o pacto, abomina o Lulismo e condena Lula”.
Em resumo:
Se Bolsonaro acertar na economia – e as possibilidades são excelentes -, a esquerda
burra pode estar com seus dias contados no Brasil... Que dádiva!
Agendona Militar
O
presidente eleito se reúne às 7h com o chefe do Conselho de Segurança Nacional
dos Estados Unidos, John Bolton.
Às 10
horas, ele participa da formatura da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do
Exército (EsAO).
Na sexta de
manhã, Bolsonaro estará em Guaratinguetá (SP), para a formatura da Escola de
Especialistas.
Depois ruma
para Aparecida do Norte e, à noite, segue para Resende (RJ).
No sábado,
o Presidente eleito confirma presença, às 10 horas, na formatura da Aman -
Academia Militar das Agulhas Negras.
Futuro da Infraestrutura no Brasil
O Vice-Presidente
eleito, Antônio Hamilton Mourão, participa nesta quinta-feira, às 11 horas, do primeiro
da série Diálogos Infra.
O evento
acontece no auditório do edifício sede da ANTT – Associação Nacional dos
Transportes Terrestres, em Brasília.
Mourão
apresentará as perspectivas sobre os rumos da infraestrutura no Brasil e
responderá às perguntas da plateia.
A conversa
aberta com Mourão é organizada pelo SINICON (Sindicato Nacional da Indústria da
Construção Pesada – Infraestrutura), ANETRANS Associação Nacional das Empresas
de Engenharia Consultiva de Infraestrutura de Transportes) e ANEOR (Associação
Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias.
Pezão engaiolado
O Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, foi preso hoje cedo pela Operação Lava Jato.
Pezão foi acordado pela Polícia Federal, cumprindo mandado para levá-lo para a cadeia.
Até o final do ano, tudo indica que a Lava Jato (que alguns pensavam moribunda) promova novas operações e prisões surpreendentes...
E o TRF-4 manteve a pena de prisão de José Dirceu em 8 anos e 10 meses na segunda condenação na Lava Jato, o que torna o companheiro um sério candidato a retornar a um presídio.
Por enquanto, Dirceu está solto, com tornozeleira eletrônica, por bênção do Supremo Tribunal Federal...
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!
O Alerta Total tem a missão de praticar um
Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela
análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna
e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e
Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia,
Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
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ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação
sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso
simples conhecimento.
© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 29 de Novembro de 2018.