Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Stavros Xanthopoylos
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
Qual é a
efetiva missão do ensino superior de um país?
Gerar
formação básica, especialização, educação continuada, pós-graduação, suscitar
produção científica, pesquisa e trazer riqueza para a nação.
Quando
olhamos para as universidades brasileiras em sua maioria públicas, sejam
federais ou estaduais, vemos um ambiente sem visão e missão associadas aos
objetivos mencionados acima, em grande parte delas. Basta entrarmos à página
principal do sítio da maioria das nossas universidades, das mais renomadas às
medianas, que veremos um conjunto de informações o qual se assemelha mais com
uma página de partido político ou de organizações associadas a assuntos que
nada têm a ver com ciência, conhecimento ou educação, mas aqueles que têm
dividido a nossa sociedade neste escopo do marxismo cultural e doutrinação.
Claro,
esses assuntos devem ser pauta de qualquer ambiente epistemológico, porém não
podem ser foco dos ambientes que são responsáveis por formar os futuros
profissionais, cientistas para gerarmos inovações, patentes e riqueza para o
Brasil. Se acharem as afirmações acima fortes demais, comparem com qualquer
sítio de universidades mundo afora dos países que se desenvolveram e os que
compõem o grupo dos que estão se desenvolvendo de forma mais rápida que nós.
Temos
desafios imensos em acelerar a formação de professores aptos a prepararem a
geração para o século XXI, por exemplo, além de incrementar o número de formandos
em carreiras técnicas em número suficiente e em escopo amplo para podermos
explorar a potencialidade de recursos do nosso País.
Assim, é
fundamental que se defina uma Política de Estado de Pesquisa, Ciência e
Tecnologia e outra para Educação. Partindo dessas bases poderemos estender
planos e ações integrados necessários para o desdobramento de projetos nas
diversas áreas de exploração para a geração de inovações e soluções de
problemas os quais são grandes desafios da nação. Desta forma daremos norte às atividades
das universidades e pararemos de acender uma produção científica com pouco
impacto e relevância, nacional e internacional, hoje, resumindo-se em
publicação de artigos cuja quantidade é o referencial para estabelecer a
qualidade das instituições educacionais.
Esse
movimento será fundamental para mudarmos a estrutura de financiamento das
nossas universidades, permitindo que os recursos atualmente destinados, em sua
maioria, para pagamento de salários e gastos recorrentes, sejam oriundos de
patentes geradas por iniciativas próprias ou por centros de pesquisa associados
com a iniciativa privada, a exemplo, de projetos vistos nos países
desenvolvidos e mais recentemente em países como a China, Coréia do Sul,
Emirados Árabes, entre outros.
Com a nossa
biodiversidade, condições naturais para geração de energias limpas, nossa
riqueza mineral, nossa costa, solo, além de desafios de infraestrutura e de
logística, por exemplo, não faltará escopo ou interesse de associação com as
nossas universidades para desenvolvimento de tecnologia, produtos e soluções
para os nossos desafios. Nossos principais exemplos são a Embrapa, a Petrobrás,
a Embraer, entre outros milhares de atividades de pesquisa que operam milagres
nas condições atuais, seja por falta de recursos ou por entraves ideológicos
presentes no ambiente científico brasileiro.
Os recursos
gerados com essas iniciativas liberarão orçamento do MEC para focar de forma
mais efetiva em programas e diretrizes, alicerces da educação, que ,
quando melhorados, permitirão construir os pilares, o ensino básico, para
sustentar o telhado, o ensino superior.
As IES
privadas que representam mais de 85% das instituições de ensino superior com
mais de 70% do alunado terão papel fundamental em continuar a formar
professores, por exemplo, e em oferecer conteúdos aceleradores de competências
para permitir o ingresso acelerado ou melhoria da condição dos profissionais.
Novas configurações pedagógicas, fugindo dos blocos formativos, ou seja o
paradigma dos diplomas terá que abrir espaço para o paradigma do saber, para o
aluno do século XXI.
Assim,
novas atividades de certificação de saberes prévios, educação aberta, cursos e
conteúdos abertos, reconhecimento de saberes prévios farão parte das
estratégias das instituições, pois o mundo do nosso aluno, nosso professor,
nossa avaliação não está mais só, temos o cenário de qualquer aluno, qualquer
conteúdo e qualquer professor, e como fica a certificação e o reconhecimento
neste mundo do aterro sanitário da internet.
A
provocação está feita... Mãos à obra!
Stavros Xantophoylos é Consultor em
Educação. Membro da diretoria de relações internacionais da Associação
Brasileira de Educação a Distância (Abed), já tendo ocupado o cargo de
vice-presidente. Há 24 anos atua com Educação a Distância (EaD) para graduação
e pós-graduação. Foi vice-diretor do Instituto de Desenvolvimento Educacional
da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e diretor executivo do FGV
Online. Graduado e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade de
São Paulo (USP), possui também doutorado em Filosofia e Administração. É
fundador e CEO da SPX Consultoria Educacional, especializada em soluções
educacionais online. Foi eleito Personalidade Educacional de 2011, 2013 e 2014,
título concedido pela Associação Brasileira de Educação, pela Associação
Brasileira de Imprensa e pelo jornal Folha Dirigida.
Um comentário:
A tecnologia poderá e deverá ser sempre usada para nosso benefício, mas só se estivermos no caminho certo e tivermos o ensino certo nas Universidades certas.
Infelizmente, na prática, passamos ao lado da terceira revolução industrial. E o ensino a continuar assim, provavelmente a quarta revolução industrial demorará algum tempo a chegar a este país.
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