Artigo no Alerta
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Por H. James
Kutscka
Como acontece já a mais de quatro
bilhões de anos e meio, nosso planeta essa semana completará mais uma volta ao
Sol e o fato será mais uma vez comemorado com muito espumante, fogos e
celebrações à vida ao redor do mundo.
No que me cabe dessa festa, estarei
retirado ao campo, usufruindo da calma do verde e do ar puro.
Quanto ao Sol, nestes dias de final
de ciclo, me relaciono intimamente através do toque de seus raios que viajam
milhões de quilômetros para o encontro.
Mesmo de olhos fechados na
espreguiçadeira à beira da piscina onde travo meu dialogo silencioso com o
universo, posso notar que a intervalos regulares, nuvens atabalhoadas e
inconsequentes me distraem se interpondo entre mim e o eixo do ponteiro do
relógio que rege nossa existência, interrompendo a conexão criada entre seus
raios e minha pele, desfazendo a simbiose.
Uma saudade de todos que já se foram,
incongruente com o privilégio de ainda estar por aqui desfrutando desse diálogo
esotérico com os elementos, ameaça ensombrecer o momento, de convivência com o
intangível apartando-me dos personagens de meus livros e da criação de meus
artigos semanais, como este.
A algaravia das cigarras, vida
estridente que me cerca, é sinal inequívoco de que chegou o verão, trazendo
preguiça criativa, lassidão e sensualidade, tudo parte do pacote da estação,
vantagens da existência neste plano.
Aqui no hemisfério sul, o ano sempre
acaba em seu momento mais alegre, embora haja tanta tristeza esquecida nestes
dias.
A séculos entra e sai ano sem
novidades nessa que já foi a Terra de Santa Cruz.
Nesse final de tarde, perdido em
pensamentos para esse último artigo do ano, me lembrei de um tango maravilhoso
do grande Astor Piazzola, que também faz parte deste fronte Atlântico, “Balada
para um Loco”, maravilhosamente interpretado por Amelita Baltar. Um trecho de
sua letra me veio à cabeça: “cuando anochece en su porteña soledad”.
Consigo entender essa solidão
portuária do louco da música, e continuando sem falar em política, nesse nosso
último encontro do ano, acreditando que o próximo será o primeiro de um novo e
mais justo país, me atrevo, como na letra do tango em questão, “repartir essa
ternura de locos que hay em mi”, com todos vocês.
E é só o começo.
Um comentário:
Há décadas a leitura de autores competentes ajuda a aprender o idioma.
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