Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por João
Vinhosa
A dificuldade de aprender Matemática
é um mal que atormenta milhões de brasileiros, entre os quais se destacam os
seguintes grupos: adultos que gostariam de voltar a estudar, mas não o fazem
para não ter que enfrentar a temida Matemática; estudantes que tiveram acesso
ao nível universitário, porém não conseguem acompanhar o curso por terem
deficiências em partes elementares da matéria; e jovens que se encontram
cursando o ensino fundamental com fraco aproveitamento devido à má-formação na
disciplina.
Tal dificuldade decorre,
principalmente, da interligação existente entre as diversas partes da matéria.
Isto, porque, devido à citada interligação, para que se entenda um determinado
assunto de Matemática, é necessário o conhecimento de vários outros assuntos a
ele relacionados. Em consequência, se o aluno não souber certa parte da
matéria, ele não conseguirá aprender os assuntos que dela dependem. E o
fracasso no aprendizado cria um campo fértil para o desenvolvimento do chamado
“Trauma de Matemática” – dano psicológico que torna a pessoa convencida de sua
incapacidade de compreender a matéria, provocando o seu bloqueio mental e
impossibilitando-o de entender os assuntos tratados.
Como exemplo da influência da
interligação entre as partes da Matemática, pode ser citado que é impossível
entender equação de segundo grau sem ter conhecimento de raiz quadrada, que,
por sua vez, depende da compreensão de potências. Além disso, a interligação
também existe entre os diversos níveis de uma mesma parte da matéria. Afinal,
uma pessoa nunca entenderá que “dois terços é maior que cinco nonos”, se ela
não dominar os conceitos fundamentais de frações ordinárias.
Diante deste catastrófico cenário,
das duas, uma: ou o Brasil passa a combater de maneira sistemática o “Trauma de
Matemática”, ou o País fracassará em sua tentativa de melhorar seu baixíssimo
nível de ensino. Em outras palavras: se não forem adotadas corretas medidas, o
País fracassará em sua tentativa de diminuir a enorme dívida social que tem com
aqueles que não aprenderam os assuntos quando os mesmos lhes foram apresentados
na escola.
Considerando que nenhum professor
consegue ensinar a matéria a um aluno que sofre de bloqueio mental, fica visto
que o vilão a ser combatido é o “Trauma de Matemática”. Portanto, a questão
passa a ser: como combater o “Trauma de Matemática”?
Ora, para combater o “Trauma de
Matemática”, antes de tudo, é absolutamente indispensável convencer a pessoa
traumatizada que ela pode entender Matemática. A partir daí, ela fica motivada.
E a motivação traz o sucesso, que, por sua vez, provoca mais motivação, e, em
consequência, mais sucesso, formando, assim, um autêntico círculo virtuoso que
aniquila o “Trauma de Matemática”.
Até aqui tudo bem. Mas como convencer
a pessoa traumatizada que ela pode entender Matemática?
A única resposta para esta questão é:
uma pessoa traumatizada só se convencerá que é capaz de aprender Matemática
quando compreender perfeitamente a resolução de um problema que julgava ser de
difícil entendimento. E, para que isto aconteça, o professor deverá se colocar
ao nível do aluno, e vir raciocinando junto com ele até chegar ao ponto
desejado.
A propósito, para se constatar o
resultado obtido quando o professor se dispõe a raciocinar junto com o aluno,
basta ver o vídeo disponível no endereço https://youtu.be/U-2r-aLtRKc.
Em tal vídeo, em menos de quinze minutos, uma pessoa que só domina as quatro
operações (soma, subtração, multiplicação e divisão) é levada a compreender
perfeitamente a resolução do seguinte problema: “Calcular dois números que
somados dão 50, sabendo que o triplo do primeiro número menos o segundo número
dá para resultado 10”.
E, conforme pode ser visto no vídeo
indicado, depois de o aluno entender todos os detalhes da resolução do
problema, dentro dos mesmos quinze minutos, foi-lhe informado que ele acabou de
ser apresentado à Álgebra, parte da Matemática composta de incógnitas e
equações – nomes que o teriam apavorado, se não tivessem sido adequadamente
apresentados.
Logicamente, o professor que se
dispõe a raciocinar junto com o aluno, além de considerar que é impossível uma
pessoa entender determinada parte da Matemática sem dominar os pré-requisitos
necessários a tal entendimento, deve considerar, também, que aqueles que se
julgam incapazes de entender a matéria ficam, invariavelmente, impacientes.
Logo, é de todo necessário que a atenção do aluno seja captada de maneira
rápida e eficiente.
Mais: para que a atenção do aluno
seja captada, é da maior importância que ele seja colocado a raciocinar o
quanto antes. Assim sendo, a ordem de apresentação da matéria é da maior
importância; ela tem que ser tal que o aluno seja desafiado a pensar logo nos
primeiros minutos da aula. Na realidade, a coisa funciona como quando se quer
ensinar uma pessoa a jogar futebol: nada de perder muito tempo ensinando as
regras do jogo, pois isto seria extremamente contraproducente; a pessoa deve
aprender a jogar, jogando. Só assim o aprendizado fica mais agradável.
Relativamente à ordem de apresentação
da matéria, para convencer a pessoa traumatizada que ela pode entender
Matemática, julgo conveniente que sejam feitos, prioritariamente, esforços no
sentido de o aluno dominar o Raciocínio Algébrico. Esta ordem se justifica não
só porque ela possibilita que o aluno seja imediatamente desafiado a
raciocinar, mas também porque é impossível o aluno adquirir conhecimentos mais
avançados de Matemática se ele não souber equacionar um problema e resolver as
correspondentes equações.
Nesta altura, torna-se válido
salientar a diferença entre a Matemática e outras disciplinas. Para tanto,
basta reparar que, na Matemática, é impossível o aluno adquirir conhecimentos
mais avançados se ele não souber equacionar um problema e resolver as
correspondentes equações. Já na História, pode-se conhecer tudo da Segunda
Guerra Mundial e nada da Primeira, e na Geografia, pode-se ter profundos
conhecimentos sobre a Ásia e desconhecer totalmente a Europa.
Conforme se depreende da argumentação
acima apresentada, o combate à dificuldade de aprender Matemática tem que ser
feito na base do entendimento da matéria. Contudo, devo confessar que não abro
mão de uma ferramenta que não é baseada no raciocínio, e sim na memorização: a
tabuada, atualmente ridicularizada por muitos professores. Na realidade, não dá
para acreditar que possam acompanhar aulas de Matemática, alunos que não sejam
capazes de fazer mentalmente pequenas contas, como o produto “8 vezes 5”.
Finalizando, por contrariar tudo
aquilo que é pregado no presente texto, recomendo a leitura do artigo “A falência
do ensino da Matemática”, no qual fiz forte crítica ao único livro distribuído
pelo MEC que analisei. É o seguinte o endereço de citado artigo:
Um comentário:
Os alunos do fundamental, que deveriam ficar à vontade na aritmética, vivem grandes dificuldades quando passam para o médio onde a matemática é muito mais avançada.
Penso que o atual exame nacional do ensino médio deve ser dos mais estúpidos do mundo.
O ensino no Brasil está como a atual Constituição, não está a precisar de um reforma, mas sim de uma nova e forte estrutura e infraestrutura, que alavanque educacionalmente este país para o rumo certo do desenvolvimento.
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